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A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Mateus 13.1-9: “Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar; e grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou num barco e se assentou. E toda a multidão estava em pé na praia. E de muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto:a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

Uma senhora conseguiu, com muita dificuldade, que o seu marido, um rico comerciante, fosse junto com ela à igreja. Como um homem moderno e de negócios, ele levou junto o seu telefone celular, uma máquina de calcular e uma pequena agenda. Durante o culto, ele saiu duas vezes para atender o seu celular, fez algumas anotações na sua agenda e ameaçou fazer uma continha na sua calculadora.

Na volta para casa, a esposa lhe perguntou se ele tinha gostado do culto e se tinha entendido o sermão. Ele respondeu: “Para ser sincero, não entendi nada do que o pastor falou. Mas gostei do culto, pois é um ótimo lugar para se relaxar, se inspirar e tomar decisões. Eu hoje, por exemplo, tive ótimas idéias a respeito dos meus negócios”.

Freqüentemente ouço pessoas dizerem que saem da igreja tão vazias assim como entraram. Eu pergunto: O que será que essas pessoas vêm buscar na igreja? Será possível retornar vazio de um culto onde foram lidos vários textos bíblicos, foi oferecida uma mensagem, foi celebrada a Ceia do Senhor, foram cantados hinos de louvor a Deus e usado uma ordem de culto repleta de conteúdo?

O problema está no ser humano, no seu coração pecaminoso. O ser humano é o culpado de não ter proveito na pregação da palavra de Deus. Isso é o que Jesus nos diz na parábola do semeador.

De acordo com o evangelho de hoje, nem todos têm o mesmo coração, cada pessoa tem um coração diferente. Uns tem o coração agitado como a estrada. Outros têm o coração duro como uma pedra. E outros ainda têm o coração ocupado como um espinheiro. Esta é a causa de nem todos terem o mesmo proveito na pregação da palavra de Deus.

I

Jesus começa a parábola dizendo: “Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu a beira do caminho; foi pisado e as aves do céu a comeram”.

E ele próprio explica o sentido desta parábola, ao dizer: “A semente é a palavra de Deus. A que caiu à beira do caminho são as que a ouviram; vem a seguir o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos”.

Conforme Jesus, existe um tipo de pessoas cujos corações se parecem à beira do caminho.

Como sabemos, o caminho não é um lugar apropriado para se plantar. O lavrador não planta na estrada, a semente cai nela por acaso. Como a estrada é um lugar limpo, um lugar de se caminhar, a semente é pisada pelos que andam por ela e os passarinhos a devoram.

Assim é o coração de muitas pessoas: é como uma estrada, em que a semente da palavra de Deus cai por acaso, ocasionalmente. Estas pessoas são as que só lá de vez em quando vão à igreja, e quando vão não estão preparadas e nem dispostas a ouvir o que Deus tem a dizer. Vão por costume, ou para criticar, como o faziam os fariseus nos tempos de Jesus. Elas ouvem com os ouvidos, mas fecham os seus corações, e a palavra de Deus não consegue penetrar. Então acontece o que Jesus diz: “Vem o diabo, arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo sejam salvos”.

Aqui está uma das razões porque muitas pessoas não têm proveito na pregação da palavra de Deus, porque não têm edificação: o diabo não deixa. O diabo impede que a semente da palavra de Deus penetre nos seus corações, catando-a como fazem os passarinhos. A indiferença e a pouca disposição delas facilita essa sua ação.

Como se vê, a culpa não é de Deus quando alguém não tem proveito na pregação da palavra de Deus, mas sim do próprio homem que dá lugar a Satanás, deixando que ele arranque do seu coração a semente divina antes de brotar.

O segundo tipo de pessoas que não conseguem tirar proveito na pregação da palavra de Deus são as que têm o coração parecido com a rocha. Diz Jesus: “Outra caiu sobre a pedra; e, tendo crescido, secou, por falta de umidade”.

E Jesus mesmo explica o que ele quer dizer com isso: “A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo, e na hora da provação se desviam”.

Parece estranho, mas uma semente pode brotar em cima de uma pedra. Havendo umidade e, como pressupõe Jesus, uma pequena camada de terra, costuma brotar melhor do que noutro lugar. Só que, assim como brota com rapidez e facilidade, assim ela também seca rapidamente. Basta dar uns dias de sol em seguida, que ela seca.

Assim diz Jesus, é o coração de muitas pessoas. Elas facilmente aceitam o que se está pregando. Elas se empolgam e se emocionam com muita facilidade. São capazes de chorar diante do entusiasmo do pregador, quando ele diz algumas frases bonitas.

No seu entusiasmo tomam decisões importantes, como o de consagrar a sua vida completamente ao Senhor e de abandonar o pecado.

Mas assim como se entusiasmam com facilidade, elas também desanimam e apagam facilmente. São como a semente no solo rochoso. Basta um contratempo qualquer, uma provação mais dura que elas abandonam a igreja e esfriam na fé.

É que elas não se aprofundam na palavra de Deus, são superficiais. Baseiam-se demais nas experiências, emoções e sentimentos, em vez de buscar uma base mais sólida para a sua fé. Fazem a sua fé depender demais do pregador, no entusiasmo, do que na palavra de Deus. E quando a igreja esfria, elas então fracassam na fé.

Isso acontece muito nos movimentos de renovação carismática. De repente há um grande despertamento espiritual. A igreja cresce. Há vibração e entusiasmo. Mas, daí vem os contratempos, as provações. Então o grupo se desfaz e as pessoas que, antes estavam tão entusiasmadas, abandonam tudo e se voltam para o mundo.

Aí está uma outra causa de muitas pessoas são se beneficiarem com a pregação da palavra de Deus. A culpa, pois, não é de Deus, mas sim do homem, que é superficial, instável e sentimentalista. Em vez de se aprofundar na palavra de Deus, só pensa em experiências, emoções e sentimentalismo.

III

Finalmente, há um terceiro tipo de pessoas que não se beneficiam com a pregação da palavra de Deus. São as que têm o coração igual ao espinheiro. Diz Jesus: “Outra caiu no meio dos espinhos, e estes cresceram com ela, e a sufocaram”.

E a sua explicação é a seguinte: “A que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida. Os seus frutos não chegaram a amadurecer”.

Quem tem experiência com plantações sabe o que acontece quando se semeia no meio do mato ou espinho. A semente até sai. Mas, na medida que vai crescendo, o mato também cresce. E cresce tanto que com o tempo acaba sufocando a planta.

Assim diz Jesus é com o coração de muitas pessoas. Elas vão à igreja, ouvem a palavra de Deus, mas não têm proveito. É que os seus corações estão cheios de preocupações e desejos carnais. A palavra de Deus é sufocada nos seus corações com a riqueza, os prazeres da carne e o mundanismo.

Essas pessoas, quando têm tempo, vão à igreja, ouvem a palavra de Deus, mas não conseguem prestar atenção. Os seus pensamentos então voltados não para o pregador, mas para o mundo, para os seus negócios e os prazeres da vida.

Também em casa não conseguem ler e estudar a Bíblia. Estão sempre ocupadas com as coisas da vida. É a essas pessoas que Paulo se refere, ao dizer: “Os que querem ficar ricos caem em tentações e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens em ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males: e alguns nessa cobiça se desviaram da fé, e a si mesmo se atormentam com muitas dores”.

Essas pessoas querem ser cristãs, querem servir a Cristo, mas o mundo não deixa. E acabam servindo a dois senhores, o que, de acordo com Jesus, não é possível.

Então, de quem é a culpa do homem nem sempre ter proveito da palavra de Deus? De Deus, que não quer a sua salvação – ou do ser humano, que ocupa demais a sua mente com as coisas do mundo?

Jesus nos mostra na parábola do semeador que a culpa é do homem, que é superficial, instável, e não ocupa o seu coração com a palavra de Deus, e sim com o mundo.

Que tipo de solo é o seu coração? Como é que você recebe a palavra de Deus? Você tem realmente proveito na pregação da palavra de Deus? Ou você está entre aqueles que nada entende ou não se edifica?

Lembre-se: a palavra de Deus é a mesma para todos. Ela é poderosa e independe de quem a anuncia. O seu poder está nela mesma e não no pregador. O que impede que ela frutifique é o nosso coração pecaminoso, endurecido e inconstante. E não outra coisa.

Mas Jesus menciona ainda um outro tipo de coração: é o coração boa-terra, que recebe bem a palavra de Deus e produz bons frutos.

Numa terra boa, se o tempo correr bem, sempre há boa colheita. A semente brota e produz. Assim deve ser o nosso coração. Deus espera que o nosso coração seja como a boa terra, que recebe bem a palavra de Deus e frutifique em abundância.

Sejamos, pois, boa terra e recebamos bem a palavra de Deus para que tenhamos o devido proveito da mesma.

Que Deus abençoe o nosso coração e a palavra nela semeada, para que caia em boa terra e produza muitos frutos. Em nome de Jesus. Amém.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
pieperlin@bol.com.br
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