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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

8º Domingo após Pentecostes, 06.07.2008

Predigt zu Mateus 11:16-19, 25-30, verfasst von Eliana Lisandra Weber

  

Ó Deus da Vida! Vida de nossa vida. Queira a tua palavra nos transformar em nosso jeito de sentir a vida, cuja marca surpreendente é a capacidade de nos bem relacionar. Seja a tua Palavra a ponte entre Deus e nós, tornando-nos pessoas melhores, mais agradecidas e solidárias.     Amém.

Querida Comunidade!

O evangelho de hoje faz valer aspectos teológicos muito relevantes para a vida em família e em comunidade. Os versículos em questão, revelam no que se resume o ministério de Jesus: é amigo dos cobradores de impostos, de pessoas de má fama, vem para os doentes e não para os sãos, vem para estender seu descanso para todas as pessoas que se sentem cansadas e sobrecarregadas. É esta a postura que confere legitimidade ao seu serviço: estar ao lado dos rejeitados, aproximar-se dos esquecidos, dos doentes, amar os que se sentem odiados. Nem sempre, porém, Jesus foi entendido devidamente pelo povo. Assim como João Batista, assim também ele é alvo de críticas e julgamentos.

Jesus revelou um Deus que faz o caminho contrário: aquelas pessoas de pouco valor, gente humilde, sem instrução e mal falada, elas fazem parte do projeto redentor de Deus. Isto nos motiva a buscar uma nova forma de pensar e de agir. Ser coerente, transparente, humilde, alimentar-se da Palavra de Deus, parece ser o caminho que se coloca para as pessoas cristãs. E, no entanto, o que vemos muitas vezes é o contrário, a saber, um cristianismo mal vivido. Também em seu tempo, Jesus se confrontou com essa realidade. Sua "fraqueza", seu amor, sua disposição para abraçar, perdoar sem ter que condenar, escandalizava as pessoas. Com certeza, um dos grandes males da humanidade hoje que nos impede de ser pessoas melhores consiste nos pré-conceitos. A filosofia nos ajuda a entender isso melhor, quando diz que pré-conceito é o julgamento que vem antes do conhecimento real e profundo.

Ora, tais julgamentos sempre aprisionam. Aprisionam a mim que não me permito conhecer a outra pessoa em sua inteireza. Mas aprisionam também a ela por ter sido colocada dentro daquilo que eu penso a seu respeito. E aí vira "achismo": "Acho" que o  fulano, a fulana é isso! Amados e amadas, Jesus, se tivesse ficado no "achismo", nos tantos comentários e boatos que ouvia sobre outros, não teria feito muita coisa não! Jesus nunca se prendeu à aparência, ao "eu acho que". Procurou perceber o que existia lá dentro. Olhou para Zaqueu, o cobrador de impostos, foi visitá-lo e com amor o fez mudar de comportamento. Olhou para a mulher flagrada em adultério e disse: "Vai e não peques mais." O dia em que nós pararmos de julgar e de condenar, o dia em que aceitarmos as pessoas assim como elas são, então, creio que nos aproximaremos da maneira como Jesus entendeu o amor, a doação. É por isso, que o Evangelho é sempre uma proposta de retomada da própria vida.

Não queremos mais contatos, não queremos mais o abraço, não queremos nos doar, não queremos nos comprometer com nada e ninguém. Estamos sempre correndo, o trabalho anda nos absorvendo demais... Por que sempre alegamos que não temos tempo? E se verdadeiramente não o temos, porque não o temos? Onde estamos gastando nosso tempo e investindo nossas forças, nossos bens?

Os dias atuais são bastante desafiadores para a vida em família e em comunidade. Vivemos numa sociedade que cultua o dinheiro, o trabalho, o consumismo exagerado, a superficialidade relacional e ética e a exterioridade. E o vazio está aí fazendo suas vítimas. Os resultados dessa opção estão aí.  Sabemos que os problemas familiares e comunitários decorrem sempre e em última instância da falta de amor, de bom diálogo, de humildade e de perdão. Nós estamos em débito com o amor, nós estamos devendo amor, misericórdia, respeito profundo aos que nos rodeiam.

Creio que estamos correndo demais e nos "abastecendo" de menos. E nessa correria estamos perdendo o verdadeiro sentido da vida. Jesus convida: Venham a mim os cansados e sobrecarregados. Sejam meus seguidores e aprendam comigo que tenho coração humilde e sou generoso; e vocês encontrarão descanso. Talvez o que verdadeiramente esteja faltando em nossas panelas hoje não seja de natureza material, e, sim, espiritual. Pois ali onde há Deus, há paz, há justiça, há humildade, há humanidade, respeito aos próprios limites e aos alheios. Andamos muito barulhentos, o que está nos impedindo de silenciar, de ouvir a voz que vem de dentro, o próprio Deus. A paciência anda com seus dias contados.

Amados e amadas do Senhor! Sempre é tempo para mudar, para reavaliar as nossas prioridades, nossos valores e o nosso jeito de ser. A fé, que é dádiva de Deus, faz com que nos disponibilizemos também para os outros, em vida que vai sendo distribuída, compartilhada. Jesus fazia isso o tempo todo, existia para os outros. Sabemos que ser pessoa cristã, ser família, ser comunidade dá trabalho. Amar dá trabalho, ser paciente e perdoar dá trabalho, ser honesto e humilde dá trabalho. Mas vale a pena. Vale a pena porque crescemos, amadurecemos. E isso é viver a fé, viver na perspectiva do que poderei melhorar em mim, ao meu redor, ali onde Deus me coloca.

Sempre me chamam a atenção as placas: "desculpe o transtorno, estamos em obras". Em determinados momentos de nossa vida, como pessoas cristãs que na sua individualidade formam uma família, comunidade e sociedade, creio que também precisaríamos andar com uma placa: Desculpe aí qualquer coisa, estou, estamos em obras. E quanto tempo dura isso, o estar em obras? A vida toda, pois enquanto vivermos precisamos estar em obras. Precisamos estar enfrentando crises, precisando recomeçar, tentando acertar o nosso passo com o de Deus e com as pessoas ao nosso redor. A cada dia precisamos vencer nosso egoísmo, nossa indiferença, nossa incoerência. Seria muito bom se cirurgia plástica, boa aparência, pouca profundidade relacional e ética mudasse gente em sua interioridade. Pois se assim fosse, a sociedade teria um grande proveito.   Ainda é uma dificuldade vender bons livros. Programas de televisão com profundidade e seriedade não sobrevivem, porque não têm audiência.

Descansar em Deus, na sua Palavra, colocar-se diante de sua vontade, colocar-se em obras, procurar entender muito mais do que julgar, doar-se incondicionalmente, reservar tempo para o convívio em família, para conversar sobre o que não anda bem, reservar tempo para visitar alguém, parece ser este o caminho que se coloca para nós enquanto famílias e sociedade, rumo a um amanhã com gente que se sente amada, segura, que vive em paz, com gente solidária e essencialmente humana. Pois quem é humano na sua dor é humano na dor de outros; quem é humano nos seus erros é suficientemente humano para lidar com os erros dos outros; quem é humano na sua necessidade, também é humano na necessidade dos outros. Talvez vivendo assim, com humildade e colocando-nos debaixo do amor de Deus, passemos a deixar de ter pais que abandonam e matam seus filhos, filhos que matam seus pais. Talvez então todas as famílias passem a ter onde morar, onde trabalhar e a violência, o ódio e a guerra deixem de existir.

Assim se constroem, dia após dia, relações sólidas e duradouras, que têm por base o amor de Deus, a humildade e a solidariedade. Que Deus faça sua missão a partir de cada um de nós, que Deus transforme nossas necessidades, alegrias e sofrimentos em bênçãos para muita gente. Que com a ajuda de Deus possamos ser revestidos de uma nova maneira de pensar e de ser, de amar e de servir, gente que irradia segurança e esperança por dias melhores para todos.

                                                                                           Amém

 

 

 

 



Pastorin Eliana Lisandra Weber
Santa Maria do Herval, RS, Brasil
E-Mail: eliana.lis.weber@terra.com.br

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