Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Antepenúltimo Domingo no Ano da Igreja – 06 de novembro de 2005
Lucas 5.1-11 – Uma meditação – Marcos Schmidt
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


REFORMA DA IGREJA HOJE
CONTRA AS REDES QUE PESCAM DINHEIRO

As conseqüências da corrupção na política são mais graves quando o assunto é igreja. Por isto o protesto de Lutero, cravado naquele 31 de outubro de 1517, tem vez e voz nestes tempos de indulgências pela prosperidade material. Sobretudo quando lemos nas teses 65 e 66: "Assim os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam pessoas possuidoras de riquezas. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que agora se pesca a riqueza das pessoas".

A indignação não é pelo dinheiro roubado, mas pelo Evangelho - isto é, o Filho de Deus, negociado nos púlpitos e altares.

Que a religião sempre foi uma maneira de as pessoas ganharem dinheiro (roubando), disto ninguém dúvida. E a própria Bíblia confirma (1.Timóteo 6.6).

Isto me faz recordar uma proposta indecente. Há uns 15 anos atrás. Veio de um representante comercial que queria abrir uma nova igreja. Com o seu tino comercial e meus conhecimentos bíblicos, vi seus olhos brilharem quando detalhava o plano de ação. Não deve ter faltado comparsas, e hoje pode ser representante de uma mega igreja e com muito dinheiro na mala. No entanto, cedo ou tarde estes vendedores de indulgência são surpreendidos com as calças na mão. Afinal, o crime não compensa nem mesmo em conta bancária. Podem até passar a vida inteira enganando, mas um dia a casa cai.

No tempo bíblico os apóstolos já ficavam de cabelo em pé e até precisavam defender-se: "nós não somos como muitas pessoas que entregam a mensagem de Deus como se estivessem fazendo um negócio qualquer" (2. Coríntios 2.17).

Pois, se o povo em geral está revoltado com a corrupção pública e política que devora bilhões, o povo cristão deveria estar mais atento. Porque nestas horas não se faz diferença, tudo é colocado no mesmo saco, e o Evangelho evidentemente fica comprometido.

Na verdade, qualquer um está sujeito a este tipo de corrupção. O texto sagrado adverte:

"Tomem cuidado também para que ninguém se torne imoral ou sem respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que por causa de um prato de comida, vendeu os seus direitos de filho mais velho" (Hebreus 12.15,16).

Ninguém tem autoridade para vender ou comprar as coisas sagradas. "Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé", escreve o apóstolo. "Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus" (Efésios 2.8). Um presente que custou a vida do Filho de Deus.

É bom entender esta verdade quando lidamos com o dinheiro dentro da igreja. Isto para não cair na sórdida idéia de que merecemos alguma coisa do céu com o nosso dinheiro ou qualquer esforço.

Se Deus fez a sua igreja depender de testemunho, trabalho, dons, bens terrenos e outras coisas, então isto é privilégio. "Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama a quem dá com alegria" (2 Coríntios 9.7).

Nestes tempos de corrupção e conchavos quando tudo vira em pizza, os templos com seus cristãos precisam fazer a diferença. Ou então Jesus pode voltar antes da hora, e com um chicote expulsar os mercenários dizendo: "A minha casa será uma Casa de oração. Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões" (Lucas 19.46).


(artigo para o jornal NH de 3 de novembro de 2005)
Marcos Schmidt – Novo Hamburgo – RS – Brasil
marsch@terra.com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
www.ielb.org.br


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