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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Domingo de Ramos, 01.04.2012

Predigt zu João 12:12-16, verfasst von Vânia Moreira Klen

 

Queridas irmãs e irmãos em Cristo!

Nem sempre é fácil compreender o momento presente em que vivemos. Hoje em dia, por causa da "inflação" de informações que recebemos pelos veículos da mídia, é nos difícil tomar decisões. Parece algo anacrônico? Ou seja: quanto mais sabemos, mais dificuldades temos de entender o mundo em que vivemos? O conhecimento é algo maravilhoso para o ser humano: pode salvar vidas, evitar guerras, consolar em situações extremas de desespero. Porém, o que fazemos com esse conhecimento e como o utilizamos, é isso o que determina se estamos devidamente preparadas para questionar esse volume de informações e utilizá-las para o bem. Analisar a conjuntura atual, seja pessoal ou social, requer discernimento, capacidade de distanciamento dos fatos, conhecimento histórico, tempo e sabedoria - não apenas informação.

Na época de Jesus não foi muito diferente. As pessoas tiveram dificuldades em entender a mensagem e a ação de Jesus. O Evangelista mesmo registra no versículo 16: Naquela ocasião os discípulos não entenderam isso. (...) Muito tempo depois, quando a comunidade ouviu o testemunho dos evangelistas e pregadores, é que ela conseguiu analisar os fatos e testemunhar então que Jesus era mais do que um milagreiro poderoso ou um homem abençoado por Deus. Nele se cumpriram as promessas de salvação e restauração não só da humanidade, como de toda a criação e do Universo conforme as Escrituras Sagradas o haviam registrado. O Evangelho de João quer nos ajudar a criar uma atmosfera de reflexão sobre os fatos vivenciados por Jesus, para que possamos abraçar a fé, não de maneira cega ou rasa, mas de forma substancial e comprometida.

O texto que lemos hoje é conhecido por um título imponente: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. E, com ela, a comunidade cristã inicia sua reflexão mais profunda de fé: Cruz e ressurreição; morte e vida. A que triunfo se referem esses acontecimentos? Muitos dos que ali estavam haviam presenciado ou ouvido falar de um milagre estrondoso: a ressurreição de Lázaro. Milagre este que mostrava o domínio de Jesus, como Filho de Deus, sobre a morte e a vida. Com tal poder certamente caberia a ele desafiar as altas autoridades religiosas de Israel a respeito da sua conduta no Templo, da sua aliança com o império Romano, de suas tributações e leis e da vivência miserável de boa parte da população.

O povo se anima a tal ponto de, ao saber que Jesus estava se aproximando de Jerusalém, demonstrar suas expectativas recebendo-o como uma alta autoridade: as pessoas estendem seus mantos, colhem ramos de palmeiras e exaltam-no triunfalmente como Rei de Israel. Certamente ele iria desafiar as autoridades em plena festa de Páscoa! Jesus, porém, monta um jumento, e não há referência a nenhum pronunciamento seu diante daquele alarde. Foi necessária muita reflexão posterior, de anos, para que a comunidade ligasse esse fato às Escrituras Sagradas e entendesse os propósitos de Deus não somente para aquele momento, mas para o futuro de toda criação.

Reflexão é algo essencial para a vida de fé, bem como para o entendimento das Escrituras Sagradas. É muito tranqüilizador e motivador ouvir falar do poder de Deus, dos milagres, dos feitos maravilhosos, da transformação de vida, de que todos nossos males podem ser aliviados através da fé. Porém equivoca-se quem acha que o triunfo de Deus está nas coisas imediatas, na superação das crises pessoais, econômicas ou até mesmo sociais. É mais do que isso. Nós vemos em parte, como nos diz o Apóstolo Paulo. Não podemos maquiar os propósitos de Deus com triunfos e sucessos meramente esperados por nossa condição e culturas humanas. O sucesso de Cristo é a cruz, este é o triunfo. Será que, como comunidade cristã, nós compreendemos isto hoje? Refletimos sobre este mistério em nosso mundo de informações desencontradas, inclusive informações desencontradas a respeito do poder de Deus? O confronto de Jesus com os poderes públicos, com a doença e miséria da população, com a morte, tem um propósito muito maior e é mistério para nós. Por isso a cruz é mais do que a superação das nossas dores humanas e do nosso medo da morte.

Jesus aclamado triunfalmente vem montado num jumentinho. A soberba do poder que desejavam que Ele assumisse em Jerusalém engana, mascara, dissimula, mata, oprime, cria governos totalitários, capitalismo selvagem, desclassifica a imagem e semelhança de Deus no ser humano. O jumentinho no meio da população recoloca a origem da humildade, da solidariedade e da missão de Cristo. E hoje deve nos ajudar a refletir sobre o imediatismo, os modismos e as injustiças que estimulamos por causa da nossa falta de reflexão. Enquanto Igreja Cristã, iniciamos diretamente a memória do caminho de Jesus até Jerusalém.

Domingo de Ramos celebra não o triunfo, mas o início da via dolorosa que levará Jesus até a cruz. Estamos sendo desafiadas à reflexão comunitária e a buscar compreensão para nossa fé. Se nos esquivarmos disso, podemos até ter muitas informações a respeito de Deus, de Jesus. Basta buscá-las no Google ou em qualquer canal de TV. Mas fica-nos faltando a reflexão comunitária para a qual o Evangelho de João nos chama. Que esta imagem, de Jesus montado em um jumentinho, nos ajude a nos recolocar em oração, em estudo e em diaconia para que possamos viver nossa fé de forma sóbria, determinada e fazermos da Semana Santa, muito mais que um feriado para descanso de nossa rotina, mas um momento de memória e reflexão sobre o significado da cruz de Cristo em nossas vidas.

Amém!



Pa. Vânia Moreira Klen
Alto Feliz, RS, Brasil
E-Mail: vmklen@ibest.com.br

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