Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Natal – 25 de dezembro de 2006
Lucas 2.1-20 – Série Trienal C – Horst R. Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto: Lucas 2.1-14 - DEUS REVELA O SEU AMOR EM CRISTO

Introdução

Natal. As manchetes de jornais e revistas revelam o que as pessoas pensam sobre o Natal: Festas, presentes, encontros da família, novas esperanças de entendimento da humanidade, prosperidade, e muita felicidade. Palavras bonitas, esperanças materiais. Será essa a esperança natalina? O que Jesus, cujo nascimento celebramos no Natal, veio trazer à humanidade? Os anjos o proclamam com muita clareza:

Hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor.

E o apóstolo Paulo escreve (Tito 2.11):
A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.

Para entender realmente o que aconteceu neste maravilhoso dia, precisamos contemplar o Natal à luz da Palavra de Deus. Então veremos que neste dia Deus revelou seu indizível amor à humanidade, dando-nos o seu unigênito Filho, como Salvador.

Que Deus Espírito Santo nos guie e nos ilumine ao meditarmos sobre este amor de Deus revelado em Cristo. Para isso queremos contemplar:
1) Os preparativos empreendidos por Deus.
2) O mistério da encarnação de Cristo.
3) A bênção de Natal.

1. Os preparativos empreendidos por Deus

O nascimento de Jesus Cristo foi algo extraordinário. Deus planejou este nascimento deste a eternidade. O apóstolo Paulo afirma(Efésios 1.4): Ele nos escolheu antes da fundação do mundo.

Vejam bem, a Trindade planejou a salvação da humanidade antes da fundação do mundo. Em sua onisciência, Deus previu que os homens desobedeceriam, pecariam. Em profundo amor, planejou, já na eternidade, salvar a humanidade. Deus julgou ser este o melhor caminho. Cristo é o ponto central de toda a história da humanidade. Todas as ações na história, pequenas e grandes, têm em Cristo sua razão. Quem não lê a história deste ponto de vista – não a entende!

Deus preparou cada passo desta salvação cuidadosamente. Ele anunciou a salvação a Adão e Eva e a muitos patriarcas. Ele precisou mover céus e terra na luta contra a incredulidade e cumprir sua promessa. Quando a incredulidade dominou o mundo, ele a castigou com o Dilúvio e preservou Noé. Quando a humanidade se tornou orgulhosa, Deus a castigou com a confusão das línguas, no episódio da torre de Babel; e pouco depois Ele escolheu Abraão e formou o povo de Israel. Este povo deveria ser povo exclusivo de Deus, para proclamar a salvação de Deus ao mundo. Mas que trabalho Deus teve com o povo de Israel, sua incredulidade e obstinação. Pacientemente Deus procurou educá-los, castigando, perdoando e edificando. Deste povo nasceria o Salvador. E finalmente anuncia pelo profeta Ageu (2.6-8):

Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca, farei abalar todas as nações e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos .

Isto aconteceu quando o imperador César Augusto publicou o decreto do recenseamento. Lemos no evangelho de Lucas (2.1): Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto.

Todos os povos da terra foram sacudidos por este decreto. O próprio imperador, provavelmente, não sabia que Deus o estava dirigindo, para que se cumprisse a Escritura, isto é, a profecia de que Jesus nasceria na cidade de Davi, em Belém. O decreto obrigou também Maria e José a subirem para Belém. O apóstolo Paulo escreve(Gálatas 4.4):

Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei para resgatar os que estavam debaixo da lei. E mais uma vez o templo em Jerusalém, a casa de Deus e a terra da Palestina se encheram da glória de Deus, como os anjos o anunciaram no dia de Natal.

Sim, ao longo dos quatro mil anos de história da humanidade, Deus tinha uma só coisa em mente: a salvação da humanidade pelo nascimento de Cristo. Muitos reis e profetas antigos desejavam ver este dia (Mateus 13.17). Mas quando Jesus veio, a grande maioria não o recebeu, uns porque não conheciam as Escrituras, outros porque, cegados por seus desejos carnais, interpretaram mal as profecias. Mas felizes aqueles a quem o braço do Senhor foi manifestado, como aos pastores nos campos de Belém, aos reis magos e muitos outros humildes na Judéia, como o profeta Simeão, a profetiza Ana e muitos outros. Estes juntaram suas vozes ao louvor dos anjos e, em profunda humildade adoraram a Deus, dizendo com os anjos:

Glória a Deus nas maiores alturas e paz aos homens, a quem Deus quer bem.

2. O milagre da humanação de Cristo

Até aqui observamos os preparativos, vamos agora aproximar-nos da manjedoura e contemplar, à luz da Palavra de Deus, o mistério da encarnação.

Quem é o menino que está nos braços de Maria? Quem olha para o menino, vê uma criança como todas as outras, não há diferença. Não há nenhum sinal na manjedoura, nem anjos, nem um brilho especial ou algo diferente que indicasse: Aqui, na humilde manjedoura, nos braços de Maria está uma criança diferente, o próprio Filho de Deus. Jamais alguém poderia adivinhar ou saber que ali estava o Filho de Deus, se os anjos não tivessem anunciado aos pastores nos campos de Belém: Hoje vos nasceu o Salvador, o qual é Cristo, o Senhor.

Ali estava o Filho de Deus, o qual todos os anjos e arcanjos adoram com rostos cobertos; diante de quem os espíritos maus estremecem e em cujas mãos está o universo.

Ali estava Jesus, a luz eterna, diante da qual a maior luz terrena é escuridão. Ele, que habita em luz inacessível, vem em pessoa ao mundo, que jaz nas trevas do pecado e na sombra da morte.

Ali estava o Senhor dos senhores, que céus e terra não podem abarcar, que tem a terra como estrado de seus pés; ele desce em profunda humilhação para viver em pobreza e andar no pó da terra.

Ali estava o Cordeiro de Deus, o único que pode inscrever ou apagar nomes no livro da vida, e permitir que seu nome seja registrado no livro da vida eterna.

Este é o grande milagre: Deus revelou-se na carne. Deus revelou-se ao contrário do que muitos esperavam. Ele não veio em glória, mas em humildade. Ele se ocultou sob profunda humilhação. Quem pode compreender o mistério da encarnação de Cristo? Só ali onde Deus o revela a uma pessoa, essa o pode crer.

Por isso Jesus disse ao apóstolo Pedro que confessou sua fé: Não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus (Mateus 16.17). E o apóstolo João escreve a respeito daqueles que crêem: Estes (que crêem) não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1.13). Anjos ficaram extasiados diante do que viram e ouviram e exclamam: Glória a Deus nas maiores alturas. O que são todos os milagres que Deus fez e realizou em comparação com este milagre da encarnação de Cristo, o Filho de Deus, que pelo nascimento na virgem Maria tornou-se nosso irmão na carne, mas sem pecado!

Que idioma teria palavras suficientes para expressar e descrever este milagre? No Credo Atanasiano nossos pais tentaram resumir os principais fatos a respeito da humanação de Jesus Cristo, e confessaram:

É necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é, portanto, a fé verdadeira: crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e Homem da substância de sua mãe, nascido no tempo; Deus perfeito e Homem perfeito, subsistindo em alma racional e carne humana; igual ao Pai segundo a divindade e menor do que o Pai segundo a sua humanidade. E não obstante ser Deus e Homem, nem por isso são dois, mas é um único Cristo. Um só, não pela transformação da divindade em humanidade, mas mediante a recepção da humanidade na divindade. É, de fato, um só, não pela fusão das duas substâncias, mas pela unidade de pessoa; portanto, assim como corpo e alma racional constituem um único homem, Deus e Homem é um único Cristo.

Como o confessamos também no Credo Niceno: Cremos em Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas.

Ao contemplá-lo, só podemos prostrar-nos e adorar o nosso Deus que nos amou em Cristo, seu unigênito Filho.

3. Qual a bênção do Natal?

Este milagre não tem um fim em si mesmo. Jesus veio ao mundo para salvar o que estava perdido.

Quando alguém faz um grande sacrifício e investe altos valores em alguma coisa, ele visa um fim proveitoso. Que sacrifício poderia ser maior ou mais precioso do que este de Deus sacrifícar o seu próprio Filho em favor daqueles que pecaram e eram seus inimigos?

O que Deus queria alcançar com isto? Os anjos o expressam: Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra aos homens, a quem Deus quer bem. Deus abriu seu coração à humanidade e revelou seu grande amor. O próprio Jesus afirma:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, par que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3.16). O apóstolo Paulo escreve: Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões ( 2. Coríntios 5.19).

Por isso podemos cantar alegres: Deus tem amado, o mundo inteiro, Deus tem amado, também a mim. Torno a dizer: Deus tem amado, Deus tem amado, também a mim.

Mas por que Jesus teve que humilhar-se tão profundamente? Este era o único caminho determinado por Deus para salvar a humanidade.

Deus é santo e justo. Ele havia ordenado: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis 2.16,17). Isto não são simplesmente palavras para amedrontar, mas palavras reais. O profeta Ezequiel escreveu (18.20): A alma que pecar, essa morrerá.

Deus não poderia voltar atrás. A lei precisou ser cumprida e executada. Os homens desobedeceram. Toda a humanidade estava condenada ao inferno, sem esperanças e sem salvação. Foi Deus, que em seu infinito amor, encontrou um caminho para salvar a humanidade. O unigênito Filho de Deus precisou sair de sua glória, humilhar-se tão profundamente; vir ao mundo e, como substituto de toda a humanidade, cumprir a lei; pagar por nossos pecados para nos libertar das mãos de nossos inimigos: pecado, morte e satanás. Por sua paixão e morte reconciliou a humanidade com Deus Pai.

Agora Deus oferece esta salvação gratuitamente a todos. E quem, arrependido de seus pecados, confia na graça de Cristo, tem o que as palavras lhe oferecem, dão e selam: perdão, vida e eterna salvação.

Por isso os anjos anunciam alegremente. Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2.10,11). Jesus nasceu na mais humilde estrebaria, para que ninguém precisasse temer ou pensar: Para mim ele não nasceu. E a palavra “vós anuncio” inclui todos. Ninguém está excluído.

Esta é a grande mensagem natalina: Hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor. Ele nos salvou do pecado, da morte e da eterna condenação. Para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2. Coríntios 5.15). Por isso estamos contentes e jubilamos.

Conclusão

Que notícia, que alegria. Fomos salvos. Temos salvação. Isto nos faz jubilar neste Natal. Queremos crê-lo. E quando surgirem dúvidas, vendo ainda tantas injustiças, tanta miséria, e mesmo quando você sofre injustiças, doenças, pobreza, dificuldades de toda ordem, e teu coração disser: “Acho que Deus não existe, Deus não me ama, está tudo perdido” – não olhe para o que você vê ou sente em seu derredor. Jesus não veio reformar este mundo, nem nos prometeu o céu na terra. Ele veio salvar o que estava perdido.

Por isso, olhe para a palavra dos anjos: Não temais, eis que vos trago boa nova de grande alegria. É que hoje voas nasceu o Salvador que é Cristo Senhor. E então entoe com os anjos: Glória a Deus nas maiores alturas. Paz na terra aos homens, a quem ele quer bem.

Este amor nos consola dia após dia e nos dá força para amarmos a Deus. Cristo torna-se o centro de nossa vida, nossa grande paixão. A ele queremos ouvir, seguir e confessar; para ele queremos viver e labutar, cada qual ali onde Deus nos coloca, para sermos verdadeiramente “Natal Luz” o ano inteiro para aqueles que ainda andam nas trevas do pecado. Que Deus nos fortaleça nesta fé. Feliz Natal! Amém.

Horst R. Kuchenbecker
São Leopoldo – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstrk@cpovo.net
www.ielb.org.br

 


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