Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

21º Domingo após Pentecostes - 09/10/2005
Série Trienal A – Filipenses 4.4-13 - Horst R. Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Leituras: Salmo 23; Isaías 25.6-9; Filipenses 4.4-13; Mateus 22.1-10.
Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. (Fp 4.4,5)

Mensagem.Introdução. Alegrai-vos! Quem não gostaria de poder alegrar-se sempre e verdadeiramente de todo o coração. O mundo busca alegrias e não se cansa de inventar novas atrações e sensações. Muitas delas pecaminosas. E o resultado final é sempre o mesmo: Um pequeno momento de alegria, seguido de canseira e enfado, e muitas vezes de remorsos.
Os filhos de Deus, pela fé em Cristo, não têm prazer nestas alegria pecaminosas do mundo. Eles na verdade também se alegram com as bênçãos terrenas, mas eles têm e buscam uma alegria superior: Cristo! O mundo não entende isso. As pessoas não cristãs acham que ser cristão é uma chatice, é andar triste. Não! Pelo contrário. Nós temos uma alegria profunda que o mundo não conhece. O texto bíblico lido nos convida a refletir sobre esta alegria cristã. Que alegria é essa? Qual a sua fonte? Como ela se externa?

1 – Fundo histórico – O apóstolo Paulo escreveu a carta aos filipenses da prisão em Roma, lá pelo ano 61 AD. A Comunidade de Filipos vivia dias muito difíceis. Ela estava sofrendo uma árdua perseguição. Muitos fiéis foram açoitados, presos e mortos e muitas famílias destroçadas. Paulo lhes escreve uma carta de edificação e consolo. Nesta carta escreve: Alegrai-vos! Como? Que conselho estranho para momentos de sofrimento. Este conselho parece fora de qualquer propósito para este momento. Que alegria poderia ser esta?

2 – A fonte da alegria – O apóstolo Paulo não fala de uma alegria fugaz, nem ignora o problema por uma fuga da realidade. Ele diz: Alegrai-vos. Alegrai-vos no Senhor! A fonte da verdadeira alegria em todas as situações é Cristo.
Alguém dirá: Cristo? Que alegria Cristo pode me dar. Muitos jovens dizem: Cristo é um estraga prazeres. Tudo o que gosto e quero a religião me proíbe. Estão aí meus pais constantemente dando me um sermão do que devo e não devo fazer do ponto de vista da religião cristã.
O mundo só conhece a alegria do mundo. E no centro desta alegria estão os desejos da carne, o pecado. A respeito dessa alegria, Jesus afirmou: “Ai de vós que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar.” (Lc 6.25)
Os filhos de Deus, a quem Jesus abriu os olhos, aos quais o Espírito Santo encheu de temor de Deus, estes não têm alegria nas coisas do mundo, porque eles não são mais do mundo. Eles ficam tristes ao verem ainda tantas inclinações pecaminosas em seus próprios corações, e verem tantos pecados em derredor de si. A respeito deles Jesus afirma: “Bem-aventurados são os que choram, porque serão consolados.” (Mt 5.3) Choram em verdadeiro arrependimento. Eles são consolados com a graça de Cristo. Pela Palavra de Deus sabem do amor de Deus revelado em Cristo Jesus. O quanto Deus os amou e ama a humanidade. Em Cristo eles têm completo perdão dos pecados, paz com Deus e a esperança da vida eterna. “Bem-aventurado, disse Jesus, é aquele que não achar em mim motivo de tropeço.” (Mt 11.6) Aquele que crê na graça de Cristo. Esta verdade do perdão dos pecados que Cristo nos conquistou enche seus corações de alegria e de paz. Esta verdade da graça os faz ver o céu aberto. Eles se apegam a Cristo. E podem dizer com o apóstolo Paulo: Já não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim. O meu viver é Cristo. (Fp 1.21)
“Alegrai-vos, sempre no Senhor.” Esta palavra “sempre” é muito importante. Ela significa: Em todos os momentos, em todos os caminhos, no bem estar e também sob a cruz. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na felicidade e também nos momentos de perseguição. Sim, nada pode roubar aos cristãos esta alegria em Cristo. Paulo está preso, mas as algemas não podem lhe roubar a alegria em Cristo. Os filipenses estão sendo estraçalhados, sofrem, mas nada pode lhes roubar a alegria em Cristo. Cristãos foram lançados diante de leões e queimados vivos e entoavam hinos de louvor. Nada pode roubar-lhes a certeza do amor de Deus, do perdão e a esperança da vida eterna. Na carta aos romanos o apóstolo afirma: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8.37) Cristo concede esta força para suportar todas as adversidades da vida. Por isso podemos cantar ainda hoje com Lutero: “Que tudo se vá, proveito não lhes dá, os céus nos são deixados.”
O apóstolo Paulo afirma: “Outra vez vos digo, alegrai-vos.” Apesar do pecado em nós e ao nosso derredor, não queremos permitir que isto nos roube a alegria de viver. Estamos diante da face de Deus em verdadeiro e diário arrependimento e confiança na graça de Cristo que nos reergue e nos faz louvar e jubilar.

3 - Vossa moderação – A alegria é algo fundo no coração e se expressa na vida de diversas formas. A alegria do mundo, normalmente, leva a extravagâncias, excessos e libertação de seus desejos carnais. A alegria cristã ao contrário, conduz à moderação. Moderação é um uso correto das coisas. É reprimir os desejos da carne. É usar tudo conforme a vontade de Deus. Moderação, especialmente em relação às pessoas que nos cercam. O mundo nos odeia, mas nós procuramos amar os próprios inimigos.
Não será, porém, tal procedimento o fim do cristianismo. Não. Foi exatamente esta moderação, este amor demonstrado aos inimigos, e esta alegria demonstrada nas horas cruciais que levou muitos a refletirem sobre a mensagem cristã e se converteram ao cristianismo. Dizia-se, com razão, no tempo da perseguição romana: Cada gota de sangue de um cristão derramado, gera centenas de outros cristãos.

4 – Não andeis ansiosos de coisa alguma (v.6) – Quantas vezes já ouvimos as expressões: Tenho medo! Não agüento mais. O que será de mim! Que preocupações. Paulo estava preocupado com o futuro de suas congregações e do cristianismo. Muitos cristãos em Filipos que foram presos, temiam a tortura, estavam preocupados com respeito a seus filhos e parentes. Paulo lhes escreve: “Não andeis ansiosos de coisa alguma.” Isto é fácil dizer, mas difícil de viver, mesmo para nós que “não fomos provados até o sangue”. (Hb 12.4) O apóstolo nos estimula a colocarmos nossas preocupações nas mãos de Jesus. Jesus sabe o que nos está acontecendo. Ele sabe até onde poderá deixar os inimigos zombarem ou martirizarem os fiéis. Ele sabe guiar, proteger e fortalecer sua Igreja. Nesta confiança podemos continuar alegres. “Perto está o Senhor.” Esta palavra tem dois sentidos. Jesus está perto, conhece os sofrimentos e está pronto a amparar e fortalecer. Por outro, Jesus virá em breve para julgar vivos e mortos. Em breve estaremos com ele nos céus, na bem-aventurança.

5 – E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus – A paz de Deus. É difícil descrever a paz de Deus, num mundo que fala tanto de paz, mas não tem paz. A razão humana não compreende. Médicos muitas vezes se admiram quando estão diante de pacientes cristãos, e dizem: Estes cristãos têm uma paz interna que não entendemos. Mesmo quando não há mais solução médica e a morte se aproxima, eles estão consolados. Esta paz é operada pelo perdão de Cristo. Pelo perdão, eles têm certeza da comunhão com Deus. Na comunhão com Deus, eles têm certeza da vida eterna, do lar celestial. Tudo isso lhes infunde paz na alma. Por isso o apóstolo diz: A paz de Deus guardará os vossos corações. Não é nossa força, é a força da paz de Cristo. Ela dá forças para suportar todas as adversidades e atrocidades e consola na morte. “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo, alegrai-vos.”

Horst R. Kuchenbecker
pastor emérito, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
São Leopoldo, Brasil, RS
horstrk@cpovo.net


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