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ISSN 2195-3171


Predigtreihe: Batismo, 2011

Será insuficiente um só batismo?, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

 

É nada incomum alguém dizer: "Naquele momento eu nasci de novo!" Isso depois de um acidente, por exemplo, em que do carro nada sobrou, mas eu sobrevivi são e salvo. Ou então quando o filho que estava à beira da morte se recuperou e foi devolvido aos pais. Depois dessa experiência, assim eles confessam, nasceram de novo. O que se quer dizer é que houve uma incisiva mudança na vida. Coisas que pareciam naturais, de repente não o são. A gente aprende a apreciar as coisas, a se admirar, a agradecer, a descobrir milagres. É como numa nova largada. A vida pode começar de novo, agora sob outra perspectiva e com outra disposição. Nós já não mais somos os mesmos.

 

Na realidade, porém, renascimento é algo impossível. É nessa simples evidência que insiste Nicodemus. Quando ele visita Jesus naquela memorável noite a discussão se trava em torno de exatamente este tema. Sobre a origem da preocupação nada ouvimos. O texto apenas informa que Nicodemos era um homem erudito, respeitado, fariseu, membro do sinédrio e mestre em Israel, portanto, "um dos principais dos judeus". A curiosidade o leva a Jesus. E por querer manter sua visita em segredo, prefere fazê-la na escuridão da noite. Normalmente é ele a pessoa procurada. Mas este Jesus não é cliente em busca de aconselhamento. Pelo contrário, ele atrai as pessoas e elas correm atrás dele. Nicodemos quer desvendar o mistério desse homem. Ele sabe de milagres e poderosos sinais feitos por ele, documentando ser ele um "homem de Deus". Isto ele também diz e está ansioso por saber como Jesus reage.

 

Mas Jesus surpreende o visitante. "Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus." Foi isso o que Nicodemos queria saber? Certamente a motivação dele também era o reino de Deus, a salvação, o destino do ser humano. Pois de alguém do qual se diz ter vindo de Deus se espera bênção, cura, socorro nos impasses, vida plena, perspectivas até mesmo para além da morte. Em outros termos de tal pessoa se espera salvação. Mas Jesus, em vez de revelar, se é tal "homem de Deus", fala das condições a serem cumpridas para ingressar reino de Deus. Se alguém pretende ver este reino deve nascer de novo, assevera. Em outros termos, se você quiser salvar a sua vida, deve tornar-se pessoa nova.

 

Nicodemus acha que isto é impossível. Ele pensa em categorias biológicas. Ser dado à luz pela segunda vez, em novo parto pela mãe, isto nunca aconteceu. Também a mais avançada tecnologia genética não conseguiu realizar tal façanha. Verdade é que por detrás dessa idéia se oculta um antigo sonho da humanidade, a saber, voltar a ser jovem outra vez, ter a chance de reiniciar a vida, naturalmente com os conhecimentos de hoje. Pois entrementes aprendemos uma porção de coisas. Somos mais sábios do que antes. Trata-se de uma idéia fascinante. Claro que é pura ficção. Ninguém pode retroceder no tempo. Mesmo assim, todo mundo sabe que o ser humano precisa mudar. Não poucos o consideram um produto falho da evolução. É uma conclusão que quase se impõe em vista das loucuras e dos crimes de que o ser humano ao longo de sua história se tornou culpado. E essa história não chegou ao fim. O ser humano precisa ser reinventado. E se não houver outro recurso que aconteça através de engenharia genética. De qualquer maneira, o ser humano não pode permanecer assim como está.

 

O sonho do "novo homem" tem longa história. Às vezes esteve em alta, como no marxismo, às vezes foi sepultado como no capitalismo atual que corteja a ganância. Ele apregoa o egoísmo humano como algo positivo que mais dia menos dia acarretaria a prosperidade da sociedade em seu todo. Infelizmente faltam até agora quaisquer provas para tal pretensão. Pelo contrário, a ganância produziu tão-somente crises econômicas e perigoso desnível social. Justamente por isto o sonho de um novo ser humano continua vivo, talvez de forma submersa, e, todavia, vigorosa. Afinal de contas, quando a humanidade vai criar juízo, priorizando as causas coletivas em detrimento dos interesses particulares? Quando vai se empenhar em assegurar a paz, a justiça e um mundo habitável também no futuro? Quando vai tomar as medidas necessárias para sustar a depredação do planeta e prevenir catástrofes evitáveis?

 

O ser humano deve nascer de novo. Jesus assim o diz. E desde que isso não seja entendido mal como o observamos em Nicodemus, essa exigência tem plausibilidade. Ela é sensata. O ser humano deve superar a fera que nele habita. Esta se manifesta em determinadas pessoas de modo particularmente horripilante. Estamos assistindo o drama na Líbia e os incríveis atos de barbarismo cometidos contra a população. Sempre de novo ficamos estarrecidos quando deparamos com os crimes hediondos e as loucuras de que o ser humano é capaz. Como dizia um conhecido poeta? "...o ser humano, coroa da criação, canalha." Existem canalhas especialmente nojentos e alguns deles fizeram história. Mesmo assim, convém apontar não somente a outros, e, sim, bater também no próprio peito. Pertencemos à mesma espécie. Como disse Jesus em outra oportunidade? "Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra."

 

De acordo com a tradição cristã o renascimento acontece no batismo. Assim o lemos também nesta passagem. "Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Isto se refere claramente ao batismo que, por esta razão, é chamado também de "lavar regenerador" (Ti 3.5), ou seja, "banho de renascimento". À primeira vista, tal afirmação pode estranhar. Como pode um rito tão modesto ter tamanho efeito? Há objeções a fazer. Elas decorrem não por último da praxe do batismo de lactentes na igreja. Os bebês nem percebem o batismo. São batizados sem terem sido consultados. Como justificar que o batismo seja simplesmente imposto às crianças? E mesmo em caso de batismo de adultos permanecem dúvidas se o renascimento de fato ocorreu. Como vamos verificá-lo?

 

O desconforto fez com que se introduzisse um segundo batismo, o batismo com o Espírito. Há quem queira distinguir entre o batismo de água e o do Espírito. As mais das vezes não se chegou a exigir a abolição do batismo de água. Isto não. Mas achou-se necessário complementá-lo. O batismo com água por si só seria insuficiente. Seria imperioso acrescentar-lhe o batismo com o Espírito. Sem a confissão de fé e sem indícios de a pessoa ter sido tocada pelo Espírito Santo, o batismo não seria completo. Quem pretende pertencer ao reino de Deus deve comprová-lo através de experiências carismáticas e sinais de nova vida. Renascimento deve documentar-se em conduta correspondente. Então, existem dois batismos, um com água e outro com o Espírito?

 

A primeira cristandade rejeitou tal teoria categoricamente. No batismo realizado em nome do trino Deus o Espírito Santo inevitavelmente está presente. Pois ele está sendo diretamente invocado. Aliás, convêm lembrar que nascer é sempre uma experiência inconsciente, passiva. Ninguém se lembra do seu próprio nascimento. Foi a mãe que fez o trabalho de parto, não a criança. Assim acontece também no renascimento. Nós somos renascidos por Deus, pelo Espírito Santo, de cima. Isto não significa que devêssemos permanecer passivos. Nós somos chamados a acolher o renascimento gratuito e transformá-lo ativamente numa vida que agrada a Deus. Do dom da vida resulta o dever de conduzir a vida. É o que se aplica também ao batismo.

 

E depois do batismo, o que mudou? Eu diria assim: Nós recebemos uma nova dignidade, dignidade essa que nos permite invocar a Deus como "Pai Nosso" o que implica seja ele também a nossa mãe. Já não somos tão somente filhos de nossos pais biológicos. Voltamos a ser filhos e filhas de Deus, sem nenhum mérito da nossa parte. Deus nos devolve a filiação divina, do que o batismo é o mais enfático sinal. Naturalmente Deus dispõe de ainda outros meios para chamar pessoas a serem seus filhos. A salvação do ser humano não depende de nossa prática batismal, e, sim, do exclusivo juízo de Deus. Falta-nos toda e qualquer competência no assunto. Mas o batismo é o caminho a nós indicado. É este o momento em que somos entregues a Deus, e Ele coloca sua mão em nós e nos declara sua propriedade. A partir de então somos chamados a viver como convém a filhos e filhas do Pai no céu.

 

Para tanto precisamos da ajuda do Espírito Santo. Ele nos é prometido no batismo e a ele podemos recorrer a cada momento como fonte inesgotável de energia. Saibamos, porém, que o Espírito se manifesta com absoluta preferência em fenômenos pouco espetaculares, a saber, em fé amor e esperança. Quem é rico "nesses três" demonstra vida espiritual ativa, enquanto sem eles somos reduzidos a seres puramente vegetativos. Pedimos ao Espírito que venha socorrer-nos em nossa fraqueza.

Amém!



Prof. Dr. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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