Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

5º Domingo após Pentecostes, 01.07.2012

Predigt zu Marcos 5:21-24, 35-43, verfasst von Siegmund Berger

 

Estimadas irmãs, estimados irmãos.

Vocês já perceberam que tem momentos na vida em que a fé parece ser mais forte? É justamente quando estamos numa profunda dependência de algo que vai além de nossa capacidade, ali recorremos a Deus e parece que a fé se torna mais forte. Um exemplo disso é a doença. Quando somos acometidos por ela, parece ser o momento de nos lembrarmos de pedir a Deus por ajuda. Mas não é somente a doença física, a psíquica também.

Se assistirmos a alguns canais de televisão, principalmente de madrugada, quando as pessoas acordam com insônia e nesses momentos vêm os piores pensamentos, é justamente nestes horários que são exibidas um grande número de pessoas que supostamente foram curadas. Como consequência promove-se o exibicionismo delas. São curas das coisas mais corriqueiras a exemplo de dores de cabeça, dores lombares ou qualquer outro tipo de dor.

Pois é, a dor nos aproxima do além eu. Ela nos leva a atitudes que vão além do nosso raciocínio lógico. Nos leva a arriscar, a sair do nosso chão.

Diferente não foi com Jairo. Vamos ouvir essa história bíblica: (LER TEXTO).

Jairo era um líder religioso. Provavelmente não era um pregador, mas uma pessoa que comandava outras pessoas na Sinagoga, talvez fosse alguém que cuidasse das finanças e que tinha outras pessoas sob seu comando. Ocupava uma posição de destaque, era visível.

Ignorando tudo isso, colocando sua reputação em jogo, diante da possibilidade de perder uma filha de 12 anos, ele arrisca tudo. Vai até Jesus, do qual havia ouvido falar que fazia milagres. Atira-se a seus pés, numa atitude de desespero e pede ajuda. Jesus, por sua vez, mesmo tendo o poder de curar à distância, acompanha aquele homem, mostrando compaixão, interesse e sensibilidade diante daquele sofrimento. O mesmo também demonstrou para com a mulher que tinha hemorragia, antes de se dirigir à casa de Jairo.

Momentos após o pedido de Jairo, mensageiros da casa deste chegaram e, numa expressão de que não havia mais nada a fazer, disseram que a menina havia falecido. Ainda ressaltam que já não havia necessidade de incomodar o Mestre. Ou seja, tudo havia terminado inclusive a esperança. Na concepção deles, a morte era o fim de tudo e ninguém teria a capacidade de ainda fazer alguma coisa. Jesus, porém, vendo a reação de Jairo, exorta à confiança mesmo diante da realidade de morte. Diz: Não tenha medo, tenha fé. Ou seja, a fé pode vencer obstáculos.

Jesus continua a caminho da casa de Jairo. No entanto, ele não vai sozinho. Convida três discípulos para acompanhá-lo. Por que será? O texto não fala, mas poderíamos quem sabe arriscar duas coisas: Jesus era muito pedagógico nas ações e falas. Então poderia ser um momento importante para mostrar aos discípulos sua pedagogia diante do sofrimento humano e a sensibilidade divina diante de situações inconcebíveis aos olhares humanos. A segunda suposição seria a de ser acompanhado por quem tem fé. Por alguém que acredita nele de fato, além de Jairo, porque os mensageiros já tinham dito que nada mais adiantava. Ele poderia querer a companhia de alguém solidário na dor, mas carregando dentro de si a esperança de que a dor pode ser vencida.

Quando Jesus chega à casa de Jairo, encontra muito lamento e pessoas chorando. Claro nesse meio estava o restante da família de Jairo que também lamentava a morte da menina. Quem não cairia em prantos diante dessa situação familiar? Era uma menina, com a vida toda pela frente.

Diante desse desespero, com muita ostentação, Jesus pede que saiam. Ele não quer a presença dos que não tem esperança. Ele diz que a menina apenas está dormindo e as pessoas que ele manda retirar-se riem daquela situação. Elas zombam de Jesus, porque para elas, a morte é muito mais do que apenas um tempo de sono. É o fim último de tudo.

Jesus então prefere ficar com os discípulos, o pai e a mãe da menina no quarto. Nesse momento ele pega a menina pela mão. Essa atitude, diante das leis judaicas, torna-o impuro e uma pessoa impura é privada de muitas coisas na sua vida, inclusive a de frequentar lugares especiais e de se aproximar de outras pessoas. Mas Jesus mostra que quer resgatar o ser humano do estado de impureza. Mostra com isso que é a sociedade que transforma as pessoas na condição de impuras e Deus as resgata indo ali onde elas estão. É Ele que vai ao encontro. Desce até a impureza e promove o resgate para a vida.

Após isso, a menina se levanta e caminha, causando admiração aos que lá estavam, porque isso vai além do que a inteligência humana pode entender. Jesus então pede que tragam água e comida para ela. Isso nos faz entender que Jesus se preocupa com as necessidades básicas do ser humano. E por fim, pede que não se comente com ninguém o que foi visto.

Nessa história percebemos algumas coisas muito importantes para nossa vida. Primeiro: Assim como Jairo, não importa quem somos. Podemos nos dirigir a Jesus e colocar diante dele nosso sofrimento. E ele consequentemente nos ouve, quer ajudar. Jesus não escolhe as pessoas às quais quer ajudar. Quer ajudar a todos indistintamente.

Segundo: Se nós depararmos com uma situação idêntica à de Jairo, o que fazer? Será que por meio de nossa fé podemos acreditar que a pessoa falecida ressuscitará? Também para nós, nessa situação vale a palavra de Jesus: Não tenham medo, tenham fé. A morte é vencida de qualquer forma, é apenas uma questão de tempo. O que precisamos é ter a certeza de que somos unidos com Cristo por nossa fé. E ela não permite a desesperança. Ela não permite a desconfiança. É ela que nos impulsiona a nos jogar aos pés do Senhor e colocar diante dele o nosso sofrimento.

Terceiro: Jesus convoca alguns discípulos que tem fé, que acreditam nele para acompanhá-lo. Eles também têm o papel de serem solidários na dor de Jairo. Isso é muito importante. Sugiro que façamos uma experiência. Vamos pegar meia colher de sopa de sal, um copo com água e uma bacia com um litro de água. Se colocarmos aquela meia colher de sal na boca, vai ser muito ruim ao ingerir. Se colocarmos essa mesma quantia de sal no copo de água, já será possível tomar, mesmo que ainda tenha um gosto forte de sal. Se, porém colocarmos a meia colher de sal dentro do litro de água, podemos tomá-la e a diferença no sabor será bem menor.

O exemplo serve para ilustrar a dor. Se estivermos sós diante da dor, ela é muito forte, quase que irresistível. Se a compartilhamos com algumas pessoas solidárias, a dor se torna menor. Se a compartilharmos com ainda mais pessoas solidárias, a dor será ainda menor.

Esse é o papel da comunidade cristã: testemunhar o Cristo que compartilha a dor, que a absorve, desce lá onde ela está e faz o resgate. Portanto, como Comunidade precisamos nos solidarizar com os sofridos. Mas é muito importante exercer esse papel de Cristo, o de descer até lá onde a dor se encontra. Vale lembrar que nem sempre a dor é física. Ela pode ser psíquica, pode ser dor de rejeição social, pode ser de discriminação. Ser discípulo de Cristo significa descer até o mais profundo ponto da dor e ali mostrar a presença da oportunidade de vida, de vida sem dor.

Vocês se lembram que começamos esta reflexão fazendo duas constatações? Primeira: A fé é maior quando algum tipo de dor extrapola nossas próprias forças e a segunda que nos sentimos admirados com pessoas supostamente curadas conforme dizem em celebrações apresentadas em canais de televisão.

Pois então, a fé é maior num momento exato, depois vai diminuindo. Vamos imaginar um trem de ferro que passa por uma cidade. Ele sempre apita quando está próximo de uma rodovia. As pessoas que chegam naquele lugar para residir, num primeiro momento ficam irritadas com o barulho, mas depois vão se acostumando a tal ponto que depois nem mais percebem a presença do trem e muito menos de seu apito. A fé é assim também. É forte quando somos acometidos por algo que vai além de nossas forças, depois lentamente a gente vai se acostumando e por fim, às vezes passa o dia inteiro sem ao menos se lembrar da presença de Deus.

Por isso, é muito importante não enfraquecer na fé. Se não enfraquecermos, podemos assistir a qualquer canal de televisão que apresente os piores falsos profetas já vistos, que não seremos abalados. E vamos entender que Jesus realizava curas e nunca teve a pretensão de realizar uma promoção pessoal em cima do sofrimento das pessoas. Pelo contrário, foi ao encontro do sofrimento, misturou-se a ele para promover o resgate.

Essa deve ser a nossa missão como comunidade cristã: Sermos solidários na dor. Para isso, precisamos nos despir da carcaça humana dominada pela falsa moral para podermos ser solidários com os que sofrem.

Não devemos correr o risco da hipocrisia, ou seja, o de falar do amor de Deus e viver na contramão desse amor. Estamos unidos com Ele por meio do seu sofrimento e por meio da sua ressurreição. Essa união deve nos animar a ir um pouco mais longe de nós mesmos. Ela deve nos ajudar a não deixar que nossa fé se torne fraca em determinados momentos, assim como também nos deve encorajar a sermos vigilantes constantemente, indo ao encontro dos que sofrem. Assim, por meio de nossa fé, seremos solidários.

Amém.



P. Siegmund Berger
Serra Pelada, ES, Brasil
E-Mail: adl.secretaria@uol.com.br

(zurück zum Seitenanfang)