Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Domingo da Santíssima Trindade – 11 de junho de 2006
Série Trienal B – 2Co 13.11-13 (RA) – Horst R. Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto das Santas Escrituras: 2Co 13.11-13

Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco. (13-12a) Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.

A cristandade celebra hoje a festa da Santíssima Trindade. Após a primeira metade festiva do ano eclesiástico, na qual celebramos as grandes festas do amor de Deus: Natal, o amor de Deus Pai que nos enviou seu Filho unigênito; Sexta-feira Santa, Páscoa e Ascensão, nos quais contemplamos o amor de Jesus Cristo, que deu sua vida por nós e venceu nossos inimigos, que são o pecado, a morte e satanás, e agora está à direita do Pai; e Pentecostes, a descida do Espírito Santo, o Consolador.

A partir de hoje, nesta última metade do ano da igreja, contemplaremos os detalhes deste mistério do amor de Deus. Queremos fazê-lo com profunda reverência, adoração e súplica para que o Espírito Santo nos guie em toda a verdade, nos firme na fé, nos fortaleça na luta e nos impulsione a testemunhar por palavra e obras o amor do único, verdadeiro, majestoso e gracioso Deus. “Pois o que significa ter um Deus? Assim pergunta Lutero e responde no seu Catecismo Maior: “Ter um Deus outra coisa não é senão confiar e crer nele de coração... Àquilo, pois, a que prendes o coração e te confias, isso, digo, é propriamente o teu Deus... Por isso, o sentido deste Primeiro Mandamento é exigir fé genuína e confiança de coração, que vai certeiramente ao verdadeiro e único Deus e se apega exclusivamente a ele” (Cat. Maior, Parte I, § 1-3).

Isso parece fácil ou deveria ser fácil para os cristãos? Não, não é fácil. É luta diária. Há tantas forças que querem-nos desviar de Deus e do confiar nele. A história do povo de Israel e das primeiras comunidades cristã mostra essa luta. E cada um de nós sente isto em seu próprio coração. Por essa razão, o apóstolo Paulo escreveu cartas de admoestação e exortação à Comunidade em Corinto. Nosso texto apresenta a despedida, exortação final e bênção:

“Finalmente irmãos, adeus!”

I – Exortação final - 1.1. Aperfeiçoai-vos, consolai-vos. - Uma tradução mais exata é: “Deixai-vos corrigir, aceitai a repreensão!” Dois verbos passivos. O apóstolo os admoestou pela terceira vez (v.1). Ele os admoestou severamente dizendo a todos: “Examinai-vos a vos mesmos (isto é, à luz da palavra de Deus), se realmente estais na fé; provai-vos a vos mesmos” (v.5).

Palavras sérias. Cada um de nós precisa fazer seu exame de consciência, com oração para que o Espírito Santo nos guie neste exame. O salmista pede, e essa é nossa oração diária: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece, os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23). Isto para sermos aperfeiçoados como filhos de Deus. Aperfeiçoados em que?

Pelo perdão fomos declarados santos, justos e perfeitos, mas temos este tesouro em vasos de barro. Há luta, há falta de entendimento, queremos crescer no conhecimento da vontade de Deus e progredir na vida santificada. Isto não está em nós. Deus Espírito Santo o faz. Alguns pensam: Deus nos justifica, mas a santificação é nosso trabalho. Não! também a santificação é obra inteira do Espírito Santo em nós. Nós cooperamos sob sua força e direção do Espírito Santo.

1.2. E aí está o perigo de resistir ao Espírito Santo. “Vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51), diz Estevão aos judeus. E o apóstolo Paulo admoesta: “Aceitai a repreensão.” Cada um de nós sabe como reagimos diante de uma repreensão. Nosso sangue sobe à cabeça. Não ouvimos as palavras, nem analisamos o que nos é dito. Nosso eu desanda conosco. Por isso a advertência.

-1.3.“Sede do mesmo parecer e vivei em paz”. Quanta discussão neste mundo. Parece impossível pensarmos a mesma coisa e viver em paz. O denominador comum para tal pensarmos todos a mesma coisa é a Palavra de Deus. Importa que nós nos humilhemos a ela. Permaneçamos unidos e apegados à sã doutrina, conforme nossas Confissões. Celebramos este ano o 476º aniversário da Confissão de Augsburgo, que visa unir os cristãos, para que apegados à sã doutrina, possamos todos pensar a mesma coisa.

-1.4.“E o Deus de amor e de paz estará convosco.” O apóstolo sela a admoestação com uma promessa. Aqui se fala do Deus que é a fonte de amor e de paz. Ele está falando de amor e de paz bem específicos que só os fiéis podem receber. Após a conversão e enquanto na fé, Deus estará nos seus corações para os consolar, fortalecer, e abençoar.

II – A bênção. Então encerra a carta com a bênção trinitariana em ordem diferente da bênção aarônica. Um Deus em três pessoas distintas. Esse Deus quer ser conhecido e adorado assim como se revelou. Quem não o adora assim, não tem Deus

2.1.”A graça do Senhor Jesus”. Graça é especificamente o imerecido perdão dos pecados. “O sangue de Cristo que nos purifica de todos os nossos pecados” (1 Jo 1.7). Este perdão é o oxigênio da fé, da vida espiritual. Esta graça inclui todos os demais dons. Ele não pode ser desassociado do amor e da comunhão. O Deus Triúno é a fonte única destra graça. Conhecemos o versículo: “Deus amou o mundo de tal maneira que deus o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê (pelo poder do Espírito Santo), não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

2.2.”O amor de Deus”. É o amor específico pelo qual o Pai abraça seus filhos. Não só o amor que é enviado para fazer das pessoas seus discípulos, sua propriedade, mas o amor que é capaz de dar milhares de dons aos fiéis, conforme a necessidade. Vemos isto nos relatos do AT e NT. Israel passou pelo mar Vermelho. Daniel sobreviveu na cova dos leões. Pedro foi tirado da prisão. E demais relatos em Hebreus 11.

2.3.“A comunhão do Espírito Santo”. Comunhão é “união com”. O Espírito Santo é pessoa, capaz de manter comunhão. É a coroa das bênçãos. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra: e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Não uma união mística, nem racional, mas um mistério da fé, única e real, distinta e mediata. Isto é, pela palavra e sacramentos. Quem fecha a Bíblia e se distancia da palavra e dos sacramentos se afasta de Deus, fecha a porta a Deus, rompe a comunhão. “Sejam com todos.” Amém.

Horst R. Kuchenbecker, pastor emérito
São Leopoldo – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstrk@cpovo.net
www.ielb.org.br


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