Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Quarto Domingo de Páscoa – 7 de maio de 2006
Salmo 23.1-6 – Lindolfo Pieper
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


O SENHOR É O MEU PASTOR

Salmo 23.1-6: “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”.

Certa vez um conferencista muito famoso foi assistir a um culto no domingo de manhã em uma igreja na Escócia. Como se tratasse de um grande orador, foi-lhe pedido que recitasse o Salmo 23. Ele concordou. Recitou com muita graça e perfeição o salmo. A congregação ficou impressionada com a sua declamação.

Em seguida alguém da platéia pediu que o pastor recitasse o mesmo salmo. Humilde, mas sinceramente, ele o fez com grande sentimento. Quando terminou, a congregação tinha lágrimas nos olhos de emoção.

O culto terminou. Um amigo do conferencista veio ter com ele e perguntou-lhe se havia notado o efeito diferente que as duas recitações tinham tido sobre o povo. Por um momento o orador guardou silêncio. Depois replicou com um alto senso de humildade: “Sim, eu notei. É que eu conheço o salmo, mas ele conhece o pastor”.

I

O Salmo 23 é o salmo mais bonito, conhecido e lido por todos. Quantas pessoas, no leito da morte, já não recitaram este salmo? Outras pessoas, em momentos de dificuldades, tribulações e angústias encontraram neste salmo consolo, conforto e ânimo.

O Salmo 23 é tão consolador e confortante porque nasceu da experiência do próprio autor. O salmista Davi neste salmo conta a sua própria experiência. Ele no Salmo 23 retrata a sua própria vida.

Assim como as ovelhas estão sujeitas a muitos perigos, necessitando de alguém que as cuide, assim também ele, Davi, precisava de um bom pastor que tomasse conta de sua vida nesse mundo de perigos, dificuldades e tentações. Portanto, para entendermos bem o Salmo 23 é preciso que conheçamos alguma coisa sobre as ovelhas.

A ovelha é um animal manso, indefeso e que necessita de muitos cuidados da parte do pastor. Especialmente nos tempos bíblicos, em que foi escrito o salmo, existiam muitos ladrões, assaltantes e animais ferozes. O pastor tinha que ficar em constante alerta contra os perigos. Além disso, era o pastor que levava as ovelhas para o pasto e depois as reconduzia de volta.

Também nós nesta vida enfrentamos muitas dificuldades, perigos e obstáculos. Precisamos muito de um bom Pastor que nos ajude. E Deus está sempre pronto para nos ajudar e defender contra todos os perigos. Ele não nos deixa faltar nada: dele vem o sustento e a força para a vida. Por isso podemos dizer: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará”.

II

Um dos trabalhos do pastor de ovelhas era procurar sempre a melhor pastagem para as suas ovelhas, como também água limpa e fresca. E os pastores faziam isso com muito cuidado, porque sabiam que disso dependia o seu sucesso como pastor.

Também o nosso bom Pastor Jesus procura sempre o melhor para nós. Deus nos ama e por isso procura sempre o nosso bem. Tudo o que precisa ser feito por nós, ele o faz.

Embora o pastor de ovelhas sempre deseje o bem de suas ovelhas, ele, no entanto, tinha que fazer algumas coisas com elas que elas não gostavam.

Quando, por exemplo, elas estavam com bicheira, era preciso colocar remédio na ferida, o que ardia muito. Outras vezes ele tinha que lhes aplicar uma injeção ou ainda fazer uma pequena cirurgia a fim de abrir um tumor.

Também nós como cristãos passamos por coisas que não gostamos e nem entendemos. Algumas vezes são problemas financeiros, outras vezes é um acidente, doença ou ainda a morte. Mas Deus sabe o que é melhor para nós. Diz ele em sua Palavra, em Isaías 29: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito: pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais”.

Deus nunca deseja o mal de seus filhos, mas sempre o bem. Por isso doenças, dificuldades nos negócios, acidentes e morte, não devem ser considerados pelo cristão como um castigo, mas sim como uma bênção. É o que o apóstolo Paulo diz em Romanos 8.28: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.

Mas o pastor de ovelhas tinha que fazer coisas ainda piores do que aplicar injeção e rasgar tumores: ele tinha que às vezes quebrar a perna das ovelhas rebeldes e fujonas para que ficassem junto com as outras ovelhas.

Um pastor conta que ele tinha certa vez uma ovelha que não lhe obedecia: sempre passava na cerca, fugia e não queria ficar junto com as outras ovelhas. Ele fez de tudo para segurá-la: colocou-a num pasto melhor, mas nada adiantou.

E, a fim de que ela não estragasse as outras ovelhas, o pastor teve que fazer uma coisa que ele não gostava, mas que foi obrigado a fazer: teve que quebrar uma das pernas da ovelha. E depois que ele quebrou a perna dela, ela nunca mais saiu do pasto e nem se afastou das outras ovelhas.

Quantas vezes nós como cristãos também nos afastamos da comunhão com Deus, nos tornamos rebeldes, fugimos e não mais o obedecemos. Deus nos chama de volta pelo Evangelho, faz de tudo para não nos perder. Mas quando ele vê que não tem jeito, ele nos joga na cama, permite acontecer um acidente na nossa vida, um fracasso financeiro, a fim de nos trazer de volta para a Cristo. É o que nós lemos em Hebreus 12: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele é reprovado. Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo a quem recebe como filho”.

III

Nesse sentido a própria morte do cristão pode ser considerada uma bênção: Deus o está chamando ao descanso eterno antes que ele se desvie ou sofre mais sobre a terra. Deus conhece a vida e o fim de cada um de nós. Ele sabe o que pode acontecer quando uma pessoa viver mais tempo sobre a terra.

Por isso, antes que ele se desvie ou passe por grandes sofrimentos, Deus o leva para junto de si. Ouçam o que Deus diz em Isaías 57: “Perece o justo e não há que se impressione com isso? E os homens piedosos são arrebatados, sem que alguém considere nesse fato! Pois o justo é levado antes que venha o mal e entra na paz. Descansem nos seus leitos os que andam em retidão”.

Por isso dizemos no Salmo 23: “Ainda que eu ande pelo vele da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”.

Ora, se Deus está conosco e se Deus só deseja o nosso bem, então não precisamos ficar com medo, mesmo quando passamos por momentos difíceis, pois tudo cooperará para o nosso bem.

E, quando as dificuldades da vida forem tão grandes que não podemos mais suportar, fazendo a nossa alma sair do corpo, podemos ter a certeza de que “habitaremos na casa do Senhor para todo o sempre”.

Conclusão

Esse é o Salmo 23. Aqui está o motivo porque os cristãos, nas mais diversas situações, encontram consolo, conforto e ânimo nesse salmo.

Prezado amigo e amiga. Conhece você o bom Pastor? Pode você dizer o mesmo que o salmista Davi: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará?”.

Se a sua resposta for sim, então enfrente a vida com a cabeça erguida, certo de que com a presença do bom Pastor Jesus nada lhe faltará. De que, enquanto estiver aqui neste mundo, neste vale de lágrima, a bondade e a misericórdia do Senhor lhe acompanhará todos os dias da sua vida. E quando a vida terminar, você tem a certeza de que irá habitar com o Senhor para todo o sempre. Amém.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
piperlin@uol.com.br
www.ielb.org.br


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