Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

22º Domingo após Pentecostes - 16 de outubro de 2005
Série Trienal A – Salmos 96; Isaías 45.1-7; Mateus 22.15-21 – Marcos Schmidt
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Deus nos ama e nos escolheu para sermos dele.

Agora também podemos escolher...

A gente sempre ouve ou diz que “religião, política e futebol não se discutem”? De onde vem este ditado? Acho que vem do fato de que ninguém pode nos obrigar a nada nesta vida. Somos livres para escolher qualquer coisa.

Pensando mais a fundo, todos somos feitos de três partes: religião, política e futebol.

Religião, é a nossa parte oculta e inexplicável – o espiritual. Mesmo quando muitos dizem que não tem religião, no entanto, nunca vão poder negar a existência de sua alma, de seu espírito, de sua eternidade. Política é a parte material do ser humano. A vida social: o trabalho, a comida, a segurança, a sobrevivência numa sociedade hostil e predadora – o racional. Política, por exemplo, é este referendo, aqui no Brasil, no próximo dia 23 de outubro.

E futebol? O futebol é a nossa parte emotiva. Futebol representa a parte lúdica do ser humano, o lado criança, a parte divertida. Futebol pode ser o próprio futebol, pode ser a pescaria, as festas com os amigos, enfim, qualquer coisa que faz a gente sair da rotina do trabalho. E que é fundamental para uma vida saudável. Por isto ninguém vive sem religião, política e futebol. E é por isto também que são assuntos que não se discutem, isto é, cada um tem liberdade e ninguém pode obrigar ninguém...

Foi assim que Deus nos fez. Com este princípio de liberdade para escolher. Um princípio que esta lá no Gênesis. Adão e Eva estavam livres para decidir, decidir inclusive entre o bem e o mal. E quem conhece o resto da Bíblia sabe que foi assim mesmo que Deus continuou tratando a sua criatura humana. Dando-lhe liberdade para escolher. Desta forma, o ser humano não está preso por Deus neste mundo criado por Ele. Ele vive num “campo sem cercas”.

Mas, é preciso entender, que nesta liberdade que Deus nos dá, vêm as conseqüências em nossas escolhas. Se escolhemos a parte boa, é claro, as conseqüências são boas. Se escolhemos a parte ruim, vêm coisas ruins. E a Bíblia está cheia de exemplos. Exemplos que podem ser seguidos. Exemplos que não deveriam ser seguidos...

“Decidam hoje a quem vão servir. Resolvam... qual deus vocês querem... Se abandonarem a Deus... ele os castigará” (lemos em Josué, capítulo 24). “...fizeram o que me desagrada e escolheram coisas que me aborrecem”(Isaías 66.3). “... apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor, e esta ninguém vai tomar dela”(Lucas 10.42).

Estes e outros textos bíblicos apontam para tal princípio da vida humana - a liberdade em decidir. Decidir inclusive a própria religião, o próprio Deus.Os textos bíblicos deste Vigésimo Segundo Domingo após Pentecostes, de certa forma, apontam para este ditado popular - religião, política e futebol não se discutem.Mas, ao mesmo tempo, os textos nos dão uma colher de chá – eles nos indicam a melhor escolha.

Nas leituras do Salmo e do Antigo Testamento, Deus faz uma propaganda de si mesmo, para mostrar o caminho melhor.No Salmo 96 (4 e 5) lemos: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses. Porque todos os deuses dos povos não passam de ídolos; o SENHOR, porém, fez os céus”. Em Isaías 45.5 e7 (NTLH): “Eu, somente eu, sou o Senhor, não há outro deus além de mim (...) Eu sou o Criador da luz e da escuridão, e mando bênçãos e maldições; eu o Senhor, faço tudo isso”.

Enquanto isto, na leitura da Epístola, a propaganda é a própria vida dos cristãos na cidade de Tessalônica. É como a gente vê na televisão quando fazem propaganda de algum produto - de pessoas que usaram e aprovaram. Lemos: “Pois lembramos, na presença do nosso Deus e Pai, como vocês puseram em prática a sua fé, como o amor de vocês os fez trabalhar tanto e como é firme a esperança que vocês têm no nosso Senhor Jesus Cristo (...) Desse modo vocês se tornaram um exemplo para todos os cristãos...” (1 Ts 1.3 e 7 - NTLH)

Já no texto do Evangelho de Mateus, temos a célebre resposta de Jesus. Com uma moeda na mão, com a figura do imperador de Roma, Jesus diz: “ Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22.21). Com isto Jesus calou a boca dos judeus que queriam fazer uma pegadinha com ele, e ao mesmo tempo, o Senhor lembrou deste princípio de liberdade. Aqui especificamente em escolher o quanto deve-se dar a Deus e o quando deve-se dar ao mundo político.

Na verdade, meus irmãos e irmãs, seria bem mais fácil para nós, se o nosso Deus tivesse nos criado que nem fazemos com os nossos bichinhos de estimação, que ficam presos em gaiolas, em coleiras, ou dentro de cercas, etc. Se o Criador fosse autoritário, mandão, ditador, podemos ter a certeza que jamais permitiria um mundo como este. Estamos onde estamos – guerras, violência, fome, destruição – exatamente por este princípio de liberdade. Lamentavelmente, estamos usando nossa liberdade para o mal.

No entanto, nesta história de liberdade, tem o Evangelho. A boa notícia de que Deus arranjou um jeito para nos livrar de nossas escolhas erradas. E este Evangelho agora é a nossa única salvação. Isto porque, depois da decisão lá no Jardim do Éden em abandonar o Criador, todos os seres humanos, também você e eu, NÃO CONSEGUEM MAIS, por si próprios, fazerem a decisão certa.

“Todos se desviaram ( diz a Bíblia)... Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo” (Romanos 3.12)

Na verdade, a nossa situação é igual a destas pessoas que estão debaixo dos escombros deste terremoto lá no Paquistão, e que milagrosamente, algumas estão sendo retiradas vivas. Estamos debaixo de toneladas de concreto, das ruínas que o pecado provocou. Estamos presos, sem nenhuma chance de sobreviver. Só existe uma salvação – alguém nos encontrar, retirar todos os escombros que estão sobre nós e nos resgatar.

Foi isto que Deus fez na minha vida e na tua vida, estimado irmão, estimada irmã. A Bíblia diz que Cristo nos resgatou da maldição da lei (Gl 3.13). Isto é, ele veio até nós e se colocou em nosso lugar. E para nos salvar, sofreu o peso do pecado e morreu debaixo deste pecado.

Agora estamos livres, livres para viver.

Isto me faz lembrar destas cenas que estamos vendo pela televisão, de pessoas, crianças, mulheres, que estão sendo retiradas dos escombros deste último terremoto. Podemos imaginar a alegria destas pessoas, depois de tanto sofrimento e desespero.

Acho que a gente não se dá conta do resgate, da salvação que Deus realizou em nossa vida. A gente se esquece disto. Por isto precisamos sempre de novo olhar para esta cena – para as imagens de Jesus nos resgatando sob os escombros do pecado.Olhamos para estas imagens, de maneira especial na Santa Ceia. Façam isto, diz Jesus, em memória de mim. Isto é, nunca se esqueçam daquilo que eu fiz por vocês, pede o Salvador.

É por isto que vamos aos cultos, lemos a Bíblia, participamos de estudos bíblicos, para nunca esquecer aquilo que facilmente esquecemos. Era isto também que o apóstolo Paulo estava lembrando aos cristãos da cidade de Tessalônica, conforme a nossa epístola deste culto. “Irmãos, sabemos que Deus os ama e os escolheu para serem dele” (1 Ts 1.4). Os cristãos desta cidade lá na Europa ouviram o Evangelho anunciado pelo apóstolo Paulo, tudo porque Deus os havia escolhido. Não foram eles que escolheram a Deus.

Esta é a grande verdade da Bíblia que todos precisamos dar atenção. Se hoje estamos aqui nesta igreja ouvindo e crendo na Palavra de Deus, não foi porque nós decidimos isto. Se hoje você veio para o culto, não foi porque você resolveu isto. Além de Deus ter lhe dado condições físicas (você poderia estar na cama doente), Deus também lhe deu condições espirituais.

Isto é bom sempre nunca esquecer, antes que algum tipo de orgulho encha o nosso coração com pensamentos, tipo: Eu estou aqui porque fui eu que decidi... Ninguém manda na minha vida... Eu sou dono do meu nariz... Sem dúvida, meus irmãos e irmãs, todos somos donos do nosso nariz, mas só para cheirar as coisas podres e ruins. O nosso nariz não consegue cheirar as coisas boas de Deus. Para isto, precisamos de um olfato novo, transplantado.

A Bíblia chama este nosso novo nariz de novo homem, nova natureza – ou simplesmente fé. Ou também podemos apontar para o lema da nossa igreja – NASCIDOS COMO FILHOS DE DEUS. Foi no Batismo que Deus nos escolheu, nos transformando em filhos amados e herdeiros da vida eterna.

E agora, somos filhos crescidos e com liberdade. Podemos escolher a religião, a política e o futebol. Podemos decidir se queremos armas ou não. Podemos escolher qual o partido, qual o governo, enfim, dar a César o que é de César.

Podemos escolher entre o Grêmio ou o Inter, ou qualquer outro time. Ou se nem queremos algum time. Mas o principal, também podemos escolher qual o Deus que queremos. Se este da Bíblia, revelado em Cristo, ou outros que andam por aí. Podemos até nem escolher, e ficar sem nenhum Deus. Isto é, adorar a nós mesmos, sermos donos do próprio nariz. Podemos escolher se queremos vir ao culto, ou ficar em casa. Podemos escolher se queremos servir a Deus, com nossas ofertas, tempo, dons, e toda a vida. Ou se queremos usar a nossa vida e as coisas que temos para nós mesmos. Enfim, somos livres para decidir...

Mas, ainda bem, meus irmãos e irmãs, que Deus continua fazendo propaganda de si mesmo. Ele sabe que o mundo, o Diabo, e a nossa natureza humana, fazem propaganda enganosa. Por isto, nos alerta dizendo: “Eu, somente eu, sou o Senhor, não há outro deus além de mim (...) Eu sou o Criador da luz e da escuridão, e mando bênçãos e maldições; eu o Senhor, faço tudo isso” (Is 45.5,7). Com a força desta propaganda verdadeira, focalizada na cruz, sem dúvida, não existe outra escolha melhor. Amém.

Rev. Marcos Schmidt
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Novo Hamburgo, RS
marsch@terra.com.br
www.ielb.org.br

 


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