Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Segundo Domingo de Páscoa – 03 de Abril de 2005
Série Trienal A – João 20.19-31– Fernando Ellwanger Garske

(-> www.predigten.uni-goettingen.de)


Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: —Que a paz esteja com vocês! Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor.

Então Jesus disse de novo: —Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Depois soprou sobre eles e disse: —Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.

Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé: —Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: —Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer!

Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: —Que a paz esteja com vocês! Em seguida disse a Tomé: —Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!

Então Tomé exclamou: —Meu Senhor e meu Deus!

—Você creu porque me viu? —disse Jesus. —Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!

INTRODUÇÃO

Queridos amigos, hoje em muitas igrejas cristãs o discípulo Tomé será o personagem principal. Sua atitude se tornou célebre e a frase que ele disse até hoje é repetida por muitos: Se eu não vir... ... não vou crer ! (v. 25) . Dizem que ele teve um pensamento muito claro e científico ao querer provas concretas de que algo tão extraordinário como a ressurreição tinha realmente acontecido. No entanto, nós não queremos dar a Tomé o lugar de honra em nossa mensagem. Apesar de que, é verdade, é muito fácil nos identificarmos com ele. Mas muito mais interessantes são as atitudes de Cristo. Aquilo que Cristo fez pelo seu povo naquele tempo e ainda faz por nós hoje... Muito mais interessante é ver como o Senhor perdoou, congregou e fortaleceu aqueles que na Sexta Feira da Paixão se dispersaram e esconderam. E assim também perceber que o Senhor ainda hoje nos perdoa, congrega e fortalece em uma igreja que não vê, mas crê!

PARTE I - A BASE DA IGREJA

Amigos, Jesus havia sido morto. E esta fôra uma experiência difícil para seus discípulos e seguidores. Apesar de terem sido advertidos várias vezes, lá no fundo eles não esperavam que realmente acontecesse! Jesus já tinha dito em Mateus 26.31: está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. Disse isto se referindo a sua morte e às dúvidas e tristezas que restariam aos seus seguidores durante o tempo em que estaria na sepultura. E a profecia é confirmada quando Jesus é preso e os discípulos todos, deixando-o, fugiram. (Mt 26. 56).

Agora, no entanto, o Senhor ressuscitara, a obra da salvação estava acabada! Mas Jesus tinha ainda uma missão: Reunir, trazer de volta aqueles que estavam dispersos. Era necessário fortalecer e amparar a Igreja apostólica que estava nascendo.

Muitas vezes a Bíblia fala de aparições de Jesus após sua ressurreição. Mas algo chama a atenção: a ferramenta que Jesus usa para reunir seu povo de novo: O perdão dos Pecados. Sim, é com o perdão que Jesus reconstrói os corações medrosos, aflitos: conseqüência de consciências pesadas e culpadas. Quantas e quantas vezes aquela mesma imagem vinha à mente dos discípulos: Jesus sendo preso e eles fugindo covardemente, ou diante do testemunho da ressurreição, a atitude incrédula e duvidosa...

Jesus construiria sua igreja, seu Reino da Graça, tendo como ministros Pedro que o negou, Paulo que o perseguiu, os discípulos que fugiram e se trancaram loucos de medo e no texto de hoje: o científico e incrédulo Tomé! Realmente os vasos de barro precisavam ser reconstruídos!

É isto que Jesus faz quando pergunta por três vezes para Pedro: você me ama? E ouvindo resposta positiva ordena: Pedro, cuide das minhas ovelhas! (Jo 21.15-17).

É isto que Jesus faz quando aparece ao perseguidor Saulo em Damasco e lhe pergunta: Porque você me persegue? E daquele homem que cai do cavalo de suas convicções o Senhor levanta um grande apóstolo. (At 9.4, 15)

Jesus perdoa e reconstrói as vidas quebradas de seus discípulos covardes quando se coloca diante deles e diz: Que a paz esteja com vocês! (v. 19)

Jesus perdoa e reconstrói a vida do incrédulo Tomé quando diante da dúvida ele não apaga o pavio que fumega (Mt 12.20), mas de uma forma concreta e evangélica, através do perdão imerecido, devolve ao cético a certeza e a fé!

Estimados amigos, quantas e quantas vezes nós também fomos “Pedros”? Negamos o Mestre quando deveríamos testemunhá-lo sem medo! Quantas vezes fomos “Paulos”? E através de nossas atitudes, desinteresse, apatia, atrapalhamos o trabalho da igreja, sobrecarregamos alguns poucos e com críticas, falta de apoio ou zombaria também nos tornamos perseguidores! Quantas e quantas vezes somos como os discípulos medrosos? Diante de um mundo confuso, antiético, imoral e corrupto nos escondemos em nosso mundo, de portas trancadas, sem levantar a nossa voz em testemunho convicto e fiel? E também quantas vezes irmãos, assim como Tomé, deixamos a incredulidade e a dureza de coração tomar conta das nossas vidas?

A nossa vida precisa ser reconstruída pelo amor perdoador de Deus. Ainda hoje a igreja cristã é construída pelo mesmo amor e perdão do seu início. Ainda hoje Jesus vem a nós no Batismo, na Santa Ceia e na sua Santa Palavra nos garantir que somos seus e dizer a nós as mesmas palavras que disse aos discípulos temerosos: Que a paz esteja com vocês!

Quase dois mil anos depois, Jesus ainda vem concretamente nos dar seu Corpo e Sangue na Santa Ceia e assim reconstruir a nossa vida e a sua Igreja. Tornando ainda pessoas medrosas, incrédulas em discípulos. Nos tornando Igreja através do seu perdão!

PARTE II - JESUS NOS TORNA INSTRUMENTOS SEUS NA CONSTRUÇÃO DA SUA IGREJA

Meus queridos, olhando desta forma entenderemos melhor porque “Cristo para Todos” é a frase que norteia nossa vida como Igreja. Se é o perdão que nos faz Igreja, então não estamos em busca de pessoas perfeitas para sentarem nestes bancos. Como discípulos de Cristo queremos trazer os enfermos ao grande médico Jesus Cristo.

Olhando para nosso mundo, nossa cidade, iremos ver que as pessoas levam uma vida errada. Se abrirmos os jornais veremos que há pais que maltratam seus filhos, mães que abortam, casais que brigam até a morte, alcoolismo, crianças drogadas, prostituição e todo tipo de violência. Pensando um pouquinho veremos que a maioria desconhece essa doença mortal chamada pecado e vivem suas vidas sem procurar ou desejar cura. Que as pessoas foram educadas para acreditar que não passam de animais e por isso já não valorizam a vida como deviam.

E qual é a nossa postura em relação a essas pessoas? Como nós entendemos o “todos” do nosso lema? Somos nós uma igreja que anuncia o perdão de Cristo ou que exclui, afasta e julga?

Deus nos deixou uma grande missão aqui nesta terra. A missão de sermos seus instrumentos na construção de sua Igreja. A missão de testemunhar e evangelizar. De levar a Boa Notícia do perdão a todos. E um dos grandes anseios que temos é que a igreja de Deus cresça e fique mais ativa e viva! Para a igreja crescer e atingir seu objetivo “Cristo para Todos” métodos evangelísticos podem ser usados. Mas o mais importante é uma postura perdoadora e reconciliadora.

Como igreja somos chamados a receber, perdoar, tratar das feridas, caminhar ao lado assim como fez Jesus com seus discípulos, seus seguidores e ainda hoje faz com a gente.

CONCLUSÃO

Muita coisa pode ser dita de Tomé. Mas ele não é o personagem principal do texto. Jesus com sua Paz e perdão é e sempre será o principal. O mais importante em tudo, não foi a incredulidade e a dúvida, mas o perdão e a salvação. No entanto, ainda há uma coisa que podemos aprender com Tomé: como igreja perdoada também nós precisamos cair de joelhos aos pés do Jesus ressuscitado e confessar em alto e bom som: Senhor meu e Deus meu!

Cristo aceita o pecador.
Esta nova dá conforto
ao que, longe do Senhor,
no pecado se acha morto.
Apontai-lhe o Salvador:
Cristo aceita o pecador.

Amém!

Fernando Ellwanger Garske
Canela, RS - Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
pastorfernando@ibestvip.com.br

www.ielb.org.br

 


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