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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

16° Domingo após Pentecostes, 12.09.2010

Predigt zu Lucas 15:1-10, verfasst von Oziel Campos de Oliveira Júnior

Prezada comunidade!

Quando eu era menino, comecei a tirar notas baixas na escola. Meu pai, preocupado, prometeu: se você passar de ano, vou lhe dar uma bicicleta nova. Motivado por essa promessa, estudei bastante e ganhei a bicicleta. Comecei a aprender assim a gramática do mundo: a gente se esforça, faz por merecer e é recompensado..., por outro lado, é claro, se a gente não faz por merecer, a gente se ferra!

Assim pensavam as pessoas envolvidas na parábola em pauta. Assim também, muitas vezes, pensamos nós! Por isso os fariseus e os escribas, os religiosos da época de Jesus, estranham que uma pessoa como Jesus estivesse cercada de pessoas que, na opinião deles, eram más. Como diz uma das traduções: Jesus estava "cercado de gente de vida má". Os religiosos pensaram: é óbvio que, se Jesus fosse uma pessoa boa e religiosa como nós, estaria do nosso lado! Muitas vezes a religião é entendida assim: Deus é santo, bom e justo, por isso se agrada das pessoas boas, religiosas que praticam o bem e, conseqüentemente, as recompensa. A contrapartida lógica: Deus castiga quem não é bom, quem pratica o mal, quem é pecador.

Encontramo-nos em uma encruzilhada realmente diabólica. Por um lado, os que se entendem pecadores sentem medo, culpa e vergonha; abaixam a cabeça, querem fugir de Deus, da Igreja e das pessoas religiosas. Por outro lado, os que entendem serem bons, não pecadores, acham que Deus quer castigar e destruir os pecadores e, ao mesmo tempo, quer recompensá-los pela bondade e religiosidade.

Estando no meio desse fogo cruzado diabólico e vendo que esses dois grupos estavam metidos em um grande dilema existencial, Jesus conta as parábolas da ovelha e da moeda perdida. Se eu fosse narrar essas mesmas parábolas hoje em dia, começaria assim: quem, entre vocês, se tivesse R$ 100.000,00 no banco e, ao tirar um extrato, notasse que só tem mais R$ 90.000,00, não largaria tudo para ir atrás dos R$ 10.000,00? Ou, ainda: qual é a mãe que, tendo cinco filhos e um desaparece, não deixaria para trás os quatro e iria atrás do que sumiu?

Jesus conta essas duas parábolas para ir ao encontro da compreensão dos religiosos. Jesus nos ajuda a entender que a compreensão de Deus em relação ao pecador é bem diferente da nossa. Vejam bem! Os religiosos estão irritados com os pecadores. Jesus, porém, mostra que Deus os ama. Os religiosos entendem que Deus quer castigá-los e destruí-los. Jesus mostra que Deus quer salvá-los. Os religiosos entendem que os pecadores não são merecedores de estarem na presença de Deus. Jesus mostra que Deus quer fazer uma festa no céu por causa deles. Os religiosos parecem entender que o pecado dos pecadores não tem mais jeito. Jesus ensina que o pecado pode dar ocasião ao arrependimento e ser motivo de festa no céu.

A ovelha é um dos animais mais confusos que existe. Sozinha ela se está totalmente perdida. Sem proteção, qualquer cachorro, qualquer perigo, qualquer buraco, pode facilmente destruí-la. Através das parábolas Jesus está dizendo que faz parte da natureza de Deus, de sua própria natureza, não querer castigar nem destruir a ovelha desgarrada, mas sim ir atrás dela, colocá-la nos ombros, salvá-la. As duas parábolas terminam dizendo "que há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento". Ou seja, quando alguém está numa pior, sentido medo e culpa, prestes a sucumbir por causa de suas dificuldades, pecado e sofrimento, Deus está profundamente interessado em socorrê-lo, em abraçá-lo, em perdoá-lo, em resgatá-lo. Surpreendentemente, Deus também quer fazer isso com "os outros", com os escribas e fariseus. Foi para eles que Jesus endereçou essa palavra. Só que eles parecem não entender que também precisam de perdão e de salvação. Como pode um médico ajudar alguém que não admite estar doente, que não procura ajuda, que não quer tomar remédios?

Prezados ouvintes, irmãos e irmãs..., como é que você e eu vamos nos posicionar em relação à resposta de Jesus aos escribas e fariseus? De que lado estamos? Estamos do lado dos que se consideram bons, dos que acham que Deus está lado deles, afinal de conta..., somos justos, piedosos e bons! Pensamos que Deus deveria castigar os que não fazem parte da nossa igreja, da nossa compreensão espiritual? Sentimos-nos irritados com essas pessoas? Ou será que estamos do lado dos pecadores, dos que fogem de Deus, dos que têm a consciência pesada, dos que abaixam os olhos, dos que não ousam participar de uma igreja por se sentirem indignos? Não foi justamente esse o dilema dos dois filhos, na parábola do Filho Pródigo?

Talvez haja um terceiro lado! O lado daqueles que andam com Jesus, daqueles que aprendem a olhar para si mesmos e para os outros, a partir da compreensão do próprio Deus, ou seja, a partir da compreensão misericordiosa do próprio Jesus! Quem sabe, assim entenderemos que Deus nos ama, que Deus os ama, que espera que reconheçamos nossos pecados, que nos arrependamos para que, também por nossa causa, haja alegria no céu! Talvez, pela misericórdia de Deus que ama a pecador, possamos também chegar a confessar como Paulo: "Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal." I Tim. 1.15. Como poderemos olhar com misericórdia para aqueles que nos cercam, se pensamos que "somos melhores, que o nosso grupo é melhor?" Sem a ajuda do próprio Cristo?

Se formos ajudados pelo próprio Deus, pela palavra do Evangelho, a começar a olhar para nós mesmos, para o nosso próximo, para o próprio Senhor, como Jesus propõe, uma atitude diaconal de profunda alegria, gratidão e misericórdia certamente invadirá nossos corações! Dessa forma entenderemos que Deus tem boas novas de perdão, de ânimo e de salvação..., que nosso próximo é objeto de seu (e do nosso) amor e não da nossa ira, que foi por causa dele (e de nós) que Deus mandou Jesus, i.e., para morrer e ressuscitar, para nos presentear com a possibilidade de arrependimento e perdão, para que entendamos que "Ele é por nós" e não, contra nós.

Esse é o lado de Deus, de Jesus, do Evangelho, da cruz, da ressurreição, da salvação. Ao compreender essa iniciativa de Deus, Paulo confessa algo que foi também central na vida de Martin Lutero: "Não me Envergonho do Evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no Evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé". (Rom. 1.16-17. Veja uma música minha sobre esses dois versículos em http://www.youtube.com/watch?v=jZ8uJDFGi18)

Deus enviou Jesus para enveredar por esse caminho, caminho de cruz. Jesus nos convida a nos emaranhar por essas veredas. Pessoalmente quero entrar por esse logradouro! E você?

Amém



P. Oziel Campos de Oliveira Júnior
Palhoça, SC, Brasil


E-Mail: ozieljrjr@hotmail.com

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