Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

11º Domingo após Pentecostes – 31 de julho de 2005.
Sl 136.1-9, 23-26 Is 55.1-5 Rm 8.35-39 Mt 14.13-21
Marcos Schmidt
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Tema : O amor de Deus dura para sempre ... mesmo quando o nosso dura só um pouco ...

Parece que a única maneira de valorizar as coisas boas é comparando com as coisas ruins. Por exemplo: só se dá valor à saúde quando se está doente. Só se dá valor a comida quando não se tem o que comer. Só se dá valor à chuva quando existe estiagem. E assim é com tudo. Assim também é com o amor de Deus.

É por isto, quem sabe, que o salmista tem que repetir 26 vezes dizendo que o amor de Deus dura para sempre. Pode até ser cansativo ouvir e dizer que o amor de Deus dura para sempre. Mas não ficamos cansados com o Sol que nasce todo o dia; com a chuva que nunca falta para regar a terra; com a comida que está sempre na nossa mesa. Tudo isto e muito mais são coisas que temos porque o amor de Deus dura para sempre.

É este amor de Deus , que dura para sempre, que alimentou uma multidão com apenas 2 peixinhos e 5 pães. É este amor que dura para sempre que fez Jesus ficar com pena daquela multidão quando viu o sofrimento que estavam passando.

Nós deveríamos confiar mais neste amor de Deus . Afinal, não temos razões para fazer o contrário. Mas, precisamos reconhecer que o que nos chama a atenção mesmo, infelizmente são as coisas ruins. E nestas horas, logo sabemos encontrar o culpado: Deus.

Fico doente e pergunto: “porque Deus faz isto comigo?”

Perco o emprego e meus pensamentos fervilham: “porque Deus deixa acontecer isto? Sou esforçado, vou na igreja, dou minha oferta?” Morre alguém muito querido e surgem dúvidas: “Deus não me ama... Se Ele me amasse, não permitiria que isto acontecesse”...

Os discípulos de Jesus também tinham dificuldades para acreditar no amor de Deus que dura para sempre. Sem nenhuma necessidade eles ficaram preocupados, e não conseguiram esconder o quanto a fé deles era fraca e parecida com a nossa nos momentos de dificuldades. O Evangelho diz que “os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram: - Já é tarde (está ficando noite), e este lugar é deserto. Mande esta gente embora a fim de que vá aos povoados e compre alguma coisa para comer.”

Sem dúvida somos muito parecidos com os discípulos. Nos problemas conseguimos apenas ver o deserto, a escuridão da noite.

Jesus dá uma resposta muito interessante aos discípulos e que deveria ser observada mais de perto por nós: “O povo não precisa ir embora. Dêem vocês mesmos comida a eles”. Mas onde os discípulos iriam encontrar comida para aquela multidão faminta, que só contando os homens, eram 5 mil, fora as mulheres e as crianças?

Jesus queria dar uma lição ! Uma lição igual a de um pai ao seu pequeno filho. O filho de 5 anos teimosamente queria fazer uma coisa sozinho mas não conseguia porque era muito pequeno. Sem deixar o pai ajudar, o menino tentava e tentava, mas não iria conseguir. O pai deixa o filho quebrar a cabeça só para mostrar que ele não tinha nenhuma condição sem a ajuda dele. Foi até o menino perceber que só o pai mesmo para resolver o problema.

Pois os discípulos queriam fazer as coisas sozinhos. Esqueceram de que junto com eles estava Jesus. A resposta para a preocupação deles estava tão perto. Mas eles simplesmente queriam mandar aquela gente embora, sem antes consultar aquele que já tinha resolvido tantos problemas e assim, oferecido suficientes provas de seu poder e de seu amor.

Sim, quantas vezes somos iguais a estes discípulos. Em vez de buscarmos ajuda daquele que está sempre pronto a nos ajudar, desistimos e mandamos tudo e todos embora.

O que está faltando ? Falta apenas perceber a presença de Jesus! Falta apenas acreditar que o amor dele dura para sempre e não termina quando surgem problemas que aparentemente não tem solução.

É deste amor de Deus que dura para sempre, que fala o apóstolo Paulo: “Se Deus está do nosso lado , quem nos vencerá? Ele não deixou de entregar nem o seu próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós! Se ele nos deu o seu Filho, será que não nos dará também de graça todas as coisas?” ... “Então quem pode nos separar do amor de Deus? Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo ou a morte?”... E falando por experiência própria, responde: “Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus”.

E para mostrar aquilo que tantas vezes nos faz duvidar do amor de Deus, o apóstolo cita uma lista de várias coisas que tentam nos afastar do amor de Deus: “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem o mundo lá de cima nem o mundo lá de baixo”

Nem a morte, nem a vida nos separam do amor de Deus.

Maridos morrem, esposas morrem, filhos morrem, pais morrem, amigos morrem... A morte traz uma terrível separação. Mas a morte não separa de Deus. Porque com Deus é diferente. Ele sempre está conosco, tanto na morte como na vida.

Nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais nos separam do amor de Deus ...

Satanás e seus anjos maus, que têm muitos poderes neste mundo, não têm, no entanto, poderes sobre os cristãos. Diz a Bíblia que Satanás tenta acusar os cristãos do pecado. Mas a Epístola nos tranqüiliza: “Quem acusará o povo escolhido de Deus? É o próprio Deus quem declara que eles não têm culpa”?

Quê palavras preciosas, quando tantas vezes este Diabo tenta nos enganar com pensamentos de que Deus não irá nos perdoar deste ou daquele pecado.

Nem o presente nem o futuro nos separam do amor de Deus.

Tem muita gente apavorada com o futuro. Desemprego, guerra, violência, fome, doença, e tanta outra coisa... Mas o cristão não precisa ter medo do que vai acontecer no futuro. O cristão confia nas palavras de Jesus que tranqüilizam : “...não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações” (Mt 6.34)

Nem o mundo lá de cima nem o mundo lá de baixo nos separam do amor de Deus...

Tem gente que também está muito preocupada com os astros, planetas e asteróides. A última notícia dos cientistas é que um asteróide pode se chocar com a Terra daqui há 11 anos, com data e hora marcadas, destruindo um país inteiro e matando muita gente. Daqui a uma semana, por exemplo, estaremos entrando no mês do azar, do cachorro louco. Muitos estão apavorados com o que pode acontecer. Até casamento não marcam neste mês. Este tipo de preocupação leva as pessoas ao pecado da superstição, onde se deixam guiar pelo horóscopo e todo o tipo de misticismo e bruxaria.

John Powell , professor de Teologia na Universidade de Loyola, Estados Unidos, conta uma história a respeito de um aluno seu, chamado Tommy. Este aluno não acreditava em Deus e constantemente nas aulas fazia brincadeiras e colocava dúvidas em tudo aquilo que lhe era ensinado. Diz o professor que no final do curso, quando este aluno incrédulo se aproximou para entregar seu exame final, perguntou num tom muito cínico: "O senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?”

Imediatamente o professor, lhe respondeu: "Não!"

"Ah!", disse o aluno, "eu pensei que este fosse o produto que o senhor estava tentando nos vender".

- "Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará", devolveu o professor. O aluno não deu bola e saiu da sala com ar de deboche.

Alguns anos depois o professor recebeu uma notícia muito triste: seu ex-aluno Tommy estava com câncer nos dois pulmões.

Antes que ele pudesse ir a procura de Tommy, ele é que veio lhe ver. Seu físico tinha sido devastado pela doença, já sem os cabelos, resultado da quimioterapia. Mas os seus olhos estavam brilhantes e a sua voz estava firme, muito diferente daquele Tommy de antes. Ele sabia que tinha apenas algumas semanas de vida. - "A razão pela qual eu vim vê-lo", disse Tommy, "foi a frase que o senhor me disse no último dia de aula. Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria Deus algum dia e o senhor respondeu, 'Não!', o que me surpreendeu. Em seguida, o senhor disse, 'mas Ele o encontrará'. Eu pensei um bocado a respeito daquela frase, embora naquela época eu não pensasse muito em procurar por Deus. Mas quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e me disseram que era um tumor maligno, aí encarei com mais seriedade a procura de Deus. E quando a doença espalhou-se pelos meus órgãos vitais, eu comecei realmente a dar murros desesperados nas portas de bronze do paraíso. Mas Deus não apareceu. Um certo dia eu acordei e percebi que de fato não estava me importando com Deus, com uma vida eterna ou qualquer coisa parecida. Aí eu pensei no senhor e nas suas aulas. Então eu dei meia volta e lá estava Deus. Ele não veio ao meu encontro quando eu Lhe implorei... Mas o que é importante é que Ele estava lá. Ele me encontrou. O senhor estava certo. Ele me encontrou mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele”. Conta o professor que alguns dias depois este aluno morreu, mas morreu crendo no amor de Jesus.

Esta história é a história de todos nós. Precisamos perder as coisas que tanto damos valor para dar valor àquilo que temos e que realmente é importante: o amor de Deus. E é nestes momentos quando perdemos, quando sofremos, quando gememos, é nestes momentos de carência, de angústia, de dor, que podemos encontrar este Deus que mais do que ninguém sabe o que é sofrimento. Ele sofreu a cruz, a morte, o desprezo... Ele sofreu o próprio inferno. Todo este sofrimento foi para não sentirmos a dor eterna do inferno junto com Satanás.

Sim, precisamos confiar mais neste amor de Deus e viver este amor. E assim dizer com o apóstolo: “Então quem pode nos separar do amor de Cristo? Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo ou a morte ... Pois eu tenho a certeza que nada pode nos separar do amor de Deus”. Amém.

Escrita por Rev. Marcos Schmidt
Adaptada por Rev. Milton Buss Leitzke
mbl@vsp.com.br
Igreja Luterana, Brasil.

 

 


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