Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Santíssima Trindade – 22 de Maio de 2005
Série Trienal A – 2Co 13.11-14, Marcos Schmidt

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


TEMA – Desejando a bênção do Deus Triúno

Quando festejamos neste fim de semana a Santíssima Trindade, então abrimos mais uma vez o nosso coração para agradecer ao nosso único e verdadeiro Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, que nos criou, salvou e nos deu a fé.

Abrimos o coração e não apenas a mente, porque esta doutrina do Deus Triúno – um só Deus mas três pessoas, somente pode ser aceita pela fé, já que isto é impossível de ser compreendido pelo raciocínio lógico e humano.

Pensando bem, está cada vez mais difícil crer neste Deus que se mostra nas Escrituras Sagradas. Começando pela própria obra do PAI que criou o mundo, quando aprendemos na escola que tudo veio pela evolução. E depois a obra do Filho, menosprezada pelas virtudes e obras humanas. E seguindo com a tarefa do Espírito Santo, desmerecida com espíritos deste mundo que não têm nada de santo.

Sim, estamos vivendo tempos de ídolos pós-modernos: do ‘deus triúno’ da tecnologia, do sucesso e do prazer.

Há 500 anos, na Idade Média, Lutero perguntava: “O que significa ter um Deus?” E o reformador então respondia no CATECISMO MAIOR, dando-nos uma luz nestes tempos de escuridão apesar do progresso científico devido ao retrocesso espiritual: “Ter um Deus, diz Lutero, outra coisa não é senão confiar e crer nele de coração... Aquele, pois, a quem prendes o coração e confias, isso digo, é propriamente o teu Deus...

Em que Deus nosso coração está preso?

Em que, ou no que confiamos?

Nosso Deus é aquilo onde está nossa prioridade, nosso objetivo de vida. Nossa grande meta, nosso principal plano, isto é o nosso Deus...

Na verdade, nosso Deus triúno não é aquele que confessamos e adoramos na igreja. Nosso Deus Triúno é aquele que dirige nossos pensamentos fora da igreja, lá no trabalho, no lar, na escola, no lazer.

Nosso Deus triúno é o que está no coração e não apenas em doutrinas, - um Deus de vivência, de atitudes.

Por isto, dependendo do coração, este Deus pode estar disfarçado, bem escondidinho.

Sim, quem é o nosso Deus? Este lembrado na festa da Santíssima Trindade?

Ou aquele(s) respirado(s) e anunciado(s) pela propaganda desta sociedade tentadora e enganosa?

No texto da Epístola de hoje , vemos Paulo desejando as bênçãos deste Deus Triúno para cristãos que enfrentavam as mesmas dificuldades que enfrentamos hoje ...

Nossa leitura bíblica é O FINAL, a conclusão da 2ª carta do apóstolo aos cristãos da cidade de Corinto. Paulo teve dificuldades com esta gente, quando muitos não aceitavam suas recomendações e conselhos.

Corinto era uma comunidade cristã com muitos dons e potencialidades, mas lhes faltava muito do principal: o amor e a comunhão cristã. No capítulo 6 desta 2ª carta, Paulo insiste: “abram seus corações”. Como que dizendo: vivam a verdadeira fé, uma fé que se mostra no amor ao próximo.

Depois de várias recomendações, o apóstolo finaliza lhes desejando três bênçãos de Deus, coisas de que eles tanto precisavam:

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês.

à Graça, amor e comunhão ...

Outra bênção a que nós estamos acostumados é a araônica: O Senhor vos abençoe e vos guarde, o senhor faça resplandecer o seu rosto sobre vós ...

Na verdade, abençoar, ou desejar o bem, é uma atitude que Deus gosta de ver entre os seus filhos.
Quem sabe, aqui vale nos perguntar em segredo:
O que nós estamos desejando aos outros?
Que tipos de pensamentos temos do nosso próximo?
Quais sentimentos temos alimentado?
O que temos almejado aos nossos irmãos e irmãs lá no
íntimo do coração?

O bem ou o mal? Bênção ou maldição?

A resposta destas perguntas são oportunas e, é claro, pessoais. Porque, de maneira muito convincente podemos fazer com que os outros vejam o que na verdade não existe de concreto. Lá, BEM NO FUNDO DO CORAÇÃO podemos estar guardando sentimentos que são uma tremenda bomba suicida.

Sim, porque maus sentimentos contra o próximo são como bombas destes terroristas que se explodem matando a si e as pessoas ao lado ...

Bem da verdade , o amor ao próximo começa no pensamento. E assim, este amor tão falado e pouco praticado, depende da sinceridade.

Isto me faz lembrar nossas felicitações nos cartões de Natal, aniversário, e outros (coisa que parece estar acabando nestes tempos de internet). Depois de escrever palavras de carinho, finalizamos: são os sinceros votos ...

Mas - será que são sinceros mesmo ou uma formalidade?

E o nosso “bom dia”, a “boa tarde”?

São atitudes iguais ao daquele caixa de supermercado, que tem que agradar ao cliente, e por isto se tornaram rotineiras?

Sim, a gente começa a perceber que tem muita coisa que a gente fala mas não pensa, que diz mas não sente ...

Até nosso culto, orações, hinos, palavras, podem estar muito distantes do coração.

É interessante lembrar que a palavra “sincero” vem do latim e significa sem cera. Os artistas no tempo antigo usavam cera no rosto, como máscara, e assim escondiam a cara nas suas apresentações.

Ser sincero - sem cera, é expressar os sentimentos do coração no rosto, é ser transparente, é mostrar na cara os desejos que ninguém consegue ver.

Quem sabe, foi pensando nisto que o salmista no SALMO 19.14 pediu: que as minhas palavras e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, ó Senhor. Ou, conforme a versão atualizada: que as minhas palavras e os meus pensamentos sejam aceitáveis a ti, ó Senhor .

Por isto, de novo a pergunta:
à Como está o meditar do coração?
à como estão os nossos pensamentos com respeito ao próximo – seja na família, na igreja, no trabalho e em toda parte?

Têm sido agradáveis na presença do Senhor?

Ou no coração julgamos, criticamos, sentimos rancor, mágoa, ciúmes, inveja, falta de amor? E tudo isto escondendo atrás de um sorriso que vem forçado e com cera?

Se formos sinceros, sem cera, vamos ter que admitir, que em diversos momentos, nossos pensamentos foram maldições enquanto nossas expressões faciais foram bênçãos – o que na verdade não funciona – porque bênção é uma oração, um pedido que vem de dentro para fora.

Sim, Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com TODOS vocês ...

Certamente não há coisa mais preciosa para se desejar do que a graça do Senhor Jesus Cristo.

Graça aqui se refere ao perdão dos pecados, QUE NENHUJM DE NÓS MERECE, e que por isto vem de graça, VEM de presente.

“O sangue de Jesus nos purifica de todos os nossos pecados” lembra o apóstolo João em sua 1º epístola.

Sem dúvida, a bênção de Deus começa aqui, neste perdão divino. Porque, sem este perdão que vem da cruz não existe bênção de Deus.

Um perdão que precisa sempre ser renovado na própria vida e não na vida dos outros. Um perdão que a gente encontra na Bíblia, um livro que é para nós um espelho e não uma janela.

Sim, porque as vezes eu posso pegar a Bíblia e fazer dela uma janela - olhando para os outros. Mas isto não vai funcionar. Preciso reconhecer que ela é um espelho e ver ali a minha vida. E a primeira coisa que vou descobrir serão os meus pecados – e não os pecados dos outros. E depois, triste e arrependido, para alívio poderei ver o Cristo que me perdoa. E ele, então, há de espelhar-se na minha vida.

Por isto, quando desejamos a graça de Jesus a alguém, estamos orando lá no íntimo: ó Senhor Deus, que esta pessoa também tenha o perdão dos pecados que tu me deste, sem eu merecer.

Este desejo elimina aquilo que gostamos muitas vezes de fazer, de ver os pecados dos outros, sem ver a graça do Senhor Jesus na vida deles.

à Se Jesus não condena os outros, quem sou eu para condenar?

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus

O que significa desejar o amor de Deus a alguém? Significa aquilo que João escreve “o nosso amor não deve ser apenas de palavras e de conversa. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações” (1 João 3.18)

Por isto, quando desejamos o amor de Deus às pessoas, um amor que acontece também em coisas materiais, então vamos agir. Começa no pensamento mas termina na ação:

Temos uma explicação muito boa lá no livro de Tiago. Ele escreve: “pode haver irmãos e irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: que Deus os abençoe” Tg 2.15,16

Como vemos, abençoar começa no coração, mas não termina ali. Se for assim, isto fica apenas em bênção de palavras, sem ação. E Tiago é bem direto neste ponto: a fé de vocês é coisa morta ...

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo esteja com todos vocês ...

Domingo passado lembramos as bênçãos do Espírito Santo no Pentecostes. Bênçãos que provêm da comunhão.

Uma das grandes dificuldades que temos hoje em nossas igrejas é a comunhão. Vivemos no meio de muita gente, mas cada vez mais nos sentimos sozinhos. Estamos nos bancos das igrejas no meio de muita gente, mas estamos muitas vezes nos sentindo terrivelmente abandonados.

Onde está o problema: em nós ou nas atitudes dos outros?

Ou será que o Espírito Santo deixou de nos dar comunhão?

Sim, e quando nossas igrejas são grandes, com muitos membros, então parece que o problema aumenta, criando outras barreiras, além destas que naturalmente são comuns.

Por isto, se o Espírito Santo nos faz ter comunhão, e não duvidamos que este poder ele continua nos dando – mais outra pergunta: qual o diagnóstico, o resultado do poder deste Deus do Pentecostes aqui em nossa comunidade São Paulo, nesta congregação com dois mil membros?

  • Em nossos cultos, sentimos comunhão – isto é, amor mútuo que se revela em calor humano, paz, afeição, carinho?

Na verdade, quando o Espírito Santo nos congrega e nos faz igreja, ele também nos capacita com seus dons, com seus frutos, especificados em Gálatas 5.22: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio.

Sim, o que nós temos desejado ao nosso semelhante? O que temos desejado à nossa esposa, marido, filhos? À nossa sogra, sogro, parentes, vizinhos?

Que tipo de pensamentos temos tido em relação aos membros da nossa igreja?

Que tipos de sentimentos temos quando vamos à Santa Ceia e recebemos o mesmo corpo e sangue do Senhor Jesus?

Que tipo de desejos e pensamentos temos alimentado em relação, inclusive, aos nossos inimigos, aqueles que desejam e fazem o mal a nós?

Sim, irmãos e irmãs, como vemos, e isto já sabíamos, fé é uma coisa de coração e não de convenção – isto é, religião está no pensamento. Ou como disse Lutero: “Ter um Deus outra coisa não é senão confiar e crer nele de coração...

Assim, quando lembramos que temos um Deus Triúno – três em um, então fica evidente nossa incapacidade para crer neste primeiro artigo de fé.

Que bom que é assim, porque, da mesma forma, fica evidente que somos incapazes de pensar coisas boas, e muito menos de praticar coisas boas.

Mas é neste momento que vem este Deus, num poder de três, que é Graça, Amor e Comunhão. Um Deus que nos dá não só a força para abençoar, mas um coração novo.

Assim, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo esteja com todos vocês. Este é o meu desejo por vocês. Vamos desejar isto uns para com os outros? Então vamos dizer em conjunto: que a graça ...

E já que isto vem do coração, então vamos cantar o ofertório:

Cria em mim, ó Deus, um puro coração e renova em mim espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um voluntário espírito. Amém.

Marcos Schmidt
Novo Hamburgo, RS, Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
www.ielb.org.br
marsch@terra.com.br


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