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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

7º Domingo da Páscoa, 04.05.2008

Predigt zu João 17:1-12, verfasst von Martin Weingaertner

 

JOÃO 17.1-12 - ALELUIA: JESUS INTERCEDEU POR NÓS!

 

A VIDA DEVOCIONAL DE JESUS

Os evangelhos sinóticos mencionam a prática devocional de Jesus (Mc 1.35; Lc 3.21; 6.12; 9,18; 11.1), mas apenas fazem esparsas referências ao conteúdo das suas orações. Em duas ocasiões, porém, eles permitem dar uma espiada na intimidade de Jesus com o Pai. Ao saírem para ensinar e pregar nas cidades da Galiléia Mateus registra Jesus orando: "Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11.25s). E, depois da última ceia, ele disse a Pedro: "Simão, Simão, Satanás pediu vocês para peneirá-los como trigo. Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça." (Lc 22.31s). É importante lembrar ambas as ocasiões, porque elas, em seu conteúdo como em sua linguagem, sintonizam com o que João 17 nos descortina da intimidade de Jesus com seu Pai. A partir dela é que Jesus convida seus discípulos a também entrarem na intimidade com Deus, ensinando-lhes o Pai nosso.

A 'oração sacerdotal' de Jesus demarca o final do período em que  Jesus se dedicou exclusivamente aos discípulos, bem como o início de sua solitária jornada para a cruz. A partir do lava-pés Jesus anunciara aos seus seguidores sua paixão. Na comparação com o suporte que a videira dá aos seus ramos e no anúncio do Consolador Jesus promete aos discípulos suporte e consolo, mesmo que eles, ainda, não o compreendam! Assim em João 17 entrelaçam-se o cuidado pelos seus discípulos e a consagração ao Pai.

O "PAI MEU" DE JESUS

A paixão do Filho estava prevista. A partir de João 2.4 o evangelista registra quinze menções da expectativa da hora. A crueldade dela lançou sombras sobre o final do ministério público de Jesus, quando ele orou: "Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora" (Jo 12.27s.). Assim a hora não surpreendeu a Jesus. Quando ela chegou, ele "olhou para o céu e orou: 'Pai, chegou a hora'". Fora o Pai quem a determinou, e é com Ele que o Filho conversa sobre o propósito dela: "Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique". A paixão de Jesus é uma ação intra-trinitária, pois nela o Pai "glorifica o teu Filho" e este glorifica o Pai, concedendo a "vida eterna a todos" os que Ele lhe deu. Em seu belo hino "Cristãos, alegres jubilai" Lutero descreve o propósito desta obra divina com singeleza:

"Ao Filho disse o Pai no céu: O tempo está chegado;

à terra desce, ó Filho meu, e salva o condenado! 

Liberta-o de pecado e dor, morrendo, sê-lhe o Redentor:

Que tenha nova vida!

Obedeceu  de coração   o Filho ao Pai amado.

Tornou-se em tudo meu irmão, e, pobre e desprezado,

ele ocultou o seu poder e um simples homem veio a ser:

Lutou por minha causa." (HPD I, 155.5-6)

O Criador do universo de bilhões de galáxias com bilhões de sóis que há bilhões de anos se expande à razão de 70 km por segundo se importaria conosco, grãozinhos de poeira, vermezinhos insignificantes e miseráveis num planetinha azulado?

Mas é justamente este "insight" que Jesus nos dá na sua conversa com o Pai! Permite-nos uma espiadela na intimidade divina que excede qualquer lógica bem como a mais louca imaginação. "Nosso coração é por demais pequeno" para abranger que por amor o Deus Criador se doa a si mesmo para presentear-nos vida eterna que consiste em conhecer e abrir-se para o único Deus verdadeiro e para Jesus Cristo, a fim de relacionar-se com Ele

 

SOMOS INSERIDOS NA RELAÇÃO DO PAI COM O FILHO

A racionalidade mais perspicaz, a sensibilidade mais aguçada ou a fantasia mais ousada jamais podem intuir-nos de que Deus realmente nos ama e nos oferece a "vida eterna", aceitando-nos na sua presença. Com propriedade Lutero conclui: "Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo... nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho."

Para todos nós a boa nova do amor de Deus sempre será absurda, inverossímil e inimaginável, a não ser que Pai e Filho ajam em nós. Por isto Jesus diz: "Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste... Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram." É unicamente pela acolhida obediente do que Deus diz que temos acesso a esta maravilhosa, indescritível e inaudita realidade. Esta palavra gera fé, isto é, o espaço para que a dádiva caiba em nós. Assim nossos olhos se abrem para um novo saber: "Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste."

Sem dúvida, esta argumentação é circular! Na perspectiva do raciocínio humano, a palavra de Deus carece de provas, é fragilíssima. Pode ser ignorada e, até, recusada. Mas ela é assim, porque a encarnação de Deus em Jesus é justamente a sua opção de não se impor à força. Ele não interfere com força física, nem coage por uma lógica irrefutável. Pelo contrário, Deus se apresenta e oferece numa oferta desprotegida, num convite recusável...

 

JESUS INTERCEDE POR SEUS DISCÍPULOS 

Por o acesso à vida eterna se dar através desta palavra desprotegida e recusável, os discípulos vivem expostos e precisam ser protegidos, pois "eles ainda estão no mundo". Enquanto Jesus estava com eles, ele os protegeu e os guardou no nome que o Pai lhe deu. Mas como "chegou a hora" e o Filho que não ficará mais no mundo, "roga por eles": "Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus." O Filho recebeu os discípulos do Pai e os confia novamente a ele. Em outras palavras: "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus" (Jo 1.12).

Assim Jesus clama: "Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um." O pedido é duplo. Primeiro ele pede ao Pai que abrigue os discípulos "em seu nome", na esfera de seu cuidado poderoso. Não existe abrigo melhor. Assim, "em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8.37-39). Em segundo lugar, como decorrência do estar protegido "em seu nome", Jesus pede que a unidade existente entre Ele e o Pai se reflita nos discípulos! Isto não se refere à uniformidade litúrgica ou organizacional dos cristãos, mas à sua conformação espiritual à realidade que reina no Deus trino. Somente Ele mesmo pode fazer que os  discípulos  "sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês" (Mt 5.48)

Ainda assim, a vida eterna não é um bem garantido e imperdível! Seu caráter de dádiva desprotegida e de convite recusável, não impede nossa recusa. Por serem guardados "nenhum" dos discípulos "se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura". A nossa recusa não surpreende a Deus, mas a nós (a ponto de excluir-se o verso 12 da perícope)! A lembrança da recusa do convite por Judas é uma advertência para que não deixemos de "pôr em ação a (nossa) salvação com temor e tremor" (Fp 2.12). Jamais poderemos omitir esta advertência.  

PODEMOS DEIXAR DE MANIFESTAR GRATIDÃO?      

Aleluia! Glória a Deus nas alturas! Jesus não revelou o Pai apenas aos discípulos do passado, nem intercedeu somente para que a fé de Pedro não desfaleça.

Ele continua a revelar o amor do Pai a nós através da sua palavra e a interceder por cada um de nós, para que permaneçamos protegidos em seu nome e sejamos moldados à imagem de Deus. Por isto podemos rejubilar: Aleluia! Glória a Deus nas alturas! Seu amor preenche o coração e faz a vida transbordar do mesmo amor. Impossível não falar do que o coração está cheio!

 

 



Pastor Martin Weingaertner
Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba, Brasil
E-Mail: martinw@terra.com.br

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