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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Último Domingo após Epifania , 14.02.2010

Predigt zu Lucas 9:28-36, verfasst von Wilfrid Buchweitz


 

Querida Comunidade:

O texto que acabamos de ouvir é lido há muitos séculos pelas igrejas cristãs neste domingo. Temos hoje o último domingo após Epifania. O Dia de Epifania é 06 de janeiro. E Epifania significa revelação, aparecimento. E quem se revela, quem é revelado, é Jesus Cristo, é Deus em Jesus Cristo. Depois de 06 de janeiro temos vários domingos chamados de Domingos após Epifania. Hoje é o último deles. A partir do domingo que vem já somos encaminhados na direção de Paixão e Páscoa. Para cada um destes domingos a Igreja nos propõe textos que narram momentos, situações, palavras importantes na vida de Jesus. É para ajudar a comunidade, as pessoas da comunidade, a nós que aqui estamos, a conhecer Jesus, a conhecer Deus através de Jesus. Natal passou. Ouvimos a mensagem do nascimento do menino de Belém. Agora precisamos conhecer o Jesus adulto. Para isso a Igreja, há séculos, escolhe alguns textos marcantes que podem nos mostrar quem é esse Jesus, a que ele veio, o que ele quer nos comunicar, o que ele quer significar para nós. Quem é esse Deus que se revela em Jesus Cristo. Quem e o que ele quer ser para nós e fazer por nós.

 

E, para hoje, como em anos passados, no fim do período de Epifania, temos este texto de Lucas. Não há dúvida de que ele é um texto denso, muito rico, mas talvez ele também seja um texto difícil. Vamos tentar penetrar nele? Vamos tentar nos deixar marcar por ele? O que podemos levar para nossas casas e nossas vidas? O que ele nos conta?

 

Certo dia, estudiosos até supõe que tenha sido de noite, porque de dia aquela região é muito quente, Jesus leva os discípulos Pedro, João e Tiago para o monte, para orar. Durante a oração muda a aparência de Jesus. Até suas roupas se tornam muito brancas e brilhantes. A glória de Deus se revela na comunhão Deus Pai e Deus Filho. Junto com isso aparecem o grande líder na história de Israel, o grande Moisés, e o grande profeta Elias, que também estão cercados de brilho celestial. Pedro e João e Tiago ficam tão impressionados com este quadro que Pedro quer segurar esta realidade e sugere construir três barracas, uma para Jesus, outra para Moisés, outra para Elias. Vamos ficar aqui! Isto aqui é tão bonito! Este momento é tão divino, é tão perto de Deus! Por que a gente não se instala aqui?

 

Claro que Pedro não sabia o que estava dizendo. É o mesmo Pedro impulsivo que conhecemos de outras situações nos evangelhos. Porque Moisés e Elias tinham tido uma conversa bem diferente com Jesus. Nada de ficar aqui. Nada de construir barracas. Nada de que isto aqui é tão bonito. Tinham falado a respeito da morte que, de acordo com a vontade de Deus, Jesus ia sofrer em Jerusalém. Tem que sair daqui. Tem que descer o monte de novo. Tem que subir um outro monte, lá em Jerusalém e Gólgota.

 

Aí aparece uma nuvem que cobre a todos. Por alguma razão os discípulos levam um grande susto. Será que a nuvem encobre para eles todo aquele quadro maravilhoso de há pouco? Tanto a proposta da construção das tendas como o susto por causa da nuvem mostram que os discípulos não estão entendendo o que está acontecendo. Mas aí vem do meio da nuvem uma voz com um anúncio que pede atenção ainda maior: Este é o meu Filho, meu escolhido. Escutem o que ele diz!

 

Diante de tudo isso os discípulos ficam muito quietos. Não conseguem falar. Eles precisam de um tempo mais para elaborar tudo o que presenciaram e experimentaram. Eles precisam continuar caminhando ao lado de Jesus. Precisam ouvir mais dele. Talvez precisem ouvir mais vezes a mesma coisa. O Espírito Santo que está dentro das palavras e das ações de Jesus precisa ajudar, transformar, entender, viver, crer. Pedro já uma vez tinha reconhecido Jesus como Messias que Deus enviou (cap. 9.20). Mas agora também ele está atordoado.

 

E nós, que fazemos com este texto? Não vamos conseguir dar atenção a todo ele. Ele é rico e multifacetado demais. Na leitura de várias exegeses e prédicas encontrei-as todas ressaltando aspectos importantes, mas todas elas com enfoques e estruturas muito diferentes. E é possível que cada qual de vocês, comunidade, tenha gravado versículos diferentes durante a leitura há pouco. Inicialmente vou selecionar dois traços, dois enfoques, que me parecem ser o eixo em torno do qual o texto gira. Isso não impede que vocês aprofundem aspectos que chamam sua atenção. A mim me parece que este último domingo após Epifania quer nos revelar especialmente a glória de Jesus e a cruz dele e usa para isso este texto. Esta glória aflora quando em comunhão de oração o rosto de Jesus muda de aparência e sua roupa fica muito branca e brilhante. Quando Deus está próximo, as pessoas mudam de aparência, até mais, as pessoas mudam de essência. Mas em nosso texto a glória em Jesus verdadeiramente explode quando a voz que vem da nuvem diz: Este é o meu Filho, o meu escolhido. Moisés e Elias são marcos importantes no caminho de Deus com seu povo.

 

Mas agora está aí Jesus, o Filho de Deus. Ele é o marco decisivo e definitivo na história de Deus com seu povo de todos os tempos, inclusive de nosso tempo. Mesmo assim me surge a pergunta se, neste momento, a glória de Jesus é definitiva ou se ela é provisória. O que eu quero dizer é que ela ainda terá que passar por um caminho muito difícil, terá que passar pela cruz. Moisés e Elias falaram com Jesus a respeito da morte que, de acordo com a vontade de Deus, ele ia sofrer em Jerusalém. Será que dá para dizer que só o fato de Jesus ter ido a Jerusalém e ter voluntária e conscientemente passado pela cruz, que isso torna a sua glória definitiva? Em nosso último domingo depois da Epifania a glória e a cruz são realidades decisivas e definitivas. Em todo o caso, depois de Sexta-feira Santa e Páscoa a glória de Jesus é definitiva. De novo eu não sei se está bem certo dizer que é um privilégio nosso, em comparação com os discípulos, que nós sabemos da Páscoa. Pedro, João, Tiago, os outros discípulos e o povo de Israel todo, eles ainda não sabiam da glória da Páscoa. Nós sabemos da glória definitiva da Páscoa. Este último domingo após Epifania aponta para trás, para o Natal e Epifania, e aponta para frente, para o tempo que está por vir, tempo da Paixão e Páscoa.

 

Escutem o que ele diz, recomenda a voz que vem da nuvem. Escutem o que ele diz! O que ele diz? Ele diz muitas coisas e muita coisa. Para ouvir tudo precisamos escutar muitas vezes. Aqui, neste um domingo após Epifania, só nos resta selecionar. Mas o que selecionamos? Quem sabe a gente volta para o texto de Lucas e olha algumas coisas a que talvez ainda não tenhamos dado atenção. Quem sabe Jesus nos sugere: Assim como eu, tirem tempo para ir ao monte orar. Interrompam seu corre-corre e vão para algum monte orar. Ou, vão para seu quarto, fechem a porta e orem. Falem com Deus. Digam tudo o que vai no coração. Agradeçam, porque há muitos motivos para agradecer. Peçam, porque vocês sempre precisam de ajuda. Confessem suas fraquezas, suas incoerências, suas omissões, tudo o que a Palavra de Deus chama de pecado. Peçam perdão. Peçam ajuda para que a vida de vocês possa entrar numa nova fase. É muito provável que o rosto de vocês vá mudar de aparência. A roupa de vocês certamente não vai brilhar, mas pode ser que os olhos brilhem, que o coração brilhe. Tenham certeza que raios de minha glória vão atingir vocês. Vocês vão ser abençoados com a minha glória.

 

Cuidado com entusiasmos repentinos. Aprendam com Pedro quando queria construir barracas para todos ficarem ali naquela experiência no monte. Cuidado com visões e sonhos apressados. Eles podem ser muito importantes e bonitos. Mas muitos deles são momentâneos e ilusórios. Tem que descer do monte de novo. É muito importante subir no monte. Mas tem que descer de novo. É muito importante ter uma noite de oração, e talvez às vezes uma noite não seja suficiente, mas tem que voltar para o dia a dia da vida. Tem que viver na família, na escola, na fábrica, na roça, no lazer o que se experimentou na oração. Tem que usar a força ou a alegria ou a esperança ou a fé que se ganhou na oração, tem que compartilhar com outras pessoas e o mundo ao redor. Às vezes isso significa carregar cruz e cruzes. Às vezes é muito difícil viver a glória de Jesus Cristo em nós neste mundo atual. Mesmo assim a continuação do caminho para o monte passa por aí. Como no caminho de Jesus, a cruz faz parte de nosso caminho. Mas faz parte também a promessa dele de presença, amparo, ressurreição, a promessa da glória definitiva.

Escutem o que ele diz. O Jesus Cristo da glória e da cruz, o Jesus Cristo da cruz e da glória, tem muito a dizer, para cada pessoa, para toda a comunidade, para toda a sociedade. Ao mesmo tempo ele sempre está disposto a ouvir. Está disposto a ouvir tudo. E se nós formos a algum monte, há muitos tipos de montes, para ouvir e falar, é bem possível, bem provável que nosso rosto mude de aparência, que toda a nossa pessoa mude de aparência, talvez até nossa roupa mude de aparência, que nossa comunidade mude de aparência e que o mundo ao nosso redor mude de aparência, com glória e cruz verdadeiras, com cruz e glória verdadeiras.

Amém!



P. Wilfrid Buchweitz
Porto Alegre, RS, Brasil
E-Mail: wbuchweitz@gmail.com

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