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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

22. Domingo após Pentecostes, 28.10.2012

Predigt zu Hebreus 7:23-28, verfasst von Hércules Osvaldo Kehl

 

Estimada comunidade!

Os seres humanos necessitam de intermediários para sobreviver e especialmente para Viver. O nosso próprio nascimento se dá mediante a necessidade de intermediários.

No Brasil, estamos vivendo o momento pós-eleições. Com a abertura das urnas muitas surpresas aconteceram, traições foram reveladas, a comercialização de votos ficou mais uma vez evidente. Enquanto uns se frustram em suas esperanças, outros festejam suas vitórias. O desespero se abate sobre alguns, enquanto de outros a alegria toma conta. Junto a este momento democrático das eleições, acompanha-se o desenvolvimento do julgamento do "mensalão", um processo envolvendo 40 réus, em esquemas de corrupção e formação de quadrilha, com o uso de dinheiro público.

Diante de frustração, fracasso, crise econômica e política, descrédito religioso fica evidente que os intermediários nas questões humanas são passiveis de fracassos. Então, onde o ser humano encontra um auxilio real para as suas necessidades? Com quem ele realmente pode contar? Onde ele pode ser o que ele é e encontrar auxílio para se tornar o que deveria ser?

Na relação com Deus também se necessita de intermediários, será que também são imperfeitos, injustos, egoístas e passiveis de fracassar?

O Novo Testamento utiliza variados títulos para qualificar a função de Jesus Cristo como intermediário de Deus com as pessoas. Por exemplo: Jesus é o Justificador (Rm 3.26), ou, o Advogado (1Jo 2.1), ou, o Salvador (1Tm 2.3-6; 1 Jo 4.14ss), a Pedra Angular (At 4.11-12). Na carta aos Hebreus, Jesus é o Sumo Sacerdote.

Ouçamos Hebreus 7.23-28: (...)

O texto lido descreve o sacerdócio superior e incomparável de Cristo. Este pode salvar integralmente aquele que confia em sua mediação. A mensagem é dirigida a judaico-cristãos situados em ambiente helenista, familiarizados com o culto judaico, com suas instituições e costumes. Em sua memória ainda estavam presentes os serviços prestados no templo. Ao que tudo indica havia pessoas nesta comunidade que estavam abandonando a fé em Jesus Cristo e retornavam ao antigo culto. Razão pela qual Jesus foi apresentado como sumo sacerdote e comparado aos sacerdotes do culto judaico.

A carta é uma exortação à comunidade: "Rogo-vos ainda irmãos que suporteis a presente palavra de exortação"(Hb 13.22). Em Hebreus 10.25 é dito: "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns." Possivelmente tenhamos em Hb 5.12 uma exortação à liderança da comunidade: "Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido."

O propósito da carta é confortar e animar os resistentes na fé. Para que os fiéis sejam fortalecidos e animados diante das ameaças externas, dificuldades e sofrimentos (10.32-36;12.4), o autor procura desdobrar a importância da pessoa e obra de Jesus Cristo a partir do Antigo Testamento. Em nosso texto, a fé em Jesus é explicada pela comparação com elementos centrais do culto judaico, especialmente o sacerdote e suas funções.

Os argumentos em favor do sacerdócio de Jesus, em comparação com o sacerdócio judaico, são os seguintes:

  1. Os sacerdotes do culto judaico são em maior número e mortais. Jesus é sumo sacerdote para sempre, portanto, é imortal e único.

  2. Os sacerdotes deles não podem interceder para sempre. Jesus vive para sempre, por isso pode interceder eternamente e salvar quem por ele se achega a Deus.

  3. Os sacerdotes deles são pecadores, Jesus é "hosios" (devoto, piedoso, santo, que agrada a Deus); "akakos" (sem maldade, inocente, sem culpa); "amiantos" (puro, sem mácula); "kechorismenos apo ton hamartolon" (separado dos pecadores), mesmo sendo como nós (2.4) e tendo sido tentado como nós (4.15).

  4. Os sacerdotes deles precisam oferecer sacrifícios diários, pelos seus próprios pecados e pelos pecados do povo, enquanto o sacrifício de Jesus é único e por não ter pecados, não necessita de repetição.

  5. Aqueles devem oferecer sacrifícios de dádivas, enquanto Jesus ofereceu-se a si mesmo.

  6. Por fim, os sacerdotes deles foram constituídos pelas leis do Sinai. Isso aconteceu mediante pessoas sujeitas à fraqueza, enquanto Jesus foi constituído como Filho perfeito por meio de juramento divino.

 

Mediante as qualificações de Jesus como sumo sacerdote, superior aos demais, a comunidade é exortada a ficar firme na confiança, na mediação e intercessão perfeita de Jesus Cristo. Pois, Jesus é o sumo sacerdote inigualável. Ele representa a natureza humana diante de Deus e a natureza divina diante dos seres humanos. Ele intercede por nós para reconstituir em nós a imagem de Deus, desfigurada pelo pecado, e conduzir-nos de volta a Deus e a seus propósitos para conosco. Ilustremos isso refletindo sobre uma história do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard acerca de um bando de gansos de curral.

Todos os domingos, os gansos reuniam-se perto do cocho de comida. Um deles, um ganso pregador, subia com dificuldades numa cerca e falava a seus congêneres sobre as glórias do reino dos gansos. Recordava-lhes quão maravilhoso era ser ganso e não galinha ou pavão. Fazia-os ver que possuíam uma grande herança e falava-lhes das maravilhosas oportunidades que o futuro lhes oferecia.

Às vezes, enquanto pregava, um bando de gansos selvagens sobrevoava o curral. Dirigiam-se para o sul, ao mar Báltico, a mais de mil metros de altura, formando um V, rumo à França ensolarada. Sempre que isso acontecia, todos os gansos levantavam a vista, emocionados, e comentavam: "Assim é como somos realmente. Nosso destino não é passar toda a nossa vida neste curral malcheiroso. Nosso destino é voar". Mas logo desapareciam de sua vista os gansos selvagens e só se ouvia ainda o ressoar de seus grasnidos no horizonte. Então os gansos voltavam a contemplar as comodidades à sua volta, suspiravam e voltavam à lama e à sujeira do curral. Jamais voaram.

Fomos criados não para ficar no curral, mas para estender as asas e aprender a voar. Deus tem altos propósitos para conosco. A salvação, em seu sentido mais elevado, é o processo de converter-nos na pessoa que realmente somos na mente de Deus. É nesse sentido que nosso sumo sacerdote intercede por nós, até que sejamos plenamente transformados à sua imagem. Nesse intuito ele nos chama, ilumina e integra entre os do seu povo, para nos servir com o seu sacerdócio que chega até nós por meio da comunidade.

Uma comunidade ciente da sua fé, segundo o NT, é nação de sacerdotes. "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (1 Pe 2.9). Em outras passagens nós lemos; "e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai" (Ap 1.6); "e para o nosso Deus os constituíste reino, e sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Ap 5.10). Pois, pela fé e pelo batismo somos feitos sacerdotes. Daí a razão da confessionalidade evangélica luterana confessar o "Sacerdócio Geral de Todos os Crentes". Cristo é sacerdote, logo os cristãos o são também.

Sacerdote tem a função de apresentar o ser humano a Deus e representar Deus para as pessoas. O desempenho do sacerdócio pode criar conflitos, sofrimentos, desânimos e lutas. Por isso, o sacerdócio é cruz. Como suportar? Onde encontrar auxílio? Com quem realmente se pode contar?

Cristãos têm um só e único sacerdote, Cristo, que se sacrificou por e com todos nós (1Pe 3.18). O Evangelho e a Escritura apresentam a Cristo como sumo sacerdote que, uma vez por todas, pela única entrega de si mesmo, tirou o pecado de todos e consumou sua santificação em eternidade. Ele orou por nós e o faz em eternidade (Jo 17). Cada cristão consegue, em e por intermédio de Cristo, pedir e comparecer diante de Deus. Cristo é mediador e mestre de todos os cristãos. Ele próprio ensinou as pessoas a reconhecer a Deus e a ele. Mediante a sua comunhão conosco nos ensina a reconhecê-lo e nos fortalece na fé, revigorando-nos para o amor e ensino do próximo. Confiando nele, com uma fé pura, sem méritos e obras nossas, somos salvos.

Por meio da salvação que ele oferece, pessoas cristãs são incumbidas de tarefas pertinentes a salvação de outras. Por causa disso, enfrentam tentações, fracassos, frustrações, medos e inseguranças. Para que não busquem outros mediadores e deixem de se congregar, como alguns já o fazem, cada vez mais é preciso desempenhar o sacerdócio de Cristo. Como?

Ora, mediante o uso dos meios que ele dá. Isto me leva a concluir:

  1. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é o ensinar uns aos outros. Bendita a pessoa que não vive para si, mas para o seu próximo, servindo-o com o ensinar a fé.

  2. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é assumir as devidas conseqüências da participação da Ceia do Senhor, partilhando tudo o que temos e somos.

  3. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é assimilar o batismo, pessoal e comunitariamente, assumindo o morrer e ressurgir diariamente com Cristo.

  4. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é praticar a confissão sincera de pecados, em comunidade e no particular, para que a absolvição possa ser dada e recebida, por nós e para nós.

  5. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é praticar o sacrifício de si mesmo. O sacrifício acontece tão somente no sofrer, Cristo disse que temos de carregar a cruz (Mt 16.24). Não para obter o perdão dos pecados, mas como um exemplo de honra a Deus e consolo e fortalecimento do povo cristão.

  6. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é orar e interceder para que outros se tornem cristão e reconheçam Cristo como o único sumo sacerdote.

  7. Desempenhar o sacerdócio de Cristo é julgar as falsas doutrinas e mestres. Colocando em prática, aquilo que Cristo nosso sumo sacerdote diz: "acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7.15) e, também, "minhas ovelhas ouvem a minha voz, e não dão ouvidos a outros" (Jo 10.27)

 

Prezada comunidade, ao desempenharmos o sacerdócio fazemos jus a Jesus Cristo como sumo sacerdote, superior aos demais. Assim sua obra é exaltada. Desse modo, o sacerdócio de Cristo nos ensina aquela grande verdade que consiste no fato de o Cristianismo ser a "religião do acesso. Revela-se isto na exortação "aproximai-vos". "E tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincera coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança , sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiél" (Hb 10.21-23).

Amém.

 



Pastor Hércules Osvaldo Kehl
São Martinho, SC, Brasil
E-Mail: herculeskehl@yahoo.com.br

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