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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

19° Domingo após Pentecostes, 07.10.2007

Predigt zu 1 Timóteo 6:, verfasst von Horst R. Kuchenbecker

 

PIEDADE E CONTENTAMENTO

Constantemente os noticiários informam a respeito de corrupção nas altas esferas governamentais. Não há dúvida de que pessoas que ocupam cargos públicos precisam exercê-los com retidão e prestar contas de sua administração.

Por outro, todas as pessoas em cargos públicos estão expostos a fortes tentações. Quanto mais alto os cargos, maiores os perigos. Isto requer boa disciplina interna, para vencer as tentações.   

Tais tentações existem também, por lamentável que seja, no santo ministério. Por isso o apóstolo Paulo admoesta seu discípulo Timóteo que evite os falsos mestres que são "privados da verdade, supondo de que a piedade é fonte de lucro" (v.5). Quem são estes?

São hoje, especialmente, os pastores da teologia da prosperidade. Eles são exímios pregadores da lei e dizem a seus ouvintes: "Se você cumpre a lei e obedece a Deus, você será recompensado por Deus com muita prosperidade. Se você crê - e crer para eles é obedecer às leis de Deus - então você será abençoado com saúde, riqueza e bem estar". Pois a piedade, a vida santificada, para eles, tanto pregadores como ouvintes, é fonte de grande lucro. Usam o santo ministério e a igreja, visando honra, poder e riqueza. Ao mesmo tempo, esta tentação de fazer uma barganha com Deus, em busca de honra e riqueza, é uma tentação a todos nós.

Vejamos. Este problema já existia naquele tempo e permanece até hoje. Esta é advertência, por isso, é feita a todos nós. Como é fácil atuar no governo, na vida civil ou na igreja com falsa piedade, com uma aparência de um servir humilde, quando na verdade buscamos honras, poder e riqueza. Que Deus nos guarde disso.

Para tanto o apóstolo Paulo nos aconselha: Grande fonte de lucro é a piedade. O apóstolo Paulo adverte a seu discípulo e afirma: "Grande fonte de lucro é a piedade".

Grande bênção para a vida, podemos dizer é a piedade. Ele usa as mesmas palavras "piedade e lucro", que ele usou contra os falsos profetas, mas fala agora da verdadeira piedade.

O que é esta piedade, em que consiste esta piedade?  Lutero traduziu "piedade" com Gottseligkeit, isto é, um coração no qual Deus habita. Um coração que tem sua bem-aventurança - sua felicidade aqui e eterna em Deus, na graça de Deus. Portanto um coração que confia na palavra de Deus.

Isto envolve doutrina correta. Correta distinção e aplicação de lei e evangelho, para arrependimento, fé e vida santificada. O apóstolo Paulo acrescenta ainda: com o contentamento. Este contentamento é inseparável da verdadeira piedade, são frutos da fé, que Deus dá.

Portanto, esta piedade com o contentamento, é a verdadeira vida em Cristo da qual brota a vida santificada, a verdadeira piedade com contentamento, esta certeza de que nossa vida está nas mãos de Deus e este olhar sempre para alvo, a eternidade. Isto começa com o apego à palavra de Deus e aos sacramentos, pelos quais o Espírito Santo atua, fortalecendo a fé e orientando a vida santificada.

Para resumir: esta piedade é ter, pela fé na graça de Cristo, Deus no coração e pelo apego à palavra de Deus, pelos quais o Espírito Santo atua; ser guiado em toda a piedade com o contentamento, a uma vida que se vive aqui, mas com o coração no céu, em humildade e amor a Deus e ao próximo, na esperança da vida eterna

Grande fonte de lucro, isto é, fonte de bênção para a vida. Uma riqueza que o mais rico desta terra não conhece. Para isso o apóstolo usa dois argumentos; um lógico e outro ético.

O lógico. "Nada temos trazido para o mundo, em coisa alguma poderemos levar dele" (v.7). Ele chama atenção ao que todos sabem. Nu viemos ao mundo e nu partiremos. Nada poderemos levar dele para a eternidade. Estamos aqui de passagem. Dos bens materiais, nada poderemos levar. Se bem que as boas obras nos acompanham (Ap 14.13), também as obras más testemunharão contra nós na eternidade, diante do juiz. 

Nada humilha mais uma pessoa do que esta verdade de que nu viemos ao mundo e nu o deixaremos, a saber, a reflexão sobre nascimento e morte. Mas pensar na eternidade com gratidão, somente aquele que está na fé em Cristo. Ele sabe que em Cristo tem perdão dos pecados, que não mais serão lembrados. Ele tem a esperança da ressurreição e da vida eterna. Na fé é capaz de refrear seu amor ao mundo e ser paciente na dor, no sofrimento e na miséria, no carregar a cruz.

O ético. Então o apóstolo passa para o argumento ético, e diz: "Tendo sustento e com que nos vestir estejamos contentes" (v.8).

Este estar contente deve ser bem compreendido. Muitas vezes ouvimos alguém dizer em momentos de tragédias ou infortúnio: "O que podemos fazer? Temos que nos conformar!" Isto significa: "Eu não gostaria isso. Queria algo diferente, mas não tenho como. Resta me conformar com o destino."

Quando o apóstolo Paulo afirma: "Estejamos contentes", ele está falando do cristão que entrega sua vida, diariamente, nas mãos de Deus. Confia plenamente nele e sabe que Deus o está guiando pelo melhor caminho, quer seja na fortuna ou no infortúnio.

O estar contente é resultado do entregar-se totalmente, em humildade e plena confiança, sim com louvor nas mãos de Deus e saber que está sento dirigido pelo Senhor dos senhores, e não por um destino cego. Que ele está sendo dirigido, guiado, protegido, amparado por seu querido e amado Pai celestial ao lar celestial. A ele damos graças em qualquer e todas as situações.

Estejamos contentes, aqui tem o mesmo sentido que Paulo lhe dá com uma visão futura: teremos o suficiente, por isso estamos contentes. De forma positiva o apóstolo Paulo o expressa assim: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2 Co 12.9).

Então o apóstolo Paulo menciona alguns frutos desta piedade com o contentamento.

"Ora, os que querem ficar ricos caem em tentações e ciladas, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição" (v.9).

Os que querem ficr ricos. O apóstolo não diz os que são ricos. O acento está no verbo querer.  Quando esta mentalidade, este desejo forte, esta avareza toma conta de alguém, a obsessão pela riqueza, nos cabe a advertência de Jesus: "Buscai em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).

Este querer ficar rico resulta, como o mostra o evangelho, no querer viver todos os dias no luxo desta vida e nos prazeres desta vida. Na verdade, também podemos ser "pobres de espírito" em meio à riqueza, e também cheios do "querer ficar rico" em meio à pobreza. Quem cai nesta vaidade de querer rico, dificilmente conseguirá libertar-se desses laços. Pois o que tem não lhe basta, nem o que pretende conquistar. Quer sempre mais e mais.

Ao dizer: "Raiz de todos os males", evidentemente não significa que dali brotam todos os pecados. Isto seria contra a própria lógica. Lutero colocou, por isso, um artigo indefinido, uma raiz, pois este é o sentido no seu contexto. Paulo se refere ao males que ele citou. E que males brotam desta raiz?

Injustiça, engano, dureza, falta de amor, falsidade, infidelidade, hipocrisia, orgulho, só para mencionar alguns. Um avarento está pronto para todo e qualquer pecado. Tal avareza e a fé cristã não podem habitar lado a lado num mesmo coração. Fé e amor ao dinheiro, avareza e Deus no coração não se suportam. Uma alma para a qual só vale o material e não a palavra de Deus, é uma alma idólatra.     

"Tu, porém, ó homem de Deus foge destas coisas; antes segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Toma possa da vida eterna, para a qual foste chamado, e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas" (v.11,12).

Foge! O apóstolo não quer terminar este capítulo só com a parte negativa, ele acrescenta a parte positiva.

Não se foge somente de uma prisão, mas para evitar uma prisão, o cair no laço. E para tal o apóstolo Paulo estimula seu discípulo Timóteo, citando as virtudes positivas. Conforme Paulo também escreveu aos romanos: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12.21).

A verdadeira piedade troca o amor ao dinheiro pelo amor a Deus e sua Palavra, e então trabalha com fidelidade, usando os dons que Deus lhe concedeu, no lugar onde Deus o colocou para a glória de Deus e o bem estar do próximo, quer na vida civil ou na igreja, e administrando tudo o que Deus lhe concede sempre a luz da palavra de Deus. Ele se apega à palavra em oração, para consolo e orientação.

Anda na justiça do evangelho, de onde lhe vem o consolo do perdão, o fortalecimento da fé, a alegria de vida e a força para a piedade, a vida santificada, o amor e a constância, a mansidão na adversidade. Assim combate o bom combate da fé e luta.

E o apóstolo Paulo termina lembrando a todos nós a fonte desta piedade, nosso batismo. Ali fizemos boa confissão, reafirmamos este nosso voto batismal diariamente, renunciando ao diabo e todas suas tentações, entregando-nos nas mãos de Cristo nosso Salvador.  Amém.

 



Horst R. Kuchenbecker
São Leopoldo, RS ? Brasil
E-Mail: horstrk@cpovo.net

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