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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Domingo da Paixão (Domingo de Ramos), 05.04.2009

Predigt zu Marcos 11:1-11, verfasst von Gottfried Brakemeier

 

Estimada comunidade!

Jesus está chegando a seu destino. Vindo da Galiléia encontra-se às portas de Jerusalém, capital da Judéia, hoje Israel. É ali que estava o templo de Deus, a sede das autoridades políticas e religiosas, o centro cultural do judaísmo. É verdade que ali se concentravam também os oponentes de Jesus, seus inimigos, aqueles que tratavam de lhe tirar a vida. Para Jesus, Jerusalém era uma cidade perigosa. Mesmo assim, ele não foge do desafio. Sente-se obrigado a trazer sua mensagem também no centro do poder e das sagradas tradições de seu povo. Quem tem um comunicado relevante para a sociedade, não pode desviar da capital. Jesus vai a Jerusalém, para também lá desincumbir-se de sua missão.

E ele o faz com as pretensões de um rei. É interessante notar que Jesus não entra na cidade às escondidas, como turista qualquer, como pessoa particular. Não, ele organiza uma espécie de procissão. Manda dois discípulos arranjar um jumento para nele montar. Quem conhece o Antigo Testamento vai lembrar-se imediatamente da passagem do profeta Zacarias que, no capítulo 9 versículo 9, escreveu: "Alegra-te muito, ó filha de Sião, exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento..." Conforme o profeta, será assim que o Messias chegará ao povo de Israel. A entrada de Jesus em Jerusalém tem a aparência de um evento messiânico, com cortejo e aclamação popular. Jesus é recebido como o Messias de Israel.

De fato, o povo se entusiasma. Jesus montado num jumento, bem assim como o profeta o havia anunciado, isto parecia ser sinal de novos tempos. Finalmente o curso da história iria mudar. O Messias iria intervir com braço forte e por fim à ocupação romana e à exploração econômica. O que há de ruim neste mundo iria desaparecer. A idéia do messias é contagiante. Ainda hoje ela nos faz sonhar com um mundo diferente daquele que aí está. As crises financeiras, ambientais, políticas; as injustiças sociais; a corrupção da classe influente; os escândalos do congresso; o fantasma do desemprego; a fome nas favelas; a violência; o crime organizado; enfim tudo o que nos angustia seria coisa do passado. Se pelo menos parte dessas expectativas se cumprisse, daríamos graças a Deus.

É o que o povo espera. Jesus está sendo saudado com as palavras: "Hosana!" O significado dessa palavra é "Por favor, ajuda!" e expressa o anseio por salvação definitiva do sofrimento neste mundo. Mas aqui é aclamação reverente. "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor". Assim o povo grita, muito em consonância com o Salmo 118, versículo 25. E ele se torna ainda mais explícito ao dizer: "Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas maiores alturas." Então está claro. O povo deposita em Jesus a esperança por uma radical transformação. Pensa na restituição do glorioso reino de Davi, num recomeço em liberdade e bem estar.

Faz pouco tempo que assistimos pela televisão à posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barak Obama. Foram impressionantes as ovações que recebeu, o otimismo que despertou, os aplausos de uma multidão deslumbrada. Obama, um novo Messias? A herança que ele assume é pesada. Consiste num terrível pacote de crises, cujo desfecho por ora ninguém conhece. O novo presidente bem o sabe. Sofre sob a carga de sua responsabilidade. Não obstante, ele inspira esperança. Um novo capítulo se abriu não só na história dos Estados Unidos como também na da comunidade internacional. Podemos comparar a posse da Casa Branca pelo primeiro presidente negro com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém?

Certamente há paralelos. Os anseios do povo, a festa com que é recebido o salvador, a devoção que se lhe tributa, isto é nada incomum. Hoje são reservados a altos dignitários o famoso tapete vermelho, uma banda militar e muitas flores. Existe todo um ritual para a recepção de pessoas importantes. Jogadores de futebol são levados em carreata pelas cidades, e as multidões lotam as ruas em homenagem a seus ídolos. Mas os paralelos com a entrada de Jesus em Jerusalém terminam por aí. Ele não é "ídolo", herói nacional nem cabe na categoria das pessoas VIP, ou seja, das pessoas consideradas importantes na sociedade. Jesus chama atenção pela humildade.

Já naquela época o símbolo da força e do poder era o cavalo, não o jumento. É verdade que o burro era por excelência o animal de carga e transporte na antiga Palestina. Mesmo assim, para exibir força teria sido recomendável o cavalo, tradicional animal de guerra e de combate. Ademais, Jesus monta num animal emprestado, que nem lhe pertence e que deve ser devolvido depois do uso. E em tapetes - nem pensar! Tudo parece muito improvisado. Em vez de uma sela os discípulos colocam suas capas no animal em que Jesus monta, e muitos dos que o acompanham fazem o mesmo: Estendem algumas roupas pelo caminho além de ramos que haviam cortado nos campos. A entrada de Jesus em Jerusalém é triunfal, sim, mas extremamente pobre.

E também o triunfo não iria demorar muito. Pouco tempo depois a multidão que agora o aclama com júbilo vai gritar: "Crucifica-o!" O entusiasmo evaporou. Ou seriam outros os que vão exigir a sua morte? Se assim é, onde estão os partidários de Jesus na hora em que mais precisa de seu apoio? Jesus vai morrer abandonado por todo o mundo. Então, seria a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém nada mais do que a história de um grande mal entendido? Pelo que tudo indica o povo esperava um outro Messias do que aquele que de fato veio. Jesus não corresponde às expectativas populares. O povo se enganou em Jesus. Decepcionou-se com ele. Esperava dele uma mudança de regime, um novo governo político, paz e justiça social. Será demais esperar isto de um Messias? Jesus frustra as esperanças do povo. Somente assim se explica a passagem do "Hosana" ao "Crucifica-o!". Será Jesus de fato o Messias? O povo vai dizer que "não".

A comunidade cristã vai dizer que "sim". Descobre a messianidade de Jesus justamente em sua humildade. Está aí a diferença deste rei com relação a Herodes, César Augusto e muitos outros reis em passado e presente. Jesus não veio para simplesmente trocar de governo. Tais trocas podem melhorar alguma coisa, sem dúvida. É isto o que a oposição sempre promete. Tão logo conquistar o poder vai proceder a reformas. Vai acabar com abusos e introduzir melhoras, seja na educação, seja na saúde ou em outros setores. As campanhas eleitorais disputam as melhores propostas para a sociedade. Os partidos prometem fazer tudo melhor do que seus rivais, pedindo por isto o voto do cidadão e da cidadã. Não, nós não vamos negar que mudança de governo seja útil e necessário. Um bom governo ou um governo ruim, isto faz alguma diferença. No entanto, seria estúpido esperar de governo humano o paraíso na terra. Toda autoridade política se defronta com limites e deve combater vícios. Em estado democrático o povo é chamado a controlar seus governantes.

Não, Jesus não veio para substituir um governo corrupto por outro talvez um pouco mais justo. Se tivesse sido esta a sua pretensão, deveria ter fundado um partido e desenvolvido um programa de governo. É o que ele não fez. De acordo com a história da tentação, descrita pelos evangelistas Mateus e Lucas, Jesus rejeitou o poder político como um meio de sua missão. Jesus se nega a adorar o poder que Satanás lhe oferece. Mas é justamente o poder político o que o povo dele espera ao gritar o "Hosana"! Daí a frustração que vai acabar no "Crucifica-o!".

Será Jesus um rei? Sim, mas não do jeito como o são os outros reis. Ele não veio para implantar um outro governo. Seus objetivos são bem mais radicais. Ele veio para mudar as regras de jogo na política, na sociedade, na convivência humana. Vejamos a atual crise financeira que assola o mundo globalizado. Não adianta trocar alguns figurões no comando do poder. A economia de livre mercado necessita não de novos agentes, e, sim, de novas regras de jogo. A questão do pessoal é secundária. E é isto o que vemos em Jesus. Ele quer humildade em lugar de exibição de glória e poder. Ele quer misericórdia em lugar de brutalidade. Ele quer que um novo espírito tome conta das pessoas que dá a glória a Deus e promove a paz na terra. Para muitos, isto pareceu pouco. E, todavia, é exatamente isto o que daria início ao reino Deus, se fosse respeitado. Portanto, continua válido para nós, cristãos e cristãs, a saudação deste texto que diz: "Bendito o que vem em nome do Senhor!"

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasilien
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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