Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Segundo Domingo Após Epifania, 16 de Janeiro de 2005
João 1.29-41, Gerson L. Flor

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29 – Almeida Revista e Atualizada)

Eis o Cordeiro de Deus!

O texto do Evangelho de hoje marca o clímax da pregação de João Batista. Não apenas da pregação do Batista, mas de fato o cerne do Evangelho e da fé cristã.

No seu primeiro capítulo, o quarto evangelho proclama a vinda de Deus em Cristo, o Verbo eterno que se fez carne, e a preparação para a sua manifestação pelo ministério de João Batista.

O ensino do Batista sobre Cristo é claro acerca da natureza divina do salvador. De saída, ele atesta a eternidade de Cristo: “Ele tem a primazia, porquanto já existia antes de mim ” (v. 15). João prossegue afirmando que Cristo é maior do que Moisés, ao afirmar “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (v. 17). Por fim, João nos assegura que em Cristo Deus se fez visível: “ Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou ” (v. 18).

Tal proclamação, unida ao batismo de arrependimento para perdão dos pecados, chamou a atenção do povo e logo trouxe até João uma comitiva de fariseus a interrogá-lo. No dia seguinte, Jesus veio até João. Nesse momento, João nos revela a verdadeira razão da vinda do Messias. Deus envia o seu ungido ao mundo; Ele vem com uma missão superior à de Moisés. Que missão é essa?

A missão de Jesus, segundo João, já havia há muito sido descrita no Antigo Testamento. O profeta Isaías anunciara a respeito do messias: “ Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra. ”

Jesus vem para restaurar. Para restaurar a aliança de Deus com seu povo, para restabelecer a paz entre Deus e seu escolhido. Mas sua missão não pára por aí. O Messias, como servo e Deus, também traz restauração até a extremidade da terra, a todos os povos, pois é a vontade de Deus que não só Israel, mas todos os homens sejam salvos.

Tal restauração é obra de Deus, em favor dos homens, efetuada pelo Messias. E para que seja possível, é necessário que através de sua obra o pecado que separa o homem de Deus seja removido.

Quando a Lei fora promulgada no Monte Sinai, o povo de Israel teve de ficar afastado do monte, sem poder se aproximar da presença de Deus. Qualquer pessoa ou animal que tocasse o monte morreria, pois o pecador não pode sobreviver diante do Deus santo. Como remédio, Deus instituiu o sacerdócio levita e o culto de Israel como meio da graça, através do qual o pecado do seu povo era punido não com a morte do pecador, mas pelo derramamento do sangue de animais. O Senhor ordenara ao seu povo oferecer diariamente dois cordeiros em holocausto. Outros sacrifícios são detalhados no livro de Levítico, todos com o mesmo foco: o animal é sacrificado como substituto do povo, tomando sobre si o castigo pelo pecado e possibilitando ao povo permanecer na presença de Deus.

Em Cristo, João testemunha, Deus recebe um último e definitivo sacrifício. Nós continuamos sem poder nos aproximar de Deus em sua santidade. Porém Cristo nos foi dado como o sacrifício perfeito, que carrega sobre si o nosso pecado e nos traz a paz com Deus. Daí João exclamar: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”

Nesta afirmação, João nos coloca diante da consumação do plano salvador de Deus. Cristo é o cordeiro. Todo o culto do Antigo Testamento, toda a Lei de Moisés, tudo o que Deus instituíra era apenas figura, sombra da realidade por vir. E eis que a realidade vem: Cristo, o Cordeiro de Deus veio ao mundo. Ele vem, como diz João, para tirar o pecado, para efetuar a salvação e remover nossas iniqüidades, para que possamos comparecer na presença de Deus em inocência e justiça.

O cordeiro de Deus não tira apenas o pecado de Israel. Ele vem para tirar o pecado do mundo. Ele traz a luz da salvação até as extremidades da terra. Ele cumpre toda a lei e todas as exigências de Deus para restaurar a santidade do seu povo, para consagrá-lo como nação santa.

De acordo com João, Cristo não vem para estabelecer um exemplo cuja imitação garante acesso a Deus. Ele não vem para dar um empurrãozinho a quem já está quase lá; ele vem para aqueles que não o procuravam, ele vem nos resgatar das trevas e da sombra da morte, ele busca o perdido, abre os olhos cegos e nos tira do caminho da morte para o caminho da paz.

Cristo é o Cordeiro. Ele é a nossa salvação. Nenhuma obra alcança o que o sacrifício instituído, oferecido e aceito por Deus oferece: perdão dos pecados, vida e salvação. Afinal, onde há perdão dos pecados, ali há também vida e salvação.

Suponha que você joga em um time de futebol, e seu time precisa ganhar o jogo final. O adversário, porém, é mais forte e ganha por 3x0 a 15 minutos do final. Nesse momento você se lesiona e precisa ser substituído. O seu substituto entra e acaba com o jogo: ele marca cinco gols e garante a vitória ao seu time.

Após o jogo, o técnico adversário exige que o time dele seja declarado vencedor, pois os gols do seu time foram marcados por um substituto, e por isso não valeram.

Será que ele tem razão? Pode valer o que o substituto fez em seu lugar? É claro que vale! Não há dúvida que os gols do substituto valem tanto quanto se fossem seus.

Assim também o que Cristo fez por nós é tão válido como se feito por nós. O castigo que ele recebeu por nossos pecados vale tanto quanto se nós tivéssemos sido castigados. A justiça que Ele conquistou para nós é tão válida quanto se por nós tivesse sido alcançada. Deus conhece nossa fraqueza, e providenciou um substituto para compensá-la.

Cristo é o nosso substituto. Ele morreu por nós. Ele foi punido por nós. Ele tomou sobre si o nosso pecado. Cristo também viveu por nós, cumprindo toda a justiça de Deus. Ele ressuscitou dos mortos, derrotando a morte por nós. Em Cristo, nós temos um substituto que toma o nosso pecado e nos presenteia com sua justiça. Um salvador que toma sobre si nossa morte e condenação e nos oferece vida eterna e bênção. Em Cristo nós temos um Deus gracioso, por quem o mundo foi criado, é redimido, e será restaurado.

A pregação de João é clara. Ela aponta para Cristo. Vejam! Aí está o Cordeiro de Deus. Ele tira o pecado do mundo. Que possamos, com a graça de Deus, ouvir as palavras do que clama no deserto, e seguir com confiança o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, proclamando o seu nome onde estivermos. Amém.

Rev. Gerson L. Flor
Lutheran Church-Canada
Georgetown , Ontario , Canadá
gflor@cogeco.ca

 


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