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Terceiro Domingo na Quaresma – 27 de Fevereiro de 2005 |
As palavras de Simeão “os meus olhos viram a tua salvação a qual preparaste perante a face de todos os povos” (Lc 2.30, 32), traduzem bem os textos deste domingo. Eles apontam para a inata cegueira espiritual do homem. Homem este que quer conquistar e superar tudo. Deus se calou, silenciou e se conteve por muito tempo. Por isso e guiará os cegos pelo caminho desconhecido (Is 40.14-21). Na cegueira não há luz, só trevas, e por essa razão, Jesus é a luz que ilumina e dá visão aos cegos. Em cristo, os que não têm visão deixam de serem trevas e passam a ser filhos da luz. Com a visão restaurada por Cristo não são cúmplices das obras infrutíferas das trevas, pois são reprovadas e reveladas pela Luz (Ef. 5.8-14). Por acreditarem que enxergavam o bastante, o ceticismo dos fariseus não permitiu ver que um mendigo, cego de desde o nascimento, teve sua visão restaurada por Jesus. Resolveram investigar o milagre. Inconformados com a resposta do ex-cego, convocam também os pais, que por medo de serem expulsos da sinagoga, afirmam que o filho de fato era cego de nascença, mas não saberem como teve suas vistas restauradas e quanto a isso, deviam consultá-lo. Convocam-no novamente diante dos fariseus, e desta vez exposto ao perigo, o homem dirige a humilde pergunta que tem resposta clara: a insistência não seria devido ao fato deles desejarem se tornarem discípulos de Dele? A resposta era óbvia, não sabiam de onde Cristo tinha vindo e eram discípulos de Moisés. Coisa realmente estranha para este homem em julgamento, que diante dos fatos e testemunha: poderia realizar um sinal deste se não fosse de Deus. Como podia os fariseus versados na Escritura, não crerem e nem saber de onde Cristo vinha? Definitivamente, o orgulho os condenou e agravou a culpa deles. Na concepção deles, Jesus era intratável e um incômodo. Ciente das provações que ocorreu com este homem, Jesus vem ao seu encontro lhe prestar auxílio. A leitura do Salmo (142) confirma que quando em meio a caminhos cheios de armadilhas por causa de nossa fé temos o recurso de recorrer a Deus. Certamente, Jesus se fará presente. Por ter seus olhos abertos por Jesus, passa a vê-lo Salvador. De fato, Jesus foi a Luz que dissipou todas trevas da vida deste homem, mas não do ceticismo dos fariseus. Jesus abriu a olhos da fé deste homem. Introdução: O mundo não foi o mesmo depois de Newton e Huxley. De um lado um contribui testemunhando que o mundo não necessita de Deus, pois as forças naturais realizam harmoniosamente o equilíbrio. Não há milagre! Por outro lado, Huxley, criador do conceito agnosticismo, diz que o conhecimento é limitado pela experiência em oposição a verdade sobrenatural da igreja. Já em nossos dias, Toynbee, fala que a pós-modernidade é caracteriza pela decadência da cultura ocidental, do cristianismo e de tudo o que é absoluto. Morre o cristianismo e sua única verdade absoluta (Jesus Cristo) e tudo passa a ser relativo. “Nos tempos pós-modernos ocorrerá o "domínio do simulacro" onde será possível a substituição do mundo real por uma versão simulada tão eficaz quanto a realidade”, afirma Baudrillard. Todos eles influenciaram o campo cientifico, comportamental, social, ético e religioso. Tudo é explicável do ponto de vista científico, do técnico, do natural e do histórico. Não sei se assim é melhor para a consciência, mas que o fermento dos fariseus ainda persiste (Mt 16.11-12), com nova roupagem, isso sei que sim. A pedra de tropeço continua sendo rejeitada (Mc 12.10). Talvez por isso, encontramos Jesus se apresentando nos Evangelhos na contramão, com ações contrárias as comuns, as naturais, parecendo faltar lógica e aparentando uma completa contradição aos nosso olhos, por isso, Jesus ilumina e dá sua visão I. Porque duvidamos e arriscamo-nos a ver tudo a partir do ponto de vista da experiência, do técnico, do cientifico, do natural com pressa e superficialidade. A. Como os fariseus, que acreditavam ter olhos que enxergam o suficiente. 1. Acreditavam ser mais confiável ser “discípulos de Moisés” (Jo 9. 28, 29) 2. Após a investigação detalhada, não podiam ver que Jesus curou o cego de nascença 3. Não podia ser verdade o testemunho do cego. Era fraude! O grande privilégio de saber as Escrituras deveria tê-los feito crer antes de todos. Mas o orgulho trouxe condenação e agravamento da culpa. B. Como os que se apóiam caminho do agnosticismo, ceticismo e superficialidade de nosso tempo 1. Depositando a consciência no que é “relativo” ou “depende”. 2. Procurando explicação externa e cientifica para tudo. Não existe mais verdade, só pontos de vista 3. Negam os fatos diante de si. Não há pecado, Adão e Eva, e Cristo, um mero homem. C. Como os que não abrem mão de suas visões, certezas e conhecimento ao encontrar-se com Jesus 1. Investigam e não encontram resposta que agrade. O Jesus que se revela nos evangelhos não serve para o conhecimento e experiência acumulada. 2. Equivocam-se acreditando que Deus e igreja são contra a ciência. Entretanto, Deus deseja o desenvolvimento de todas as profissões e ofícios. Neles Deus continua criando o mundo (Criação continua). 3. Permanecem na cegueira espiritual, acreditando que pode superar e investigar tudo, ter e dominar coisas que não podem. Jesus ainda constata: ”Vocês não compreendem? Seus corações são duros? Têm olhos mas não vêm, ouvidos não ouvem? (Mc 8.17,18). Jesus veio salvar e julgar isso também. Visto que a sabedoria do mundo não pode conhecer Jesus, sequer passar perto - apenas o terreno - Deus salvou os que crêem pela loucura da pregação (1Co. 1.21). O conhecimento humano é limitado (1 Co 1.24) e por isso mesmo Jesus precisa iluminar e abrir os olhos. II. Dos “cegos de nascimentos” A. A fim de que vejam a vida e o mundo com outros olhos porque Jesus lhes manifestou (Ef 5.13) 1. Para enxergar como as coisas realmente são 2. Para não confiarem sem limites na experiência, educação e conquistas acumulada. B. Que tem a visão melhorada por Cristo, por que Deus os guia por caminhos desconhecidos (Is 42.16). 1. Enxergam Jesus que os salvou de sua condição dominante. De sua cegueira natural e condenação 2. Reconhecem-no por tudo o que Ele fez e são agradecidos (Jo 9. 38). A vida acaba se tornando um altar, um culto, onde Deus, e apenas Deus é glorificado e contribui positivamente nos papéis que desempenha no mundo (na família, na sociedade e igreja). 3. Inseridos no mundo e reino de Deus, sabe a diferença entre ambos. Sabe a diferença entre ser igreja e mundo C. Têm seus olhos abertos para viverem no discipulado como filhos da luz e sabe que isto envolve cruz. 1. Onde há salvação, Cristo, consolo, também há oposição de Satanás. 2. Confiam que Deus sabe das coisas e pode socorrê-los em dificuldades (Jo 9. 35-38). Conclusão: No mundo de pós-modernidade, há avanço tecnológico em todas as áreas, tem-se pressa para tudo e muitas teorias e visões. Não dá para voltar atrás. Entretanto, o Cristo de outros tempos, fala para aqueles que vivem neste mundo e pode transformá-los. Ele é atual. Jesus quer ainda iluminar e dar visão aos cegos de nascimento para transformação do mundo com a renovação da mente regenerada por Ele, sem se conformar com este século. Todos os que têm olhos abertos para Jesus e Sua obra do gracioso poder da Palavra e do Espírito de Deus são curados da cegueira pecaminosa e recebe a verdadeira visão que o faz viver neste mundo. Nós vimos e ouvimos Jesus falar e não podemos deixar de falar destas coisas. Nada mais é necessário, portanto podemos dizer: “Meus olhos viram (e vê) a tua salvação!” (Lc 2.30)”. José Aragão
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