Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Quinto Domingo na Quaresma- 02 de Abril de 2006
Série Trienal B – Jeremias 31.31-34 – Sérgio P. P. Valkinir
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto bíblico: Jeremias 31.31-34

Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor.
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.

Tema: NOVA ALIANÇA

PROPOSIÇÃO: Deus estabelecerá uma nova aliança.

OBJETIVO: Identificar a Cristo como a nova aliança.

Assim como João 3.14-20 (16) é um versículo especial da Bíblia, querido por todos que crêem em Jesus, também esta passagem de Jeremias é vista como uma das mais importantes de todo o Antigo Testamento. Entre outras coisas a ressaltar, este é o único lugar onde se fala de uma “nova aliança” no AT.

Mas, de onde Jeremias tirou essa idéia? Seus pensamentos e idéias têm influências de seus amigos (outros profetas e religiosos), mentores, mestres, e outros grandes pensadores da época, e, é claro, sob a influência e inspiração do Espírito santo. É a partir disso que Jeremias apresenta este conceito exclusivo de uma nova aliança que Deus estabelecerá.

Aqueles que dizem que esta é uma das mais importantes passagens do AT também sustentam que o conceito da nova aliança é a maior contribuição de Jeremias para a verdade bíblica. Nesta passagem, podemos encontrar:

  • A época da aliança (v. 31) – “Eis que vêm dias...”
  • O autor da aliança ( v. 31) é o SENHOR.
  • O tipo (nome) desta aliança (v. 31) – “... firmarei NOVA aliança...”
  • Os receptores ou participantes desta aliança (v. 31) – “Casa de Israel” e “Casa de Judá”.
  • E agora, no v. 32, temos um contrastecom uma outra aliança, a antiga aliança. A nova aliança não será como a antiga, que Deus fez com os israelitas quando os tirou da terra do Egito. A antiga aliança, diz o SENHOR, “eles a anularam” por sua constante desobediência. A antiga aliança era baseada na Lei, em méritos e obras, susceptível de infrações, não foi inteiramente cumprida, não deu vida.
  • A natureza (tipo, caráter, como será?) da Nova Aliança (vv. 33-34). Não será mais uma aliança externa com uma lei escrita em tábuas de pedra; mas será mediante uma lei escrita no coração e que dá um conhecimento íntimo com Deus, que traz comunhão com Deus, perdão dos pecados, e verdadeira paz de coração.

Isto seria um bom início para um longo e exaustivo sermão ou estudo. Mas, vamos deixar isso para um outro dia. Também, nem foi assim com Jeremias, que, num certo dia de uma sentada só, resolveu escrever sua profecia. O profeta se mantinha em constante comunicação com Deus. E sua atuação profética aconteceu durante um período muito conturbado e crítico da historia de Israel.

Israel (Reino do Norte) já estava lutando contra Babilônia por algum tempo. Jerusalém (Reino do Sul) entraria na mesma situação e cairia. Muitos do povo já estavam massacrados, sendo tomados como escravos, ou prestes a serem transportados para a Babilônia. O Reino do Sul, Judá, proclama o profeta Jeremias, está para ter o seu fim e o profeta anuncia que já estava bem próximo. “Com grande coragem o profeta ridicularizou a idéia popular de que a confiança no Templo, como habitação de Deus, livraria o povo em tempo de crise” (R.K. Harrison. Jeremias e Lamentações. 1980, p. 14). O próprio Templo em Jerusalém será pilhado pelo exército Babilônico e ficará aos escombros. Falando assim, a própria vida do profeta ficou sob ameaça. Ninguém podia acreditar. Mas o que foi profetizado aconteceu.

Tudo isso era um sinal de que o relacionamento de aliança entre Jahvé e Israel tinha por fim e terminantemente entrado em colapso. Os tempos eram difíceis, e tudo indicava que ficariam ainda piores.

Dependendo da época em que alguém possa situar a atuação de Jeremias, algumas dessas coisas estavam para acontecer ou já haviam acontecido. Eu entendo que o Profeta Jeremias estava pregando antes da queda de Jerusalém ( 587 a.C.). Neste caso, a palavra do profeta em nosso texto é uma profecia positiva (firme) que veio para dar esperança e segurança ao povo que já vivia em extremo desespero.

A Antiga Aliança agora chega ao seu fim . Não havia nada que indicasse tratar-se de uma mera renovação da aliança Mosaica. O profeta informa ao leitor que Jahvé está no processo de fazer uma Nova Aliança. Isto nos leva a perguntar: Por que uma nova aliança?

A essência de um relacionamento de aliança repousa na expressão:“Eu sou o teu Deus e tu és meu povo” (v. 33). Assim foi a Aliança que Deus estabeleceu com os israelitas quando saíram do Egito (Êx 19). Numa aliança, partes diferentes assumem um compromisso. Cada parte, mesmo diferentes entre si, tem coisas a observar, cumprir, ou realizar. Assim acontece com o compromisso dos noivos no casamento.

O problema que sempre vêm à tona na história de Israel é que a nação não conseguiu manter-se fiel ao Senhor Deus Jahvé. No compromisso de casamento o mais básico e essencial é que o marido e a esposa devem ser fiéis um ao outro em tudo. Israel, embora tenha assumido um compromisso dizendo “tudo o que o Senhor falou, faremos”, não poderia em si mesmo ter condições de ser fiel ao Senhor. E, mesmo hoje, aqueles que não reconhecem Jesus como o cumprimento da Antiga Aliança, também não têm condições de serem fiéis a Deus.

Quantas e quantas vezes Israel, influenciada por povos canaaníticos, não caiu na idolatria e se prostituiu, traindo o Senhor! Escavações arqueológicas indicam que Israel até mesmo criou imagens de Deus. Também é conhecido que Israel não cultuava apenas Deus, mas os deuses de seus vizinhos e os que eles mesmos inventavam. A verdade é que Israel ignorou o requisito básico natural da Torá (Lei) de acordo com o afirmado no 1º dos 10 Mandamentos, isto é, não reconhecer ou adorar nenhum outro deus e nem cultuar o Senhor Jahvé por meio de imagens de escultura.

Mas, acontece que não havia mais: 1º - fidelidade, amor e compromisso p/ com Deus na nação israelita como um todo; 2ª – E por essa razão as pessoas começaram a não mais acreditar umas nas outras, o relacionamento ficou prejudicado, portanto. E assim, exatamente esse fracasso para com a Lei é que levou ao colapso da Antiga Aliança.

Mensagem

Bem! E uma vez que estamos já em nossa caminhada final neste período de quaresma, o presente texto bíblico nos leva a perguntar sobre nosso relacionamento com Deus. E especialmente, que façamos uma avaliação de nossa fidelidade a Deus, ou talvez, de como está nossa fé! Também nossa convivência com outras pessoas!

Agora eu não vou começar a imaginar que vocês estejam deliberadamente matando, roubando, mentindo, trapaceando, caluniando seu próximo, desonrando os pais. Que estejam dominados pelas obras da carne. Não, não vou afirmar isso, antes desejo saber que você já foi mudado pelo poder de Deus. E você quer fazer sempre o que é certo! E também é verdade que você está aqui hoje porque você quer santificar, honrar o Dia do Senhor. Quer se fortalecer na fé e encontrar consolo. Mas, quanto aos israelitas, foi porque eles falharam em seu relacionamento com Deus, falharam no cumprimento dos mandamentos da 1ª tábua, essencialmente o 1º e mais importante deles, foi isso que os levou à inquietação (2ª tábua) bem como à ruína.

A grande questão seria então: Você ama o Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todo o seu entendimento? E você ama o seu próximo com a si mesmo? Foi assim que Jesus resumiu as duas tábuas da Lei e que ainda hoje nós precisamos lembrar. Mas Ele colocou o cumprimento no amor. E o apóstolo Paulo fala que “o cumprimento da Lei é o amor” (Rm 13.10). Mas vamos nos lembrar também que, conforme João, se alguém diz que ama Deus, mas odeia o seu próximo, é mentiroso (1Jo 4.20).

Eu acredito que a maioria, se não todos nós, tem a tendência de não levar muito a sério estas questões, provavelmente da mesma maneira como fizeram os israelitas. Quer dizer: Tudo começa com amor a Deus, apego à sua Palavra, participação nos cultos. E depois vem o resto. E que resto?! E se tudo isso for mesmo verdade, há alguma coisa na leitura bíblica de hoje que nos dá esperança, paz; que muda a nossa vida, e que nos leva a agir melhor. Porque o que nos fala o profeta de Deus é uma profecia admirável cujo conteúdo é de esperança e a garantia (promessa) de Deus para o seu povo desesperado.

O SENHOR promete que fará uma nova aliança com um fundamento diferente . O Senhor Deus planeja (pretende) fazer uma aliança que se baseia na inscrição da Lei (Torá) no interior do seu povo. Não algo que esteja só gravado em tábuas de pedra ou pendurado na parede da sala. Mas que esteja inscrito no coração. Algo que não seja mais os “faça” e “não faça” ou com o peso da letra, mas na mente, na vontade, na alma, no coração.

Portanto, a Palavra de Deus nos diz que ele estabelecerá uma Nova Aliança, e que esta estará gravada no seu coração, no coração de todos. E esta Nova Aliança é exatamente o nosso Senhor Jesus Cristo. É uma aliança que foi firmada com o seu sangue.

O autor de Hebreus nos deixa isto bem claro no NT. Em Hb 8.1ss., temos como título em nossa Bíblia: “A antiga aliança era o símbolo transitório da nova, superior e eterna, da qual Cristo é o mediador.” E nos vv. 5-7 podemos ler: Fala-se de Moisés, que foi divinamente instruído para construir o tabernáculo. Depois nos vv. 6 e 7 lemos: “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda”. Então é citado aqui em Hebreus o texto de Jeremias. E então ainda v. 13: “Quando ele (Deus) diz Nova, torna antiquada a primeira.”

Certas pessoas entendem de forma errada o que diz o profeta Jeremias e fazem uma má teologia. Presumem que esta inscrição da Lei na mente e no coração das pessoas deve ser entendida no sentido de que, se quiserem agradar a Deus e estar em comunhão com Ele, devem levar suas vidas caracterizadas por uma obediência “tintim por tintim” a cada prescrição particular da Lei. Então serão aceitas por Deus. Mas, como Lutero já dizia, e isto com fundamento especialmente em Gálatas e Romanos, “como saber que já fizemos o suficiente para Deus nos perdoar os pecados?” Pessoa nenhuma será aceita por Deus pelas obras da Lei, porque pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado. Legalismo não salva. Traz incertezas e aterroriza ainda mais as pessoas, que acabam se fiando em si mesmas, e não nos méritos de Cristo, que é a Nova Aliança. Portanto, o legalismo é uma teologia confusa, anti-bíblica e anti-Cristo e é pecado!

No AT, Antiga Aliança: Baseada na Lei. A Antiga aliança caducou. Prefigurou a Nova, que agora é baseada no Evangelho. Assim, o fundamento para um correto relacionamento com Deus está na Nova Aliança: Cristo.

Então, o que acontece é que o SENHOR Deus deseja fazer algo no interior do seu ser, deseja fazer aquela mudança que tem Jesus no coração, aquela mudança (Batismo) que fará com que você dê ao SENHOR a resposta correta que a Lei espera: santificação. Então, o sentido exato do texto (v.33) é este: Tão somente o Senhor assim declara: Com a Nova Aliança, que é Jesus Cristo, impressa na sua mente e inscrita em seu coração por Deus, Deus será o seu Deus e você será o seu filho, parte do seu povo bendito. A partir disso, o relacionamento para com Deus será direto, não mais dependerá de uma orientação externa. O conhecimento de Deus expressado não virá de um conhecimento teórico transmitido pela instrução religiosa. Mas, será um conhecimento baseado no coração que experimentou a graça divina, conhecimento este transmitido pelo Santo Espírito com a certeza de que o crente em Cristo foi recebido na família de Deus através do perdão dos pecados.“Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”.

Portanto, a Nova Aliança é baseada num extraordinário ato de perdão. Um ato de perdão pelo qual o Senhor Deus é o responsável, porque é ele que age em você para mudar o seu coração, sua mente de uma forma tal que você responderá a ele de uma maneira como nunca antes tinha feito.

Nesta quaresma, como dissemos, estamos em nossa caminhada com Jesus para Jerusalém mais uma vez . Reconheça e confesse que Jesus Cristo é a Nova Aliança de Deus, assinalada, selada, e entregue por nós no sangue do Cordeiro. Ceia: Tomai e bebei. Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, derramado por vós para a remissão dos vossos pecados. Deus quer e pode inscrever isto em seu coração. Confie nele e experimente o seu maravilhoso perdão. Tal como Jesus falou a Nicodemos em João 3, é preciso nascer de novo e se alegrar com a nova vida em Cristo Jesus.

A vontade de Deus é firmar uma Nova Aliança. Esta Aliança está na vida, sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. E que também, ao fazer você parte desta Nova Aliança inscrita por Deus no coração, que você a exemplifique em seu viver diário. O poder e a vontade para isto vem de Deus. Confie nele é saberá que é verdade. Amém.

Toda a Glória seja dada a Deus, o Pai, o Filho e o Santo Espírito. Amém.

[ Traduzido e adaptado por Sérgio Paulo Plaster Valkinir. Colaborador: Al Lowe. In.: www.sermoncentral.com ]

Sérgio Paulo Plaster Valkinir
Mandaguari – PR – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
luteranadapaz@brturbo.com.br
www.ielb.org.br

 

 


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