Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2º Domingo após Natal, 05.01.2014

Predigt zu João 1:10-18, verfasst von Gottfried Brakemeier


 

Prezada comunidade!

Depois da festa costumamos cair na real. É assim que se fala quando despertamos e voltamos a nos dar conta do cotidiano. Festa é tempo de exceção, de delírio e fantasia. Quando se festeja tudo é bonito, cheio de maravilhas e de gostosas emoções. Festa é alegria, é felicidade. Mas as festas acabam e temos que enfrentar de novo a realidade. Mudou alguma coiisa? Não adianta tentar fugir, a realidade é mais rápida, ela sempre de novo nos pega, sim, ela sempre de novo nos engole. Meus problemas continuam os mesmos, as circunstâncias também, sofremos sob os mesmos males de antes. Festejar é bom. Sem dúvida! Festas são como uma espécie de férias, de pausas, de intervalos que precisamos para descansar e para recarregar as baterias. Mas elas não solucionam absolutamente nada. Não é por festas que corrigimos os erros de nossa personalidade, de nossa sociedade e do nosso globo. Festas não curam nossas enfermidades.

Algo semelhante vale para a festa do "reveilon". O mundo saudou com festa a chegada de mais um novo ano. E nós festejamos juntos. Nós nos encantamos com os fogos de artifício, transmitidos pela televisão de cidades distantes ou assistidos ao vivo na vizinhança. E as pessoas expressaram eufóricas bons votos, com brindes de uns aos outros. Entrementes a festa passou e nós caimos na real. O ano de 2014, que vai trazer? Nós desconhecemos o futuro e nenhum prognóstico, nenhuma cartomante é capaz de nos revelar a sorte. Há razões para a gente se preocupar, sim, tanto em termos pessoais, quanto políticos e sociais. Não somos imunes a golpes e catástrofes, a violência nos assusta e o otimismo que sonha com um mundo cada vez melhor é fictício. Se vejo bem, prevalece muito medo na atual geração. São por demais negativas as notícias que nos chegam de todos os lados, inclusive de nosso país. São crises e mais crises. Eu não preciso detalhar. Os perigos que nos amedrontam são por demais óbvios. Então, qual vai ser o nosso futuro?

O sentimento de angústia é nada novo. Nossa Terra jamais tem sido um lugar seguro que garantisse de fato proteção aos habitantes. Vida humana sempre foi vida ameaçada. Isto vale também para o ano de 2014. Esperamos que ele nos brinde com belas surpresas, que ele nos dê motivos para a alegria e a gratidão. Mas ele pode também castigar-nos com desgraça e infortúnio. É bom não ignorar esta outra possibilidade. Assim como existem dias chuvosos, frios e sem sol na natureza, assim também no nosso dia-a-dia. Às vezes enfrentamos dificuldades. E se não forem demasiadas, elas podem ter efeito até benéfico. Ajudam a evitar a superficialidade, fazem a gente refletir e aumentam o grau de maturidade das pessoas. Pedimos neste início de ano que Deus nos dê forças para vencer os obstáculos no caminho e afugente o temor que nos pode assaltar diante de um futuro incerto e incógnito.

Para tanto nos ajuda o texto previsto para este domingo, o primeiro domingo no mês de janeiro. Ele começa assim: "A Palavra estava no mundo e por meio dela Deus fez o mundo..." Não se trata de palavra qualquer. O evangelista João se refere à palavra de Deus que em Jesus Cristo se encarnou. O que Deus tem a dizer ao mundo, isto se "materializou" naquele menino que nasceu em Belém. Jesus Cristo é a palavra de Deus que veio ao mundo na forma de um ser humano. É este o milagre do Natal, a saber que Deus chegou próximo de sua criatura e se tornou palpável em alguém tão humilde como esta criança. Mais tarde Jesus seria um poderoso pregador que iria impressionar as multidões. Da mesma forma ele iria provocar feroz oposição e ser pregado na cruz. Em toda esta biografia Deus iria se comunicar com o mundo assim como jamais o fez antes e depois. É este o testemunho da comunidade cristã. O evangelista João o diz da seguinte forma: "A Palavra de Deus se tornou um ser humano e morou entre nós..." Esta é a novidade que deu origem à igreja cristã e revolucionou o mundo.

Mesmo assim, o mundo jamais esteve abandonado. No Natal nós celebramos a encarnação (!) da Palavra, mas não o nascimento (!) da Palavra. Esta é muito anterior ao Natal. Deus falou também através dos profetas. Sim, ele tem inúmeras maneiras de se comunicar com as pessoas e seu povo. Até mesmo as maravilhas da natureza podem servir-lhe para estabelecer contato. O que é novo em Jesus Cristo é que ele é a palavra de Deus em proximidade humana, em revelação direta, em comunicação imediata. Jamais a palavra de Deus esteve tão próxima do ser humano como em Jesus. Deus fala conosco de pessoa a pessoa, através da boca e dos gestos de Jesus. Por ele se manifestou em termos definitivos. Aqui não temos uma (!) palavra de Deus, aqui temos a (!) palavra de Deus. O texto de nossa prédica termina: "Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, nos mostrou quemn é Deus."

Mas, eu o repito, já antes de Jesus a palavra estava no mundo. Ela esteve junto inclusive na criação. E Deus disse: Haja luz, e houve luz (Gn 1.3). Todas as coisas vieram a ser mediante a ordem de Deus, portanto, através da sua palavra. Também mais tarde esta palavra sempre de novo deu provas de sua criatividade. Libertou o povo de Israel do Egito e o orientou em sua caminhada pelo deserto. Fez conhecer ao povo a sua vontade através do mandamento. Jamais o mundo estava sem a palavra divina. A palavra de Deus fez maravilhas. E, todavia, tudo isto não foi suficiente. O texto da prédica constata uma desgraça. A palavra de Deus veio para o que lhe pertence, para seu país, sua gente, sua criação. Mas as pessoas não o receberam. Esta é a tragédia. A palavra de Deus foi rejeitada. Aliás, alguns poucos a receberam, sim. Mas a grande massa, não! Jesus Cristo nasceu em Belém para que também os mais resistentes se convençam ser necessário dar atenção a Deus. Será que a palavra de Deus terá maior sucesso dessa vez?

"No mundo vocês vão sofrer..." ou em outra tradução: "No mundo passais por aflição..." É o que o evangelista vai constatar alguns capítulos depois (Jo 16.33). Nós também poderíamos dizer: "No mundo vocês passam por momentos de medo, de dificuldades, de dor." Também no ano de 2014 isto não será diferente. E, no entanto, desde o Natal não mais há motivo realmente convincente para o desespero. A estrela que conduziu os magos, vai acompanhar também a nós e iluminar o nosso caminho. Deus nos visitou. E ele continua perto de cada um de nós. Já disse o autor do salmo 27: "O Senhor Deus é minha luz e minha salvação; de quem terei medo?" Se já antes do nascimento de Cristo pessoas de fé podiam assim falar, quanto mais é verdade isto depois que ele nasceu.

Importante é não repetir aquela estupidez que se expressa nas palavras: "Mas o seu povo não o recebeu..." Quem expulsa Deus de sua vida, quem despreza a sua palavra, quem não a recebe, paga um preço muito alto. Vai perder a força que lhe permite resistir às ameaças a que vivemos expostos. Em quem vamos então depositar a esperança e inspirar a nossa fé? Por isto espero que o Novo Ano seja entendido como oportunidade para a acolhida da Palavra de Deus, que seja um tempo de graça de nosso Senhor e que siga sob a luz que despontou no Natal.

Amém!

 



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: brakemeier@terra.com.br

(zurück zum Seitenanfang)