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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

16. Domingo após Pentecostes, 31.08.2008

Predigt zu Mateus 16:21-26, verfasst von Aldo Beskow

 

Prezada Comunidade!

Estava tudo indo tão bem. À pergunta de Jesus: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondera: "Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo". Simão respondera com a mais precisa definição e confissão teológica a Jesus Cristo feita por alguém no evangelho. Jesus então elogia o Simão, dizendo que o Pai nos céus foi quem lhe revelou isso. Em seguida, Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa "pedra" ou "rocha" e acrescenta que sobre esta rocha irá edificar sua Igreja e que esta permanecerá apesar das investidas do inferno. Mais: Jesus lhe entregará as chaves do reino de Deus, isto é, Pedro receberá a autoridade de abrir a cristandade, fato que ocorreu em Pentecostes quando o Espírito Santo motivou e usou a pregação de Pedro para tal. Até aí tudo bem. Eram palavras agradáveis de se ouvir. Elas confirmavam as expectativas que tinham do messias: a libertação do jugo romano, um reino de justiça e vida abundante. Todos haviam esperado tanto tempo pela vinda  do messias e finalmente Jesus confirma que é ele. Estava indo tudo muito bem. Até aí eles haviam compreendido tudo. Ou não?

Após esta revelação contida na confissão de Pedro Jesus anuncia aos discípulos de que é necessário subir para Jerusalém e lá terá de sofrer muito, morrer e ressuscitar. Jesus fala de cruz e morte. Os discípulos se assustam. Ficam apavorados. Esta imagem eles conheciam muito bem. As tropas romanas, volta e meia, executavam quem quer que ousasse liderar ou integrar qualquer movimento de libertação. Estes eram sumariamente julgados e levantados numa cruz à margem da estrada. Para os judeus ver alguém assim pendurado era ainda mais terrível, visto que a lei de Moisés diz que um crucificado é amaldiçoado por Deus(Dt 21.23). Isso de modo algum poderia suceder a Jesus. Pedro toma a iniciativa. Resolve ser a boca dos discípulos. Chama Jesus à parte e, olho no olho, procura dissuadir Jesus e demovê-lo deste pensamento.

Aqui temos 1º. - o NÃO de Pedro e 2º. - o SIM de Jesus para a Cruz. O mesmo homem que há pouco em vista de sua confissão foi denominado de "pedra", agora treme ao ouvir a mensagem da cruz. Ele se assusta por Jesus, por Deus e pelo futuro. Este era para ser o fim de seu mestre e do melhor amigo, que só tinha feito coisas boas, que tinha ajudado tanta gente? Este deveria receber uma morte violenta, vergonhosa, amaldiçoada e ainda por cima, determinada pelas autoridades religiosas do povo eleito?  Como poderia acontecer isso, se Jesus era o Cristo, o filho do Deus vivo? Uma tal morte não honraria o filho de Deus! Também não honraria a Deus, pois se Deus é Deus então isto é assim: A justiça de Deus castiga os culpados, os pagãos, jamais os inocentes e justos e o próprio filho de Deus. Além disso o que seria do futuro dessa Igreja, da obra de Jesus, se Jesus tiver que desaparecer assim? Há pouco ainda disse que ela iria permanecer? Sim, nós podemos compreender muito bem o desconcerto e pavor dos discípulos.

Esta incompreensão permaneceu para muito além do tempo de Jesus. Em 1 Co 1 escreve Paulo que a palavra da cruz é loucura para gregos e escândalo para os judeus. Ele continua: "...mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios." Ainda hoje a palavra da cruz continua sendo motivo de escândalo, irritação, incompreensão, sim, de rejeição da mensagem. De Deus, de modo geral, podemos falar em muitos lugares. Se falarmos de Jesus Cristo já teremos bem menos ouvintes. Porém, se focarmos o centro da teologia do Novo Testamento, tão valorizada pelo Apóstolo Paulo e pelo Reformador Martim Lutero, a saber, que na fraqueza, na loucura e no escândalo da cruz de Jesus, se manifesta o poder de Deus e se dá a prova máxima do amor de Deus e nela está oculta a sabedoria divina para a salvação de todo o que crê, esta mensagem é recebida pela maioria como agressão à sua inteligência. Precisamos reafirmar: "Para nós no entanto, que somos salvos é poder de Deus".

Ao NÃO de Pedro corresponde o mais vigoroso SIM para a cruz por parte do Senhor. Pedro, que se permitiu confrontar  a Jesus, recebe fortíssima reprimenda: "Atrás de mim e não contra mim." O lugar do discípulo é atrás de Jesus, seguindo as suas pegadas. A boca que há pouco dava testemunho singular da revelação, agora se fazia porta-voz do tentador, de Satanás. Enquanto portador do testemunho é rocha; quando cabeça dos interesses apenas humanos é pedra de tropeço, vale dizer, alguém que atrapalha e tenta impedir a obra de Deus.

Ao querer desviar o Senhor do caminho da cruz, Simão Pedro representa o coração humano. Pedro cogita nas coisas dos homens e não nas de Deus. Pensar na sua sorte e nos seus privilégios, acaso não é isto que predomina neste mundo? Por isto temos a injustiça social, a violência, a corrupção e as mazelas de nosso tempo. A Bíblia nos diz: "Porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade" Gênesis 8.21. Por esta razão Jesus dá uma repreensão muito séria a Pedro: "Arreda, Satanás, tu és para mim pedra de tropeço, porque não pensas como Deus pensa, e, sim como os homens pensam." Cabe hoje em dia pensar nisto: Onde o cristão não se baseia totalmente em Deus, mesmo com as melhores intenções promove muitas vezes o mal. Satanás se utiliza dos pensamentos humanos quando estes não estiverem amparados pelo Espírito dado pela palavra de Deus. Por isto até mesmo ao recolocar severamente Pedro de volta atrás de si Jesus afasta a tentação e  protege Pedro. Este Pedro que tinha sido promovido à condição de líder e patriarca do povo de Deus, está sob graça e juízo, é eleito, mas continua sendo tentado e cai e por isso necessita da condução e do aprendizado no seguimento de Jesus. Isto vale para todos nós.

Nosso lugar e nossa chance é no seguimento de Jesus. Importa colocar toda nossa confiança e esperança naquele que se fez pecado para que nós fossemos salvos. Importa pensar as coisas de Deus, cada em seu lugar. Diante deste caminho de Jesus não podemos ficar indiferentes. Não basta apenas reconhecer o fato. O que vale é seguir o Mestre com toda fé e confiança. Seguir o seu exemplo significa orientar a nossa vida pelos ensinamentos e guardar os seus mandamentos.

Como seguiremos a Jesus? Jesus diz: Quem quiser me seguir, negue-se a sim mesmo e me siga. Jesus nos deu o exemplo. Ele negou a si mesmo e foi fiel até a morte. E Deus o ressuscitou. Negar a si mesmo, via de regra, é o contrário do que ensina a mídia e o espírito desta época. O que vale hoje é o status. Somos medidos pelo que produzimos e consumimos. Diz o ditado: "Quem aparece é lembrado." Muito se faz para dar boa impressão. Importa a imagem. Boa imagem vende bem. Vivemos num tempo em que se projeta o eu e se diminui o outro. Jesus diz: Quem perder a sua vida por minha causa achá-la-á. Negar a si mesmo, carregar a sua cruz representa a morte. Mas não qualquer morte. É a morte do EU, a morte dos interesses próprios, das inclinações carnais, é a renúncia ao comodismo, à preguiça, às farras, enfim, tudo que agrada apenas a si próprio em detrimento dos demais. De outro lado representa a opção pela disciplina, pelos valores da ética, da espiritualidade, da alteridade, do altruísmo, da comunidade.

Quem nega a si mesmo, afoga o velho homem, mata o coração com mau desígnio e passa a ver seu irmão, sua irmã, coloca sinais do amor, da ajuda e do cuidado pela boa criação de Deus. Coloca sinais do que é justo nas relações. O apóstolo Paulo diz que é isto que sucede na vida dos batizados, que vivem a partir de seu batismo como pessoas batizadas: o morrer para o pecado e o ressuscitar para andar em novidade de vida (Romanos 6). Cito alguns exemplos deste negar a si mesmo:

No tempo de Jesus a cruz era símbolo de morte e inspirava terror. Hoje em dia se num lugar estrangeiro e inóspito avistares uma cruz em cima de um prédio, o mesmo é símbolo de vida - por causa de Cristo. A mesma nos traz a mensagem: lá podes encontrar ajuda, solidariedade, cuidados, defesa da vida, guarida. Por quê? Porque lá tem pessoas que negam a si mesmas, em cujas vidas a cruz matou seu eu e simultaneamente ganharam uma nova dimensão de vida.

Tivemos há poucos dias atrás as olimpíadas de Pequim. Vimos como se emocionavam aqueles e aquelas atletas que conseguiam alcançar um dos primeiros lugares e subir no pódio? Que momento de alegria e glória? E quantos de nós não se emocionaram com eles? Agora pensemos, não foi fácil chegar lá. Só o conseguiram porque em muitas coisas "negaram a si mesmos", renunciaram a muitas coisas e se dedicaram a uma disciplina rigorosa de treinamentos. Tudo em função de um ideal e objetivo mais elevado.

Ou vejamos o exemplo de nossas mães. Poderia uma mulher que só pensa em si mesma ser boa mãe? Para se tornar uma mãe é preciso abrir mão de si mesmo,  de seu espaço, repartir a sua beleza e parte de seu coração com mais alguém. Quantas vezes a nossa mãe negou a si mesma para cuidar de seus filhos. Negar a si mesmo é amar.

Vivemos num tempo em que não faltam aqueles que pregam que o sucesso e a prosperidade irão pavimentar o caminho do cristão. Não nos iludamos. Jesus diz: "Quem quiser me seguir, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." Jesus carregou o nosso fardo e nos conclama a levarmos a nossa cruz. Há muitas pessoas que tem um fardo pesado a carregar. O Apóstolo Paulo recomenda em Gl 2: Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo. Quando passarmos por um vale escuro, lembremo-nos de que Jesus conhece este caminho e ele ajuda a carregar a nossa cruz. Ele diz: "Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. (Mt 11.28s).

Na fé e no seguimento a Jesus Cristo não nos tornaremos mais pobres. Antes ganharemos a vida e depois cada um receberá a recompensa conforme as suas obras. Graças a Deus que Jesus deu sua vida por nós. Agora não mais precisamos nos arrebentar para conseguir a salvação. Aquele que vai à nossa frente carregou a maior carga, que era nossa carga. Agora podemos cada um tomar sobre si a sua cruz e seguir os seus passos. Na morte e na ressurreição de Jesus Deus manifestou toda a profundidade do seu amor para com a sua criação e assim nos convida para sermos seus discípulos. Aquele que foi fiel até a morte e amou até o fim, ressuscitou. Ele voltará para retribuir a cada um conforme as suas obras. Vale a pena seguir e servir ao Senhor. Porque esta alegria não apenas uns poucos podem experimentar, como os que conseguiram subir no pódio das olimpíadas, mas todos os que amarem a louvarem ao Senhor por ter carregado a sua carga na cruz e seguir a ele como discípulo e apenas como tal, poderão experimentar o consolo e a alegria já aqui e agora e depois na vida eterna. Amém.

 

 

  

 

 

 



Aldo Beskow

E-Mail: gmalsc@terra.com.br

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