Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Penúltimo Domingo no Ano Eclesiástico – 14 de novembro de 2004
Série Trienal C – Lucas 19.11-27 (SBB-RA) – Adolpho Schimidt

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


(11) Ouvindo eles estas coisas, Jesus propôs uma parábola, visto estar perto de Jerusalém e lhes parecer que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente.
(12) Então, disse: Certo homem nobre partiu para uma terra distante, com o fim de tomar posse de um reino e voltar.
(13) Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte.
(14) Mas os seus concidadãos o odiavam e mandaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós.
(15) Quando ele voltou, depois de haver tomado posse do reino, mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber que negócio cada um teria conseguido.
(16) Compareceu o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez.
(17) Respondeu-lhe o senhor: Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades.
(18) Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco.
(19) A este disse: Terás autoridade sobre cinco cidades.
(20) Veio, então, outro, dizendo: Eis aqui, senhor, a tua mina, que eu guardei embrulhada num lenço.
(21) Pois tive medo de ti, que és homem rigoroso; tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.
(22) Porém, ele lhe disse: Servo mau, por tua própria boca te condenarei. Sabias que eu sou homem rigoroso, que tiro o que não pus e ceifo o que não semeei;
(23) Por que não puseste o meu dinheiro no banco? E, então, na minha vinda, o receberia com juros?
(24) E disse aos que o assistiam: Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem as dez.
(25) Eles ponderaram: Senhor, ele já tem dez.
(26) Pois eu vos declaro: a todo o que tem dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, o que tem lhe será tirado.
(27) Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e executai-os na minha presença.

Os discípulos de Jesus, talvez mais pessoas, presenciaram a conversão de Zaqueu, narrada antes do texto acima. Lá, Jesus disse: “Hoje reinou salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.

Ele conhece as dúvidas, aspirações e esperanças errôneas dos que estão com Ele, acerca de por que, para que, como, quando e onde se manifestará o Seu ofício de Messias, a Missão que Ele há de cumprir, o Seu reinado - embora presenciem as obras do Messias.

A caminho e já perto de Jerusalém, antiga capital de Israel, eles conjeturam se Jesus assumirá muito em breve o reinado, unindo politicamente os judeus, restaurando a nação dos “filhos de Abraão”, buscando e salvando assim todos os perdidos de Israel.

O Senhor lhes propõe uma parábola, história elucidativa, aparentemente fictícia. Deduz-se de todo o contexto bíblico o que ela significa:

Um nobre viajou para longe, para assumir um reinado e voltar. É Jesus! A Sua “viagem” foi decisiva, não para conquistar à força ou liquidar, mas converter inimigos em cidadãos do Reino de Deus. Ele, o Messias, obteve, oferece e garante a salvação aos que crêem Nele, primeiro dentre os judeus, mas também dentre todos os povos.

Para cumprir Sua tarefa sobre-humana, Ele “viajou” dos céus à cruz e retornou à glória celestial: humilhou-se sob a maldade do mundo e os horrores do inferno e morreu; desceu vitorioso ao inferno e ressurgiu dos mortos; subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso; Ele voltará visível e audível para julgar vivos e mortos.

“Dez servos Seus” receberam Dele cada qual um bem idêntico, de igual valor, para negociarem até que Ele voltasse. O bem de Jesus, que Ele confia aos Seus servos, é a Sua Palavra. Ele investiu este divino capital, a Si próprio, em Jericó, resultando em “renda” de mais um servo para o Reino de Deus: Zaqueu. A veracidade disso comprova-se em Atos 6.7:

“Crescia a Palavra de Deus, e, em Jerusalém, multiplicava-se o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé”!

Cada um que vem a crer no Salvador Jesus é renda de capital – fruto do Evangelho. O próprio cristão, por sua vez, é capital de investimento. Jesus habita nele, conduz e governa a sua vida.

Maso capital inicial e constante é o próprio Jesus!

Ele se nos oferece: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”. E nos assegura: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne”.

Ele também sustenta a humanidade com a Sua bênção - e usa os Seus servos para distribuí-la: “... tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos para o céu, os abençoou, partiu e deu aos discípulos para que os distribuíssem entre o povo. Todos (cerca de cinco mil homens) comeram e se fartaram”.

O amor de Deus não é restritivo, é inclusivo. O amparo aos carentes é parte direta do nosso mandato de cristãos. Jesus nos incumbiu de levarmos o Pão da Vida eterna aos carentes espiritualmente e o pão físico aos necessitados.

Jesus, o exemplo perfeito de dedicação integral, quer Seus servos trabalhando em Sua causa. Sendo gratos a Ele, dedicam-se a servi-lo. Jesus faz-se ouvir por meio deles. Quem crê no Evangelho, crê no Salvador, é cidadão no Reino de Deus, membro no Corpo de Cristo, chamado a servi-lo, para muitos mais serem salvos.

Em Jerusalém, o Capital do Homem Nobre nos corações e nas mãos dos cristãos foi, pela distribuição de renda material, de altíssimo rendimento espiritual. A congregação não empobreceu por causa dessa Comunhão dos Santos, mas devido à perseguição pelos incrédulos. Aliás, foram dispersos dali para a Palavra da salvação chegar a todos os povos - disso somos prova viva!

Pedro e João levaram Cristo para um deficiente e mendigo. Faltando-lhes dinheiro, Pedro disse ao mendigo: “... o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” Com ajuda dos dois, o deficiente se ergueu – “de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus” (Atos 3.1-10).

Nas Epístolas lemos dos “em Cristo”. Crendo Nele vivemos no ambiente em que Ele reina graciosamente, nos envolve e conduz. Nele, somos “novas criaturas”. Não obedecemos ao inimigo, mas a Jesus, no qual confiamos. Em Cristo, sempre estamos na Vida eterna: “... Deus nos deu a Vida eterna; e esta Vida está no Seu Filho” (1Jo 5.11).

Transferidos do ambiente maligno para o Reino de Deus, vivemos “em Cristo” na Sua igreja, onde a Palavra de Deus é ensinada clara e puramente e os Sacramentos são administrados como Ele os instituiu. O Evangelho produz frutos. Também há cristãos onde a Palavra de Deus é pervertida: milagrosamente sempre há quem ouve, em meio às mentiras, a Verdade e crê no Salvador Jesus, tamanho é o poder do nosso Deus, a identificação da Palavra de Deus escrita e falada com o Verbo que se fez carne.

Em todo o mundo, é necessário os crentes em Cristo conviverem, reunirem-se os que dão “a si mesmos primeiro ao Senhor”, depois aos que com eles são do Caminho, “pela vontade de Deus”. (2Co 8.9). “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.16). Isto só é possível havendo Comunhão dos Santos.

Neste mundo já tão próximo do fim, em que, ao longo dos séculos, bilhões de pessoas vão sucumbindo sob o pecado, sem esperança, sem Deus – continua imprescindível praticar, em meio aos incrédulos, os mandamentos de Deus abstendo-se do pecado, isto é, ser servo fiel, portador vivo de Jesus, mensageiro da Salvação, embaixador do Reino do Deus eterno.

Isto somente e possível havendo especialmente a proclamação verbal da vontade de Deus em Cristo Jesus de buscar e salvar o perdido:

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.15s.). Isto vale para todos os povos, sem acepção de pessoas!

Os fora do reino de Jesus não têm discernimento nem desejo nem possibilidade para aplicar este preciosíssimo capital, seja em forma de vida piedosa, seja como mensageiros diretos da Palavra do Senhor. Pois é capital interno, exclusivo, ético e santo, do Reino de Deus.

Jesus prestou o Importante e decisivo sacrifício para o qual nenhum outro é nem pode ser capacitado! Para nos resgatar do abandono eterno, Ele bradou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” - “Está consumado!” - No templo, o véu que vedara ao povo a entrada ao Santíssimo, rasgou-se de alto a baixo provando que “... temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”.

Esperança para você! Esteja onde for, vivendo sob condições sejam quais forem - lendo e/ou ouvindo a Santa Palavra, confie plenamente em Cristo Jesus: Ele, o Messias, o Ungido pelo próprio Deus, fala e é a Verdade eterna; Ele obteve, oferece e concede perdão de toda culpa e assim a vida plena, Ele governa e conduz o Seu povo à eterna salvação.

Concluído o tempo de serviço nesta presente vida, o Senhor chamará cada servo à prestação individual de contas. Ele não mantém aproveitadores nem grevistas vitalícios.

Não é de nossa alçada avaliar se alguém é fiel ao Senhor! Pouco ou nada sabemos das dificuldades pessoais, da batalha espiritual sem tréguas de outros. Deus é o Justo Juiz! Portanto, mire-se cada um no espelho imparcial de Deus. Verifique se sua própria imagem é aceitável a Deus. Isto urge!!

O Senhor conhece todos os servos bons, fiéis até que Ele venha. Lembramos Lutero, que “apenas” quis combater erros da igreja e mostrar como ter certeza da vida eterna: Deus o colocou “sobre dez cidades” para trazer novamente à luz a Palavra de Deus, a Boa Nova da graça de Deus em Cristo Jesus, ora proclamada, ouvida e lida em todo o mundo, pelo que está se cumprindo a profecia de Jesus: “E será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14).

Um exemplo do “Banco”, na parábola, poderia ser o apoio financeiro à manutenção

  • dos educandários para formação de ministros da Palavra e posterior reciclagem;
  • do caixa da congregação e da tesouraria geral da igreja para possibilitar justiça salarial pastoral e administração responsável de patrimônio bem como prática de assistência a carentes de natureza diversa, a exemplo da comunhão dos santos em Jerusalém (At 2);
  • de pontos de missão existentes e para abertura de novos, com ao menos dois pastores, apoiando-se mutuamente na árdua tarefa, a exemplo dos discípulos e apóstolos de Jesus, para pregar a Palavra (Mt 18.19,20; Mc 6.7; At 15.22ss; 16.1,19).

O servo creu no Salvador, porque antes ouvira de outros servos a mensagem da salvação. Entretanto, rebelde e preguiçoso, nem ao menos favorecendo a proclamação do Evangelho, ele não vive o amor recebido, é ingrato a Deus. Sua fé está morta. A condição de servo lhe é tomada e dada ao que apresenta resultado positivo. Ele se exclui do Reino!

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hbr 11.6). Serve ao Senhor somente quem confia Nele como seu Salvador! Duras palavras, mas de amor divino, em tempo, para que o pecador se converta do mau caminho – e viva!

Por fim, o Rei Jesus torna a falar daqueles seus concidadãos, que o rejeitaram. Orgulhosos “filhos de Abraão”, afirmaram nunca terem sido servos de ninguém, odiaram o Messias verdadeiro, entregaram-no à morte e não pediram perdão a Deus. Ele mandou eliminá-los. Disto ficamos sabendo para não incorrermos na mesma loucura.

Séria advertência – por amor. Amor comprovado pela inocente morte na cruz e confirmado mediante a gloriosa ressurreição do Filho de Deus, Messias, Todo Poderoso, Rei eterno, o único e suficiente Salvador, nosso Mediador, Jesus! Amém.

Adolpho Schimidt
Brasília – DF – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
adolphoschimidt2003@yahoo.com.br
adolphoschimidt@hotmail.com


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