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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

14° Domingo após Pentecostes , 29.08.2010

Predigt zu Lucas 14:1,7-14, verfasst von Gottfried Brakemeier

 

Prezada comunidade!

Quem não gostaria de ser o primeiro ou a primeira? Numa corrida, numa prova, num sorteio? A conquista do primeiro lugar sempre promete aplausos, prêmios, vantagens. Garante projeção social e promove a auto-estima. É o que estimula a concorrência entre grupos, pessoas e povos. Seja na escola, na empresa, no esporte, na família, em toda parte observa-se aquela luta pelos primeiros lugares à qual Jesus se refere neste texto do evangelista Lucas. Nada equivale ao primeiro lugar. Por isto é tão ferrenha a disputa. E se não pudermos garantir o sucesso por meios legais, usamos também os ilegais, usamos os cotovelos ou a força bruta para alcançar uma posição de ponta. O ser humano gosta de ser "chefe", "comandante", "vencedor". Isto vale antes de tudo para os homens. Mas vale a seu modo também para as mulheres. São muitos os recursos que o ser humano emprega para garantir um espaço entre os primeiros.

Acredito que ninguém vai negar que certa dose de concorrência é benéfica. Estimula o esforço próprio. Na economia ela obriga a reduzir os custos de produção e baixar os preços das mercadorias em benefício do consumidor. Na indústria ela ajuda a garantir qualidade. Concorrência pode ser algo muito positivo. Desperta as energias das pessoas e as inspira. Isto é verdade até mesmo na vivência da fé. O apóstolo Paulo usa o exemplo dos competidores em estádio de esporte para animar os membros da comunidade de Corinto a se engajar na prática cristã (1 Co 9.24s). Existe um troféu a conquistar, também para o povo cristão. Então, concorrência é nada desprezível. É preciso esforçar-se, sim, e isto em todas as esferas da vida.

Mas existe o exagero. Se o segundo lugar já não vale mais nada, algo está errado. Podemos observá-lo nos jogos olímpicos. Diz-se que participar é mais importante do que vencer. Mas a realidade é outra. Uma medalha de ouro vale mais do várias de prata e de bronze. Países que não conquistaram ouro são remetidos para o fim da lista por mais prata que tenham merecido. Por que a praga do "doping" não pode ser erradicada? Ora, porque promete vitória. Nada contra primeiros lugares. Mas sua supervalorização é perigosa. Faz com que a concorrência se torne feroz. Desde a comercialização do esporte o primeiro lugar é sinônimo de fantásticos lucros. Em todo lugar é assim. É preciso chegar antes, mesmo que isto signifique a violação dos princípios éticos. No mercado financeiro, por exemplo, a especulação desconsidera o bem comum. Já não importa que o lucro de uns produza a ruína de outros. O anseio por ser o primeiro pode escravizar as pessoas e transformá-las em lobos vorazes.

É isto o que Jesus castiga neste texto. Ele é hóspede na casa de um fariseu da classe alta, portanto de uma pessoa ilustre. Este homem está preparando um jantar com muitos convidados. E aí começa a briga pelos melhores lugares. Todos querem sentar perto do hospedeiro nos lugares de honra. "Cuidado", diz Jesus, "vocês podem sofrer vexame." Pois quem se adianta demais, poderá ser obrigado a ceder espaço a alguém outro, mais digno. É vergonhoso ser rebaixado a um dos últimos. Inversamente, é honroso ser convidado a sentar mais acima na mesa, quando o lugar escolhido for considerado por demais humilde. Jesus recomenda modéstia. Isso nada tem a ver com complexos de inferioridade ou com outras atitudes doentias. Não! Modéstia não é moléstia. Pelo contrário! É uma virtude muito simpática. E é prudente também. Pois é melhor ser exaltado do que humilhado. E é assim que Deus vai fazer. Ele não gosta dos soberbos, dos arrogantes, prevalecidos. Quem se exaltar a si mesmo, será por ele rebaixado.

Não sei como os convidados daquele fariseu reagiram. Nem mesmo sei, se Jesus disse isto em voz alta a todos ou se ele o disse apenas a um pequeno grupo. Mas uma coisa eu sei: Se todo mundo seguisse a instrução de Jesus, a disputa pelos melhores lugares acabaria imediatamente. A seqüência dos assentos perderia importância. Se eu estou sentado um pouco mais acima ou um pouco mais abaixo, que diferença faz? O importante mesmo é que eu tenha um lugar garantido na mesa e que não seja excluído. Jesus nos quer libertar da obsessão pela primazia. Isto não significa o fim da boa concorrência. É gratificante quando a gente colhe os frutos de abnegado esforço e recebe o prêmio merecido. A boa ação necessita do louvor. Mas tudo tem os seus limites. Quando o meu sucesso for conseguido pelo preço do prejuízo de outros; quando ele servir para a minha vanglória; quando eu mesmo me exalto e humilho os demais, então Deus vai inverter as coisas. Ele vai rebaixar os prepotentes e elevar o que está no chão.

É a estes, a saber, aos que estão bem em baixo, aos que não têm vez, os "menos favorecidos" que Jesus dirige a atenção na segunda parte deste texto. E o que ele diz é escandaloso. Quando você der um jantar, afirma ele, não convide os seus amigos, irmãos, parentes, vizinhos ricos. Convide isto sim, os pobres, os enfermos, os deficientes. Convide aqueles que não têm como devolver o favor, que não têm como pagar e dar o troco. Então, sim, você será bem-aventurado. É disto de que Deus gosta. Pois é! As palavras de Jesus são ofensivas. Elas machucam. Se aquele fariseu que preparou o banquete para seus amigos as ouviu, certamente deve ter-se irritado. Será crime convidar amigos e parentes para festejar? Ninguém de nós vai concordar. Isto seria o fim da vida social. Nós precisamos da comunhão com nossos parentes, amigos e vizinhos. Logo também não poderá ser pecado convidá-los.

O próprio Jesus o confirma. Ele mesmo convidou amigos para jantar com ele. Pensemos na noite em que foi traído, quando tomou a última ceia com seus discípulos. Foi um jantar entre amigos. As palavras de Jesus não devem ser interpretadas como lei. Elas têm outra intenção. Elas querem quebrar o princípio da reciprocidade, daquele "toma lá - dá cá", da idéia de que se deve convidar somente a quem é capaz de nos retribuir. Jesus nos anima a fazer alguma coisa de graça, sem calculismo e especulação. E ele promete: "Bem-aventurado quem o faz." Então, vamos fazer o bem também - e preferencialmente - a pessoas humildes. Vamos socorrer pessoas necessitadas sabendo já de antemão que elas jamais estarão em condições de nos devolver o benefício. Os amigos e parentes provavelmente não vão precisar de tal ajuda. Mas outras pessoas sim. Veja, o mundo está cheio de gente em situação de miséria.

Multiplicam-se em nossa época as catástrofes naturais. Terremotos como aquele no Haiti, enchentes como aquele no Paquistão, incêndios como aquele na Rússia causam indizível destruição e sofrimento. Mas não precisamos ir tão longe. Também em nosso País temos terríveis queimadas, enchentes, ventanias. É claro que com caridade somente não podemos resolver os problemas. Outras medidas são necessárias para enfrentar os estragos. E, no entanto, mesmo o pequeno gesto pode aliviar a dor e fazer milagres. Jesus dirige os olhares aos que estão em baixo e anima a que com eles partilhemos algo do que possuímos. Bem-aventurados aqueles e aquelas que sabem doar, que se desprendem da "lei da retribuição" e que investem inclusive onde não há perspectiva de lucro. A lógica de Deus é outra do que a da bolsa de valores, onde se investe apenas para ganhar. Também Deus vai recompensar, sim. Mas isto somente quando formos capazes de renunciar à recompensa. E o prêmio é bem-aventurança, a ressurreição dos justos, a alegria de quem fez o bem. Queira Deus conceder-nos tal bem-aventurança.

Amém!



P. Dr. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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