SEGUINDO A CRISTO DO JEITO QUE ELE GOSTA!
Na falta de alguma coisa, busca-se sempre uma compensação. Dessa maneira, pode-se disfarçar a carência. Para esconder a pele maltratada da face, usam-se cremes e bases. Para impor respeito, os pais se mascaram de bravos e até agridem.
Quando os argumentos são fracos, a voz se altera e se apela para a força. Quando se está em erro, prefere-se criticar a igreja, antes de, com humildade, corrigir-se a si mesmo.
No texto, Jesus propõe algo como um teste, para provar a sinceridade da fé e o alcance da vida cristã.
I - SEM O USO DE MÁSCARAS. A máscara da piedade: "Seguir-te-ei para onde quer que fores" (v.57).
"Quero ser da igreja. Sempre aprendi que é necessário ter-se uma religião". Religiosidade que ameniza a consciência, a qual reclama por alguma coisa que possa trazer segurança espiritual.
É a necessidade primeira de todo ser humano, e ela precisa ser satisfeita. Qualquer coisa serve. Não há muito critério. Não há consciência dos fatos.
A máscara da ostentação religiosa: "Permite-me ir sepultar meu pai" (v. 59).
Sinais da cruz, feitos ostensivamente para que todos vejam. A construção de um importante templo. Exibição de rituais que são mera formalidade e, finalmente, após a morte, ser depositado num túmulo luxuoso, numa cerimônia acompanhada por muita gente. Esse parece ser o perfil do homem que foi convidado por Jesus para segui-lo (v.59).
A máscara do cumpridor dos deveres: "Senhor, deixa-me primeiro despedir-me dos de casa" (v. 61).
O apego às coisas terrenas é tão grande, que não é possível colocá-las num segundo ou terceiro plano.
O trabalho, os cuidados do lar, as horas de lazer, as viagens, a agenda cheia de compromissos. É tanta coisa que não sobra tempo. Fica a promessa: "Olha, hoje não dá, mas da próxima vez eu vou!"
Também nós precisamos tomar cuidado com as máscaras.
II - ADORANDO E SERVINDO A DEUS SINCERAMENTE, mesmo que isto represente um escândalo para a razão.
O primeiro candidato a seguir Cristo demonstra um temperamento idealista, porém superficial. Sua decisão carecia de maior profundidade. Não havia calculado o custo. Tudo parecia tão maravilhoso, tão mágico.
O alerta de Jesus (v.58) está a dizer: "Nada de idealismo, mas sobriedade e realismo sadio". O mestre vivia em simplicidade. O mundo se escandaliza com coisas assim. A razão humana não vê justificativa, para alguém deixar tudo e seguir um líder como Jesus.
Seguir a Jesus também significa sinceramente adotar a "estúpida" mensagem da cruz (1 Co 1.18ss), vivê-la e anunciá-la ao mundo.
Quando Jesus afirma: "Conheço as minhas ovelhas, e elas conhecem a mim, e dou a minha vida pelas ovelhas" (Jo 10.14-15). Ele fala da estreita relação existente entre ele e os seus seguidores.
É uma relação íntima e profunda. Jesus não estava discriminando o homem que o queria seguir, ele apenas queria levá-lo à sobriedade e a seriedade de sua decisão.
Por ocasião do nosso Batismo, o desejo de seguir a Cristo foi operado pelo Espírito Santo em nossos corações. Na Confirmação, houve uma renovação dessa decisão. Os meios da graça firmam a decisão.
A verdadeira fé não se solidifica na hora da empolgação e emoção, mas em meio ao silêncio, da reflexão e do sincero estudo da Palavra e comunhão com Deus.
É hora de testarmos a nossa fé. Seguiremos Jesus mesmo em meio à dificuldades, provações, pobreza e sacrifícios? Jesus alerta em Lc 12.15: "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui".
Coisas mais importantes devem ser feitas primeiro: Jesus toma a iniciativa de outro diálogo. Possivelmente um jovem, a quem disse: "Segue-me".
Seguiria a Jesus, mas havia um problema. Precisava sepultar seu pai, recém falecido (v.59). Jesus, em sua resposta, procurou mostrar-lhe que a primeira coisa que tinha que fazer, e a mais importante, era "ir e pregar o Reino de Deus".
Enquanto para os homens o sepultamento de um ente querido é um sagrado dever, Deus tem outros conceitos de valor, que ele recomenda aos seus (Lc 14.15-24: ler).
Existem almas sob o poder de Satanás, na maior incredulidade, rumando à eterna condenação. Jesus deseja livrá-las do poder satânico. Sua vinda a este mundo tinha este propósito. Os seus precisam se envolver nessa missão.
Qualquer pessoa poderia sepultar um morto, até um espiritualmente morto. Mas pregar a salvação de Cristo, somente um discípulo seu pode fazer.
Rompendo com a vida do passado: Uma terceira pessoa quer se agregar aos seguidores de Jesus (v.61), mas havia uma condição: Queria primeiro fazer uma despedida dos familiares e amigos. Ou queria apenas rever suas velhas paixões. Só mais uma vez. E depois seguiria a Cristo!
Jesus declara (v.62) que, para ser um seguidor, teria que romper com a vida anterior. Os apelos poderiam ser tantos, que ele seria tentado a desistir do seu propósito. Fp 3.14: "Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus", declara o Apóstolo. Não é possível retroceder.
Somente o próprio Deus pode habilitar e motivar verdadeiramente para enfrentar o desafio. Ele o faz através do seu ensino. Na comunhão com ele por meio da Palavra e dos Sacramentos.
Aqui está a chave: seguir a Cristo como ele gosta! É estar em comunhão constante com ele. Constante e íntima. Íntima e verdadeira.
Quem segue assim a Jesus será apto a servir ao próximo, que necessita de sua ajuda espiritual e material.
Esse serviço será um culto de adoração ao Senhor Deus. Culto de um filho de Deus que, pela fé em Cristo Jesus, é livre para servir e viver a sua fé. Unido, motivado e guiado pelo amor do Pai, mediante a fé em Cristo Jesus. Amém.