Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Domingo da Santíssima Trindade – 11 de junho de 2006
Série Trienal B – Pv 8.22-31 – Horst R. Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Hoje a cristandade celebra o dia da Santíssima Trindade, após as grandes festas que revelam o amor de Deus. Natal, o amor de Deus Pai que nos enviou o seu Filho unigênito. Sexta-feira Santa, Páscoa e Ascensão, nas quais lembramos o grande amor sacrifical de Cristo e sua vitória sobre nossos inimigos,. Pentecostes, a vinda do Espírito Santo o Consolador.

Agora, neste segundo semestre do ano sem festas especiais, somos convidados a continuar a refletir sobre este amor de diversos ângulos, conforme revelado na Bíblia, pelos profetas e apóstolos, para fortalecimento da fé e para podermos proclamar este amor ao mundo. E o primeiro tema a ser focalizado é Deus, o nosso Deus, o único e verdadeiro Deus, o mistério da Trindade, uno em sua essência, em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

Quando Deus criou os primeiros homens, ele os criou com o bem-aventurado conhecimento de Deus. Um conhecimento que lhes proporcionava segurança, felicidade, paz e alegria. Este conhecimento se perdeu com a queda em pecado. Restou no homem, no entanto, a consciência de que existe um Deus, mas que ele não conhece mais.

Assim até hoje, cada pessoa sabe, por sua consciência, que Deus existe. Por mais que queira afogar este conhecimento, não consegue. Sabe que este Deus é poderoso, santo, justo e bondoso. Mas este conhecimento tem uma dupla limitação. Primeiro, este conhecimento geral não produz certeza sobre se este Deus me ama, se ele me é favorável. Isto deixa o homem em constante dúvida e medo. Em segundo lugar, não diz ao homem onde pode encontrar Deus. O homem vê suas obras, a criação que testemunha da glória de Deus, e a consciência lhe lembra a lei de Deus e o acusa de pecador. A razão humana não consegue descobrir o verdadeiro Deus.

Verdadeiro conhecimento de Deus e de seu amor só encontramos em Cristo, que nos revelou o Pai. “Quem me vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9). E Cristo vem a nós e se revela a nós somente na palavra de Deus a Bíblia. Somente nela.

Há assim, de certa forma, dois conhecimentos de Deus, da lei e do evangelho. A razão, a filosofia só pode chegar ao conhecimento da lei. Este conhecimento é limitado. Verdadeiro conhecimento de Deus e do seu amor, somente pelo Evangelho. Fora do Evangelho só há o conhecimento natural que causa pavor. Mas no Evangelho Deus revela à humanidade tanto sua pessoa como o seu amor.

Nossos pais resumiram os ensinos bíblicos sobre Deus magistralmente nos três Credos Ecumênicos: O credo Apostólico, já em uso na Igreja Cristão no terceiro século, o Credo Niceno, formulado no Concílio de Nicéia, ano 325, e o Credo Atanasiano, formulado no ano de 451, no Concílio Calcedônio. Apesar de serem formulações humanas, eles expressam fielmente os ensino bíblicos sobre a Santíssima Trindade.

A Confissão de Augsburgo de 1580 se expressa assim: Em primeiro lugar, ensina-se e mantém-se, unanimemente, de acordo com o decreto do Concílio de Nicéia, que há uma só essência divina, que é chamada Deus e verdadeiramente é Deus. E todavia há três pessoas nesta única essência divina, igualmente poderosas, igualmente eternas, Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito santo, todas três uma única essência divina, eternas, indivisas, infinita, de incomensurável poder, sabedoria e bondade, um só criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E com a palavra latina “persona”, pessoa, se entende não uma parte, não uma propriedade em outro, mas aquilo que subsiste por si mesmo, conforme os Pai usaram esse termo nessa questão.

A este Deus adoramos com a belíssima oração do Gloria Patri, dizendo: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora, é e para sempre será de eternidade a eternidade. Amém.

Agora vamos ler o texto de hoje. Provérbios 8.22-31. Os seus primeiros 9 capítulos são um louvor à Sabedoria. Sabedoria que é definida com mais precisão no capítulo oito. 1) de v.1 a 11, proclamada; 2) v.12-21, bênção; 3) v.22-31, que é o nosso texto: personificada. Para compreendê-lo, precisamos começar no fim, v.35 e 36. “O que me acha, acha a vida e alcança favor de Deus”. Se olhamos a Bíblia como um todo e perguntamos: Quem nos dá a verdadeira vida, a vida eterna? Há uma só resposta: Jesus Cristo. Este versículo, portanto, é a chave para a interpretação. A verdadeira sabedoria, aqui personificada é Jesus Cristo. O texto nos fala a) origem dela (v.22-26), b) atividade dela (v.27-30), c) sua alegria (v.30-31).

a) Origem da Sabedoria . (v.22-26) Muitos falam hoje de Jesus como um mártir, exemplo de vida, etc. Poucos admitem ser ele verdadeiro Deus gerado do Pai desde eternidade. Nosso texto afirma: O Senhor me possuía desde o início de sua obra, antes de suas obras, mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecido (v.21,22). No evangelho de João lemos: Agora glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. (Jo 17.5). Por isso confessamos no Credo Niceno: Creio em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus.... verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai.” E no Credo Atanasiano: “O Pai é incomensurável, o Filho é incomensurável, o Espírito Santo é incomensurável.” Isto é, não se pode medir, nem compreender, ele é infinito. Esta verdade a respeito de Jesus, como verdadeiro Deus e co-eterno com o Pai, precisa ser mantida e confessada.

b) A atividade da Sabedoria. (27-30) Quando ele preparava os céus, ai estava eu.Eu estava com ele e era seu arquiteto (v. 30). O apóstolo João descreve: Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez (Jo 1.3). O apóstolo Paulo afirma> Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a erra, visíveis e os invisíveis, sejam tronos quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. (Cl 1.16)

Grande é o Senhor e digno de ser louvado.

c) A alegria da Sabedoria (v. 30-31)Regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens (v. 31) Deus criou tudo para sua glória. “Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Deus se alegrou em sua criação e especialmente na criação dos homens, feitos à sua imagem.

Infelizmente a queda em pecados destruiu esta santidade e trouxe a maldição de Deus sobre toda a criação e a morte. Maldita é a terra por tua causa (Gn 3.17). Mas o amor de Deus para com a humanidade encontrou um caminho para salvá-los. Com amor sacrificial de Cristo redimiu a humanidade. Nesta pequena frase: “Achando as minhas delicias com os filhos dos homens” (v. 31), está expresso o amor de Deus para com a humanidade até hoje. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas quer que todos se convertam e cheguem ao conhecimento da verdade e sejam salvos.

Um dia, quando virá para julgar vivos e mortes, manifestará toda sua glória.

A sabedoria é Jesus, a respeito do quem o apóstolo Paulo escreveu: “ Em Cristo Jesus, o qual é se tornou da parte de Deus sabedoria, a justiça, e santidade, e redenção” (‘ Co 1.30). Isto encontramos na Escritura. A ele toda a honra e todo o louvor. Amém

Esta Sabedoria vem a nós em sua palavra. Não deveríamos abrir as portas a esta Sabedoria e ler a Bíblia diariamente, para sermos guiados, consolados, orientados diariamente pela verdadeira Sabedoria? Certamente que sim. Que Deus abençoe os que se apegam à Sabedoria, Cristo, em sua Palavra. Amém.

Horst R. Kuchenbecker, pastor emérito
São Leopoldo – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstrk@cpovo.net
www.ielb.org.br

 


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