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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

12º Domingo após Pentecostes, 12.08.2018

O pão da vida
Predigt zu João 6:35,41-51 , verfasst von Jorge Batista Dietrich de Oliveira

Certa vez, um médico faleceu um pouco antes de completar 90 anos de idade. Com tristeza e dor no coração, seus três filhos o acompanharam até a sepultura. Passado uma semana encontraram uma série de preciosidades, muito bem guardadas pelo pai, num pequeno armário. Entre outras coisas, havia um pedaço de pão – sim, um pedaço de pão seco e duro.

Os filhos olharam aquele pão cheio de rachaduras, duro como pedra. Como é que este pão se encontrava entre as preciosidades do pai? Ninguém sabia responder. Perguntaram então a velha empregada que por muitos anos cuidara da casa do pai. Ela pôde dar a resposta.

Nos tempos depois da guerra, havia pouca comida. O pai adoecera. Necessitava de alimento que o fortalecesse. Certo dia, um velho amigo o visitou, e lhe deu aquele pedaço de pão.     O velho médico doente, porém, recusou-se a comê-lo. Mandou que fosse levado para a vizinha, cujo filho também estava doente. Eu já estou velho, disse ele, mas aquela criança ainda está no começo da vida.

A vizinha agradeceu, mas logo mandou o pão para um viúvo idoso que encontrara refúgio num cantinho do sótão. Só que o pão também não ficou ali. O idoso viúvo levou o pedaço de pão até sua filha, que morava com duas crianças num porão não longe dali. Esta, porém, viu a possibilidade de prestar um favor ao velho médico doente, como sinal de gratidão por ter tratado de suas crianças sem nunca cobrar nada.  Logo percebemos que se tratava do mesmo pedaço de pão, concluiu a empregada.

O médico ficou profundamente emocionado e disse: “enquanto permanecer vivo entre nós o amor que reparte seu último pedaço de pão, não temo pelo nosso futuro! Este pão saciou a fome de muitas pessoas, sem que ninguém tivesse comido dele um pedacinho sequer. Vamos guardá-lo bem; e quando o desânimo quiser se abater sobre nós, olhemos para ele!” Trata-se de uma história escrita pela própria vida.

Os textos previstos para este domingo nos falam de pão. O primeiro, fala do pão que alimenta e sustenta o profeta Elias na sua caminhada; o Evangelho traz o pão como metáfora para o testemunho e revelação de Jesus e o texto de Efésios apresenta qual deve ser a conduta de quem se alimenta deste pão.

João apresenta o debate entre Jesus e alguns judeus sobre o sentido da multiplicação dos pães. Jesus revela sua identidade aos judeus que não conseguem crer que ele é o filho enviado por Deus. Então, ele faz uso da metáfora do pão para colocar-se dentro da narrativa judaica, ao comparar-se com o maná. Assim, Jesus se oferece como o verdadeiro pão do céu que Deus mandou para dar vida ao mundo.

Que o pão faz parte do dia-a-dia do brasileiro todo mundo sabe. Geralmente o café da manhã não começa sem ele. Certamente, antes de vir ao culto cada um comeu pão no café da manhã. Pois é, no domingo reservado para homenagearmos os pais e a todos aqueles e aquelas que exercem a função paterna, o tema proposto é sobre o pão: “O pão da vida”. Creio ser oportuna esta relação entre o pão, alimento tão necessário para a vida e o papel paterno de prover o pão, não esquecendo, que em muitos lares, são as mulheres que desempenham essa tarefa.

Os pais obtêm o pão com o seu trabalho e assim alimentam seus filhos. Essa é lógica de toda a criação e, também, dever dos pais segundo nossa legislação. É tarefa dos pais prover tudo

 

 

 

aquilo que é necessário para a sobrevivência e o crescimento saudável de seus filhos em todas as dimensões da vida. Por isso, pai e mãe são, de certa forma, o pão da vida para os filhos que necessitam e continuamente alimentam-se deles.

O pão é uma metáfora muito forte, pois nos convida a pensar na situação de milhões e milhões de pessoas que passam fome em todo o mundo. Por outro lado, lembramos que a humanidade também tem fome de um outro tipo de pão que vai mais longe do que o estômago. O pão que toca o coração e que transforma a vida.

Sabemos que o pão é indispensável para a saúde do corpo, mas não é a vida em si. Deus é a vida. Sua palavra criou o mundo e sua palavra o mantém. Também nós somos criaturas de Deus e nossa vida é mantida pelo que provêm das suas mãos. Quem se descobre sabedor disto nunca pensará que o pão é mais importante que a vida.

Por isso, Jesus, no evangelho deste domingo do dia dos pais, contrapõe dois tipos de alimento: um que não conduz à vida definitiva (o maná do deserto): apesar de comê-lo, os antepassados morreram sem entrar na posse da terra prometida; o outro conduz à vida que dura para sempre: “Quem comer deste pão viverá eternamente”. É na pessoa de Jesus enquanto pão, é na sua carne para a vida do mundo que se revela o amor de Deus. Jesus tornou-se Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. 1.29). Por isso, aceitá-lo em sua humanidade é passar da morte à vida.

Comer do Pão da Vida é revestir-se da força de Cristo para enfrentar os dilemas da existência. É buscar disposição para seguir e frente, ainda que o caminho pareça difícil e longo. É encontrar coragem e criatividade de trilhar novos caminhos.

O pai que se alimenta do Pão da Vida ofertado por Jesus, reparte esse pão com seus filhos promovendo no seu lar, um ambiente de amor, respeito e convívio saudável. Ensina seus filhos a lutar, não por fartura de pão, mas por um mundo onde todos tenham acesso ao pão de cada dia. E mais, onde todos tenham o verdadeiro pão que sacia a fome de vida.

Que neste dia dos pais, sejamos todos, exemplo para nossos filhos. Que, através da nossa vida de fé, nossos filhos e filhas possam desfrutar do Pão da Vida. Um feliz e abençoado Dia dos Pais a todos!

 



Pastor Jorge Batista Dietrich de Oliveira
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: jorge.dietrich@hotmail.com

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