Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Domingo de Ramos – 09 de abril de 2006
Filipenses 2.5-11 – Oscar M. Zimmermann
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto : Fp 2.5-11
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus
Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo a terra,
E toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Tema : Confessemos o nome de Cristo

Introdução

Tradicionalmente o Domingo de hoje, Domingo de Ramos, é considerado o Domingo da Paixão. Os cristãos ao redor do mundo começam a viver, relembrando os acontecimentos da Semana Santa, a semana da Paixão. Nesta semana são relembrados, mais de perto, os fatos que dizem respeito ao sofrimento doloroso, ao julgamento e à morte do Filho de Deus. Mas estes acontecimentos são precedidos pela história da Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém. Assim como Jesus entra triunfalmente em Jerusalém, ele continua, firme, sua jornada de forma decidida em direção à cruz para morrer em benefício de toda a humanidade.

Aliás, esta caminhada do Deus Homem que venceu, suportando tudo, garantindo a vitória e dando-nos salvação eterna, já fora predita pelo profeta Zacarias [texto do AT], como uma caminhada de um conquistador triunfante. Zc 9.9 deixa isto muito evidente: “Alegra-te... exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador” -. O próprio Salmo de hoje [92] expressa todo o louvor e gratidão de um povo vitorioso e que manifesta sua alegria pela salvação, ciente de tudo o que Deus tem feito por ele.

Por isso, convido os irmãos e as irmãs a juntos confessarmos, também nós, neste Domingo de Ramos e da Paixão, o nome de Cristo, a fim de podermos também celebrar daqui a uma semana, de forma jubilosa, o Domingo da Ressurreição.

CONFESSEMOS O NOME DE CRISTO

A Epístola aos Filipenses, escrita lá pelo ano 63, faz parte dos escritos de Paulo que se referem a ele como “o prisioneiro” do Senhor, quando esteve preso em Roma, pela primeira vez. E este é o diferencial também para encontrarmos razão para afirmar que o apóstolo perfeitamente sabia o que é ser humilhado e maltratado. Ele sofreu isso na própria carne. Mas apesar disso tudo, esta carta expressa alegria e felicidade muito grande do apóstolo em poder confessar Cristo, como Senhor de todos. Por isso ela foi chamada de “epístola da alegria”.

Dentro dessa moldura de alegria, de salvação e confiança nos é apresentado o Filho de Deus, como o Deus Homem e o Homem Deus, sua natureza divina e humana, de forma a o seguirmos como exemplo em nosso viver diário. São duas verdades que se sobressaem, portanto, neste texto. Paulo mostra tanto a humilhação quanto a exaltação daquele que entrou de forma triunfal em Jerusalém - que foi humilhado, mas no terceiro dia foi exaltado, ao ressuscitar de entre os mortos.

Por isso e desta forma o Filho de Deus precisa, ainda hoje, ser crido e confessado por nós cristãos. Entrar numa Semana Santa sem esta visão e sem esta perspectiva é celebrar a Semana da Paixão sem seu verdadeiro significado.

Recomendamos, pois, buscar respostas para o significado da humilhação e exaltação de Cristo no Catecismo Menor de Lutero, explicações de Schwan. A resposta à pergunta de nº 150 esclarece muito bem em que consiste esta humilhação de Cristo. Tomando por base o 2º artigo do Credo Apostólico, a humilhação de Cristo é descrita com as seguintes palavras: “Cristo foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado”. - Mais adiante pergunta-se: “Em que consistiu, portanto, a humilhação de Cristo?”, respondendo que ela “consistiu em não ter ele usado sempre e inteiramente a majestade divina, comunicada à sua natureza humana”.

Assim confessamos de Cristo, como aquele que se esvaziou de si mesmo, tornou-se um servo, à semelhança de cada ser humano. Esta verdade é, de fato, o centro de todo o texto. Jesus se esvaziou, desistindo de ser igual a Deus para assumir a forma humana, a fim de que pudesse realizar satisfatoriamente sua obra redentora. Portanto, “esvaziar-se” quer dizer que ele despejou, como que derramando dum recipiente para fora, para verificar que nada mais poderia ser encontrado dentro desse recipiente depois dessa atitude. Assim se torna patente o sacrifício da encarnação humana. O Todo Poderoso deixou de lado todo o seu poder, majestade e glória divina, que foram despejados para assumir a humanidade, com fome, com cansaço, lágrimas e sujeição às tentações mais cruéis concernentes a qualquer homem. Aqui está a grande verdade salvadora de que Ele, “sendo rico se fez pobre” em favor de nós, cf. Rm 8.9.

Cristo viveu como servo e verdadeiramente foi como o mais humilde ser humano. O apóstolo expressa isso muito bem, descrevendo a função do servo: “foi obediente até a morte e morte de cruz”. [v. 8]. Esse é o extremo a que alguém pode chegar em sua obediência. Aliás, as grandes características da vida de Jesus foram sua humildade, obediência e renúncia de si mesmo. Não quis ser dominador, e sim, quis servir, a fim de que todos tivessem perdão, vida e salvação.

Agora a nós cabe imitar e confessar o Jesus da cruz. Se a humildade, a obediência e a renúncia são as características supremas de nosso Senhor, também cabe a nós e a todos os autênticos seguidores de Cristo ser assim. O egoísmo, a busca da exibição própria, o orgulho e a não disposição do serviço ao próximo por isso sempre devem ser colocados de lado para que se possa assumir estas características, movidas pelo amor do Salvador. Este é o significado do confessar o nome do Senhor perante as pessoas na prática.

A partir dessa vivência também havemos de confessar o nome de Cristo quanto à sua exaltação. E em que consiste esta exaltação?

“A exaltação de Cristo consiste em que ele usa sempre e inteiramente a majestade divina comunicada à sua natureza humana” . Ou seja, de acordo com o que confessamos no Credo apostólico ele“desceu ao inferno, ressuscitou ao 3º dia, subiu ao céu, e está à direita de Deu Pai, donde virá a julgar os vivos e os mortos”. Por isso é que não conhecemos outro nome, além de Cristo pelo “qual importa que sejamos salvos”. [Atos 4.12].

Por este motivo o apóstolo afirma que algum dia, mais cedo ou mais tarde, todo joelho do universo, nos céus, na terra e debaixo da terra, se dobrará perante Jesus para reconhecê-lo como “ Senhor de todos”. Para o cristão isto quer dizer que, reconhecendo seu amor maravilhoso, se dobrará perante ele humildemente. Mas o faz em adoração verdadeira. A adoração, pois, não se baseia numa submissão de medo, porém, em amor. Para os condenados este reconhecimento tardio será para confirmar sua condenação, pois para estes Cristo não será mais o Salvador, mas sim o Juiz.

Conclusão

Neste Domingo da Paixão lembramos, especialmente, que Jesus é o exaltado, o vitorioso, o triunfante Senhor de todos. Porém também confessamos que foi necessário que ele passasse pelo sofrimento por nossa causa, e fosse obediente até a morte de cruz.

Por isso a Palavra do profeta Isaías torna-se tanto mais atual: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; Cada um se desviava pelo seu caminho. Mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos” - Is 53.6. Sobre este texto o já falecido Professor Rev. Wadewitz, do então Seminário Concórdia em Porto Alegre, escreveu: “Pondere, séria e sinceramente, as palavras do profeta. O que você tem diante de seus olhos e o que está considerando é o segredo revelado e a razão do maior drama na história da humanidade: sobre Jesus - Deus lançou sobre Ele a iniqüidade de todos nós, de todos os homens”.

Creio que podemos fazer nossas as palavras do professor, ao ponderarmos sobre a obediência de Cristo, sua morte e exaltação. Nós queremos e precisamos confessar o nome Cristo pelo que Ele fez por nós e pela humanidade toda, e pelo que é para cada um de nós. O amor de Cristo nos constrange a isso! Por isso confessamos com Lutero: “Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus, ... e também verdadeiro homem; é meu Senhor, pois me remiu a mim homem perdido e condenado...” [Explicação do 2º Artigo]. Amém.

Rev. Oscar M. Zimmermann
Dois Irmãos – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
oscarmz@terra.com.br
www.ielb.org,br

 


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