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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

9° Domingo após Pentecostes , 25.07.2010

Predigt zu Marcos 10:35-45, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

Nós, no Brasil, estamos em plena campanha eleitoral. No mês de outubro o povo será convocado às urnas para eleger um novo governo. O direito ao voto é uma conquista democrática. Permite ao cidadão e à cidadã a participação na condução dos destinos do País e a expressar a sua vontade política. É um meio para controlar os órgãos governamentais e de exigir-lhes responsabilidade. Por isto mesmo ninguém deveria abrir mão desse direito. Queremos, isto sim, eleições "limpas", sem fraude e sem violência, de acordo com as regras estabelecidas. Sabemos que a tentação para a manipulação de eleições é grande. A prática da compra e venda do voto não foi de todo eliminada, lamentavelmente. Poder e dinheiro estão em jogo. Mesmo assim a campanha deveria respeitar os princípios da ética, abster-se da difamação do oponente e, não excluir a possibilidade de uma derrota. A obstinação de segurar o poder a qualquer custo é tão pouco democrática quanto a vontade de por todos os meios conquistá-lo.

No tempo de Jesus ainda não havia eleições. No império romano regime democrático era desconhecido. As estruturas políticas eram autoritárias, hierárquicas, construídas de cima para baixo. É o que favorecia a barganha com os favores dos poderosos na tentativa de obter algum privilégio pessoal. O monarca Herodes, por exemplo, esse que se tornou afamado pelo assassinato dos recém-nascidos em Belém, conseguiu reinar somente graças à permissão de César em Roma. Então, tudo dependia de amigos na classe dos influentes. É claro que em tal ambiente também floria a conspiração, o jogo sujo, o cinismo dos espertos. Tudo com o objetivo de participar do poder. É este o mundo de Jesus. Ele o caracteriza assim: "Sabeis que os que são considerados governadores dos povos, têm-nos sob o seu domínio, e sobre seus maiorais exercem autoridade." Então, felizes os que tem poder.

Assim também pensam Tiago e João, dois discípulos de Jesus que pertencem ao grupo mais achegado dos "doze". Eles se aproximam de seu mestre e com muita astúcia introduzem o pedido que vão fazer. "Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir." Eles querem que Jesus diga "sim" antes de conhecer a intenção dos dois. Pois bem, o pedido é nada modesto. Eles querem que Jesus lhes reserve a função de ministros no reino que ele vai estabelecer em Israel. Querem ter garantidos os lugares à direita e à esquerda de Jesus no reino messiânico a ser implantado em breve. Trata-se de um caso típico de barganha política. É esta uma prática muito comum também depois do advento da democracia. Pois também autoridades eleitas possuem poder e podem negociar seus favores. Pelo que tudo indica a disputa de cargos e privilégios faz parte do jogo político, assim como as coalizões de partidos com os respectivos "preços" que tem.

E Jesus? Como reage? Ora, em primeiro lugar ele deve esclarecer que Tiago e João se enganam quando imaginam o reino de Deus em analogia a um reino humano. Jesus não veio para fundar um novo Estado, não veio para substituir Herodes, Pilatos, Caifás ou César em Roma. O reino de Deus vai caracterizar-se não por um novo modelo de governo, e, sim, por uma nova mentalidade. Não adianta fazer reformas estruturais, baixar novas leis, implantar um novo regime, se o coração das pessoas continua o mesmo. Já o profeta Jeremias sonhava com um novo coração que Deus daria a seu povo. E é isto o que Jesus pretende. Ele quer transformar corações, modos de pensar e de agir. E, com efeito, o que urge é exatamente isto, a saber, a renovação da mente, da cabeça, da vontade. É assim que o reino de Deus se concretiza. Ele se faz quando Deus concede um novo espírito, o espírito da justiça, da misericórdia, da paz. Tiago e João confundem o reino de Jesus com um reino humano.

E eles buscam a vantagem própria. É isto o que escandaliza em segundo lugar. Os seus próprios companheiros ficam indignados. Eles se vêem preteridos, passados para trás, feitos palhaços. Na barganha pelos lugares de honra, pelos primeiros lugares sempre haverá os últimos. Tiago e João desconhecem o que significa ser "ministro" no reino de Jesus. Eles pensam em termos de dominação, de usufruto das benesses que o poder proporciona, em lucros para si mesmos. Até mesmo estão dispostos a sacrificar algo para alcançar o objetivo. Jesus pergunta se estão prontos a beber o cálice que ele bebe e a receber o batismo com que ele será batizado. Trata-se de uma clara alusão a seu martírio. E Tiago e João respondem imediatamente "sim". Provavelmente eles nem entenderam a que Jesus estava se referindo.

Assim ou assim, tal pensamento oportunista, egocêntrico, aproveitador é incompatível com a missão de Jesus. Jesus veio não para dominar, veio para servir, e isto ao ponto de dar sua vida em favor de muitos, respectivamente de toda a humanidade. Então, quem almeja grandeza apreenda a servir. Quem quiser ser o primeiro entre vós, seja este o servo de todos. Tais palavras significam uma inversão de valores. Jesus não critica o poder como tal. Ele não despreza quem procura conquistá-lo. Mas ele quer um poder que esteja a serviço não da promoção de si próprio, de vantagens e lucros pessoais, de dinheiro e riqueza, e, sim, do bem comum, da causa pública, da "salvação" da humanidade. É desse espírito que a nossa sociedade, sim o mundo todo necessita, e isto com a máxima urgência.

Cargos públicos não estão aí para o proveito pessoal. O poder é abusado quando serve para a auto-projeção, para a satisfação do próprio "ego", para o enriquecimento rápido, para a dominação em cima de outros. Oxalá algo deste espírito de Jesus tome conta de nossos governantes, das autoridades, do povo brasileiro. É o espírito da diaconia que se sabe comprometido com o próximo. Então o exercício de cargos muda de aspecto. Aliás, algo relevante não só na política, como também na igreja, na escola, na indústria, no setor financeiro, sim, em todas as áreas da sociedade. Poder, dons, competências, funções de responsabilidade não são chances de ascensão pessoal, e sim de servir ao corpo em seu todo. Ilustra-o muito bem a figura do corpo e de seus membros, usada pelo apóstolo Paulo. Se os membros pensam como pensaram Tiago e João, o corpo adoece. Membros estão aí para servir à saúde do corpo e não só a seu próprio bem. Neste ano eleitoral a comunidade cristã deve este alerta não só, mas com especial pertinência aos candidatos e às candidatas de cargos públicos.

A comunidade luterana tem ainda outra lembrança a manifestar. Hoje no dia 25 de julho há exatos 186 anos aportaram os primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo. É verdade que houve grupos que já vieram antes. Mas a data é comemorativa desta vinda. A maioria destes imigrantes era evangélica, dando origem ao nascimento de uma igreja evangélico-luterana no Brasil. Estão aí as raízes da IECLB. Seria impróprio ignorar este evento tão importante. Pelo contrário, cabe agradecer pelo fato de a fé cristã em sua variante luterana ter conseguido radicar-se neste chão. A confissão que os imigrantes trouxeram em sua bagagem nos é compromisso até hoje.

As levas de imigrantes certamente não vieram para aqui servir. Fugiram da pobreza na Europa. Queriam antes sobreviver e estavam em busca uma nova pátria que lhes proporcionasse condições dignas de vida. Sabemos que os inícios foram duros. Os imigrantes enfrentaram sérias dificuldades. Não poucos pagaram a construção de uma nova existência com a sua vida. Mesmo assim cabe reconhecer que também eles e elas, justamente na precariedade das condições, serviram a este país. Além do pão de cada dia para si próprios, eles o produziram para outros. Seria injusto não reconhecer a grande contribuição que deram ao desenvolvimento social e econômico de diversas regiões do Brasil. Enfim, trouxeram juntos consigo a Bíblia, na qual consta também o texto que refletimos hoje. Ela sempre de novo motivou as comunidades a olharem para além de suas fronteiras, despertando e reforçando o espírito diaconal em seus membros e na sociedade. Rogo a Deus queira preservar este espírito e fortalecê-lo para que o povo seja socorrido em suas necessidades e aprenda a louvar a Deus.

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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