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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Sexta-Feira Santa , 02.04.2010

Predigt zu Hebreus 4:14-16; 5:7-9, verfasst von Renato Luiz Becker

 

Introdução

Querida Comunidade! Proponho refletirmos sobre o tema "sofrimento". A poetisa Cecília Meireles nos ajuda: "Aprendi com as primaveras a me deixar cortar e voltar inteira." O dramaturgo Ésquilo (500 a.C) também nos auxilia nesta proposta: "A aprendizagem (mudança de comportamento) vem do sofrimento, dessa graça brutal oriunda dos deuses." Outro dia li sobre as flores... Certas variedades de rosas se tornam de 30% a 40% mais aromáticas à noite que de dia. Claro que este fenômeno também pode acontecer com pessoas atingidas por momentos de amargura, de desilusão e de sofrimento. Penso que o texto de Hebreus 4.14-16; 5.7-9 nos será útil para, nesta Sexta-Feira Santa, tratarmos da temática "sofrimento". Vamos ao texto?...

A alavanca do aprendizado

A Palavra Bíblica que acabamos de ler aponta para Jesus Cristo como um "pastor perfeito"; um sacerdote capaz de trazer Deus até nós; de nos levar até Deus. O texto explicita que Jesus "atravessou os céus"; que o filho de Deus não tomou conhecimento de qualquer limite bloqueador de Sua passagem para assentar-se à direita de Deus e assim, de lá, desenvolver Seu ofício sacerdotal de aproximar-nos de Deus.

O advento do cristianismo teceu no coração, no intelecto das pessoas a idéia de Deus como um "Pai amoroso". Isso foi novidade. Para o povo judeu Deus era santo, diferente, pertencente à outra esfera de vida. As grandes escolas filosóficas da época sustentavam que Deus era "apático", incapacitado para sentir alegria ou tristeza. Elas classificavam a alegria e a tristeza como interferência (afetação) de fora. Elas defendiam a tese que se alguém de fora tivesse o poder de interferir na pessoa de Deus, então este alguém se mostrava superior Àquele que afetava. Noutras palavras: Ninguém podia fazer nada a Deus e ser maior do que Deus. Portanto, Deus deveria ser completamente incapaz de sentir alegria; felicidade; tristeza; pesar; sofrimento.

Pois é justamente neste mundo com compreensões tão diferentes de Deus que o cristianismo é introduzido. Neste novo momento se prega que Deus vive as alegrias e as tristezas da experiência humana. Não é preciso ser nenhum superdotado para perceber que essa proposta cristã revolucionou as relações da humanidade com Deus. Durante séculos tinha se acariciado a idéia de que Deus era intocável e agora, de repente, se diz que Deus, na pessoa de Jesus Cristo, se submete a tudo aquilo a que as mulheres e os homens também se submetem. Difícil de absorver...

Sim! Jesus é o "Sumo Sacerdote misericordioso" que amou sem esperar nada em troca; que caminhou no ritmo da humanidade e que, por isso mesmo, experimentou a periculosidade dos abismos, a insegurança das tensões e a dor das tentações; que lutou com todas as Suas forças para vencer as tentações impostas pelo Inimigo Maior de Deus. Sim, Jesus sofreu tentações bem mais intensas do que as nossas e isso, sem desmaiar. Jamais alguém foi tentado como Ele. A Bíblia sublinha que Jesus foi tentado com a "exceção do pecado". O fato é que a experiência de "sofrimento" vivida por Jesus fez Dele um homem extremamente simpático, empático, capaz de sentir a nossa dor exatamente como a sentimos; capaz de perceber o nosso prazer tal como o percebemos, e isso tudo, sem perder de vista que se trata da nossa dor, do nosso prazer.

Quer dizer: Deus conhece e entende o Seu povo. Outro dia eu fiquei pensando, refletindo sobre as experiências que vivi. Não é assim que quando uma pessoa não é capaz de entender a outra, ela a condena? Claro que sim! Deus não age assim. Ele nos entende e é por isso que nos perdoa. Não há nenhum âmbito da experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu estive ali, experimentei aquilo ali, conheço o contexto daquela situação". Quando temos uma história triste e lamentável para contar; quando a vida nos promove "sofrimento", então não nos dirigimos a um Deus que seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu, mas buscamos um Deus que já experimentou o que experimentamos.

Deus sabe ajudar. Ele conhece os nossos problemas porque passou pelos mesmos. Já se deram conta que a melhor pessoa para pedirmos informação a respeito de um trajeto que nos seja estranho é sempre aquela que já fez o tal trajeto? Os entendidos em aconselhamento dizem que as pessoas que mais bem ajudam a curar as feridas promovidas por uma enfermidade sempre são aquelas que já experimentaram a tal doença. Quer dizer: Deus pode ajudar porque sabe fazê-lo; porque entende do riscado. Fica explícito que Jesus é o nosso "Sumo Sacerdote". Ele é o nosso "Bom Pastor" porque é perfeito Deus e perfeito homem; porque é conhecedor da nossa vida. É por isso que Ele pode ser simpático, empático, misericordioso e querido conosco. Jesus trouxe Deus a nós e pode levar-nos a Deus.

Jesus cunhou este entendimento na escola da vida terrena onde viveu Suas experiências amargas de "sofrimento". O texto lido nos recorda do "sofrimento" de Jesus no Jardim do Getsêmani. Ali Jesus ora, clama, suplica e derrama lágrimas. Quem "clama" não consegue expressar o que sente. Há sofrimentos que só se arrancam de dentro do peito a partir da experimentação da angústia e da agonia que brotam das tensões e da dor. Para o escritor grego Heródoto "o sofrimento era um modo desgraçado de se aprender". Outro dia ouvi alguém do nosso meio dizer: "Nossas confirmandas e nossos confirmandos sofreram aprendizado..." Que fique bem claro: Não existe agonia do espírito humano pela qual Jesus não tenha passado. Ele "aprendeu" de todas as experiências humanas pelas quais passou, porque as enfrentou com reverência.

Deus fala à humanidade nas múltiplas experiências de vida que ela "sofre". Só consegue escutar a voz de Deus aquele que, reverente, aceita o que acontece à sua volta. Se a nossa aceitação estiver marcada por ressentimentos, então os gritos rebeldes do nosso próprio coração nos farão surdos à voz de Deus. A experiência pela qual Jesus passou na Sexta-Feira Santa capacitou-O à perfeição. Só depois desta experiência, deste aprendizado, é que Ele ficou apto a desempenhar a Sua função de "Aproximador" de Deus da humanidade; da humanidade de Deus. As experiências sofridas por Jesus na cruz O capacitaram a ser o perfeito Salvador e Redentor de todos os povos; de todas as raças. Paulo nos ajuda a compreender essa questão quando escreve: "...nada poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8.39).

Conclusão

A Sexta-Feira Santa é de grande importância para a humanidade. Jesus "adormeceu" depois de muito "sofrimento". Quando Deus O "acordou" do "sono da morte" Ele já tinha "sofrido aprendizado" e estava apto a interferir, a mudar o rumo da História. Essa interferência tem nome: Páscoa. É impressionante, é maravilhoso, é profundamente esperançosa a Páscoa. Ao sair de dentro "da noite" (do túmulo) para a "claridade" (vida) Jesus trouxe o "perfume de Deus" ao mundo. Esse perfume mexe conosco, pode mexer conosco, aqui e agora... Caminhemos, corramos rumo a essa alegria.

Amém!



P. Renato Luiz Becker
Paróquia São Mateus - Joinville – SC
E-Mail: renatoluizbecker@yahoo.com.br

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