Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

1° Domingo após Epifania, 09/01/2005
Atos 10, 34-43, Horst Kuchenbecker

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Observações exegéticas.

- O apóstolo Pedro faz duas afirmações uma sobre Deus e outra sobre o Evangelho. a) Deus não faz acepção de pessoas. Por ser de nacionalidade judaica, não dá preferência aos judeus em detrimento dos gentios, nem considera os méritos de uma pessoa. Ele aceita os que o temem. b) o verdadeiro e único Deus se revela somente na Escritura. Uma má compreensão de Deus resulta numa má compreensão do que é temer a Deus.

- Faz o que é justo. Esta palavra é muitas vezes mal interpretada. Como se quisesse dizer: Toda a pessoa que está bem intencionada e faz o bem é aceita por Deus, não importa se crê ou não em Cristo ou a que religião pertence. Cornélio conheceu a religião judaica pelo Antigo Testamento, reconheceu também sua indignidade e desejou a salvação. Deus lhe anunciou o Evangelho pelo apóstolo Pedro. Fazer o que é justo é dar ouvidos à palavra de Deus que conduz a pessoa ao arrependimento diário e a fé na graça de Cristo. Fazer o que é justo é quando a pessoa, por amor a Cristo, se determina a andar como filho de Deus, orientando-se pelos Dez Mandamentos.

- O Evangelho da paz. Paz é o fruto do trabalho de Jesus, único e suficiente mediador entre Deus e os homens. Por isso ele é o Senhor de todos, único Deus verdadeiro. Fora dele não há salvação. (Jo 17.3).

- Ungindo Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder.Refere-se à natureza humana de Cristo. Que Deus estava com ele. A Trindade, cooperou na salvação.

- Jesus juiz de vivos e de mortos. Este é o seu estado mais elevado na exaltação.

Mensagem:Este é o Senhor de todos... Ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados. (At 10.34-43).

Vivemos numa época na qual se enfatiza o Ecumenismo. Um ecumenismo, no entanto, não de acordo com a Palavra de Deus, mas com a razão humana. O apóstolo ordena: Esforçai-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. (Ef 4.3) Aqui temos a palavra: esforçai-vos, não para criar, mas preservar a unidade, a saber, a unidade que o Espírito criou. Mas o ecumenismo moderno prega a unidade na diversidade. Partem do princípio de que todas as religiões são boas e de que não existe verdade absoluta. Cada religião tem uma parte da verdade. Neste respeito o editor do Los Angelos Times escreveu em 7/12/2001: Creio que orar e prestar culto com pessoas de outras crenças implica no reconhecimento de que o Cristo atua em e através de uma variedade de instituições e manifestações religiosas. Nenhuma religião é dona absoluta da verdade e que nenhuma religião, inclusive a cristã, contem toda a verdade. Não posso me imaginar que Deus tenha se revelado somente a um grupo.” No Post-Dispatch de Sant`Louis, Missouri, Estados Unidos, lemos no dia 3/12/01: Não deveria cada um reconhecer que há muitas idéias diferentes sobre espiritualidade e de que todas devem ser respeitadas. Essas são opiniões muito comuns em nossos dias. “Afirma-se: Precisamos ser tolerantes e dar nos as mãos.” Será? O que Deus diz a respeito em sua Palavra. No primeiro Mandamento Deus diz: “Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim.” (Ex 20.3). “Porque todos os deuses dos povos não passam de ídolos.” (Sl 96.5) “Fugi da idolatria.” (1 Co 10.14). O único Deus verdadeiro, Criador e Mantenedor de céu e terra, revelou-se à humanidade desde Adão e Eva e por último nos falou por meio de seu Filho, Jesus Cristo. ( Hb 1.1,2) Este Deus quer ser adorado como ele se revelou na Bíblia. E quem não o adora assim, não tem Deus. Por isso não podemos orar e prestar culto junto com pessoas que não adoram o único e verdadeiro Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Isso pode soar muito estranho em nossos dias, em que não se tem mais noção do que significa temer e amar a Deus.

Nosso texto, tirado da pregação do apóstolo Paulo na casa de Cornélio nos fala sobre a verdadeira adoração e culto a Deus.

1.Temer.Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. (v.34,35)

Que temor é este? O homem natural tem noção de Deus, isto é, ele sabe por sua consciência e pela natureza que Deus existe. Ele tem certo medo de Deus, mas não o conhece. Porque a natureza e a consciência não revelam a Deus, isto é, pela ciência e pela filosofia o homem não pode alcançar a Deus. Ao mesmo tempo precisamos lembrar que desde a queda em pecado, somos todos inimigos do verdadeiro Deus, cegos em coisas espirituais. Logo não temos verdadeiro temor e amor a Deus.

Verdadeiro temor a Deus (Ehrfurcht) só é gerado pelo Espírito Santo que atua por Palavra e sacramentos. Temor a Deus é um fruto da verdadeira fé em Cristo. Por isso Jesus disse a Nicodemos, homem muito piedoso e religioso, conhecedor do Antigo Testamento, mas o lia com sua razão, por isso Jesus lhe disse: É preciso nascer de novo, por água e Espírito, (Jo 3.5) sem o que não verá a Deus.

Cornélio, um centurião romano, foi destacado para Cesaréia. Ali se interessou pela religião do povo judaico. Chegou ao conhecimento do verdadeiro Deus e da verdadeira fé e clamou a Deus. Sua fé brilhava por sua vida. Amava seus subalternos, fazia caridade, confessava sua fé, lia a Escritura e orava de contínuo. Deus ouviu suas orações e pediu que buscasse o apóstolo Pedro, a fim de ser informado sobre o cumprimento das promessas, a respeito de Jesus. Deus mostrou ao apóstolo Pedro, ainda limitado por uma visão judaica errada, como se Deus privilegiasse o nascimento físico de alguém, a nacionalidade, que ele ama a todos e quer que todos cheguem ao conhecimento da graça de Deus, e sejam salvos.

Desta fé brota o temor de Deus. Temor é conhecimento, profundo respeito ao Criador, Mantenedor, Salvador, Santificador, é amor, confiança, paz e alegria em Deus. Por isso Lutero explica o primeiro Mandamento assim: Devemos temer e amar a Deus e confiar nele de todo o coração. São três palavras com o mesmo sentido. Por isso, Lutero, ao expor os mandamentos, começa a explicação dos Mandamentos assim: Devemos temer e amar a Deus. Isto só é possível ao renascido pelo poder do Espírito Santo, pela fé em Cristo, porque o temer e amar a Deus não é resultado de esforço da pessoa, de decisões e propósito, mas é fruto da fé. Fruto não resulta de esforços, mas da vida.

2.E faz o que é justo. O que é isto? Este fazer o que é justo são igualmente as boas obras que procedem da fé. Este profundo amor a Deus. Não um amor imaginário, mas o apego e à obediência aos mandamentos de Deus. Este sincero desejo: Eu só quero pensar, falar, fazer e agir conforme a vontade de Deus. isto só é impossível, por sua vez, à pessoa que permanece em contrato diária com Deus pelo ler a Palavra de Deus sob oração, dizendo: Fala Senhor o teu servo ouve. (1 Sm 19.3) Se a pessoa não vigia sobre seus olhos e seus pensamentos, especialmente em nossos dias de comunicação, como disse Jó: Fiz aliança com os meus olhos: como, pois, os fixaria eu numa donzela? (Jó 31.1) Se a pessoa não luta contra sua natureza carnal, crucificando-a diariamente (Gl 5.14,25), não permanecerá na fé, nem trará os frutos de justiça (Fp 1.11). Em Cornélio vemos as obras, frutos da fé.

3.Este é o Senhor de todos. Vós conheceis a palavra que se divulgou... e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados.

Aqui quero destacar algumas detalhes:

a)Ele é o Senhor de todos. Não há outros deuses nem outras formas de culto. Não posso participar de cultos que não invocam claramente o Deus Triúno em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nosso único e suficiente Mediar entre Deus e os homens.

b)Deus se manifestou à humanidade em sua Palavra, a Bíblia. Verdadeiro culto a Deus, guia-se pela Palavra de Deus. Culto não firmado e orientado na Palavra de Deus é idolatria. Ela é a verdade única e absoluta s a respeito de Deus.

c)ele virá julgar vivos e mortos. Jesus virá em glória, no dia do juízo final, julgar vivos e mortos. Não sabemos quando será, mas é certo que virá. Só quem tiver crido na graça de Cristo será recebido por Cristo e convidado a entrar no reino que Deus preparou desde a fundação do mundo.

Conclusão. A pregação de Pedro na casa de Cornélio ensina que importa permanecermos fielmente apegados à Palavra de Deus. Ela nos mostra quem é o verdadeiro Deus e qual o verdadeiro culto, qual a verdadeira fé e como esta atua por obras de amor. Qual a verdadeira esperança cristã. Que a fé cristã não um simples sentimento ou conjunto de bons propósito, mas realmente a nova vida operado por Palavra e o sacramento do Batismo e fortalecida por Palavra e a Santa Ceia. E como filhos de Deus não somos diplomatas de Deus, mas testemunhas e embaixadores que proclamam destemidamente a Palavra de Deus quer seja oportuno ou não, certos que por esta Palavra o Espírito Santo atua quando e onde quer (ubi et quando visum Deo).

Ver. Horst Kuchenbecker
horstrk@cpovo.net

 


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