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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

18° Domingo após Pentecostes , 26.09.2010

Predigt zu Lucas 16:19-31, verfasst von Regene Lamb

Prezada comunidade!

O evangelho ouvido nos envolve, mexe conosco, pois entre os muitos aspectos que aborda sobressai-se a proximidade à realidade das pessoas ricas e pobres. Os personagens centrais são todos homens: um rico, outro pobre, chamado pelo nome de Lázaro e o Pai Abraão. O texto fala da vida agora e da vida após a morte.

Voltemo-nos primeiro para a descrição da realidade presente: O rico vive diariamente do que é considerado o bom e o melhor. Isso fica claro tanto na aparência, no que veste, na púrpura e no linho finíssimo, como naquilo com que se alimenta. Ele se regala esplendidamente. Parece que ele não enxerga o mendigo presente à sua porta. Será possível isto? Normalmente para sair de casa é preciso passar pela porta. Aparentemente em seu modo de vida a realidade da pobreza não incomoda.

O pobre, Lázaro que está diante da porta do rico nem conta com o revestimento natural, a pele saudável. Está coberto de feridas. Feridas na pele costumam desviar o olhar de quem se aproxima e, além disso, exalam odores, atraem os cachorros que trazem alívio com suas lambidas. Este pobre deseja alimentar-se das migalhas que caem da mesa dos banquetes do rico. Portanto, ele está ali e vê o rico, aguarda que sobrem migalhas da sua mesa. Ao consumi-las contribui para o bem estar do rico.

Estimada comunidade! Certamente esta apresentação da realidade nos faz olhar ao nosso redor. O Brasil é um dos países do mundo onde, mesmo com a diminuição da pobreza absoluta nos últimos anos, o contraste entre o modo de vida de ricos e pobres é um dos maiores do mundo. Enquanto os ricos todos os dias se alimentam e se vestem aparentemente muito bem, os pobres apenas sobrevivem, ficam horas nas filas do SUS esperando um atendimento médico para suas enfermidades. Já não estão mais na porta das casas dos ricos, pois a organização social se sofisticou, criando condomínios fechados e bairros nobres onde há controle para entrar. As migalhas são recolhidas e levadas até os pobres.

Após dirigir os olhares para a realidade presente Jesus fala do que vem após a morte do pobre e do rico. O pobre é levado pelos anjos para o colo de Abraão, conhecido como o pai do povo eleito de Deus, designado junto com Sara para ser uma bênção às nações. (Gênesis 12,1-3). O rico é sepultado, certamente também com ostentação de luxo e encontra-se no inferno em tormentos. Agora os seus olhos vêem Lázaro no colo de Abraão. Ele conhece os dois. Teve oportunidade de aproximar-se deles e perceber sua situação em sua vida anterior.

Agora o rico chama Abraão de Pai e clama por misericórdia, por compaixão. Pede em primeiro lugar por um gesto de misericórdia para si mesmo. Quer um alívio para sua dor. Parece que os tormentos só são percebidos quando atingem a própria pele. O ex-rico determina a forma como este alívio deve se dar. Ele é ouvido, porém é convidado a olhar para o seu passado, onde recebeu bens e não percebeu a dor de quem estava ao seu lado. Agora, apesar da proximidade não há mais possibilidade de superar o abismo, de estabelecer contato pessoal, de receber um gesto do outro. Agora Lázaro não tem bens, mas tem consolo, aconchego, carinho.

Nisso o ex-rico lembra-se dos seus cinco irmãos e não deseja a companhia deles no lugar onde se encontra. Pede por eles. Novamente é ouvido e ganha uma resposta muito clara: "Eles têm Moisés e os profetas, ouçam-nos." Eles tem os mandamentos que ensinam amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Eles tem os alertas dos profetas que dizem: "Ai de vós que não vos afligis com a ruína do vosso povo, que não quereis perceber a realidade?" Não lhes falta oportunidade. Mas na perspectiva do ex-rico o que eles têm não é suficiente. Precisam de um sinal mais poderoso, que seria uma ressurreição. Mais uma vez ele é ouvido e recebe uma resposta: Se não se deixarem persuadir pelos escritos que têm também uma ressurreição não os persuadirá.

As palavras de Jesus convocam os seus ouvintes para uma resposta hoje. O que impede, o que atrapalha o seguimento das Sagradas Escrituras? Continuamos a viver em um mundo onde as aparências atraem e definem gostos. Moacir Scliar, um conhecido médico e escritor de Porto Alegre escreve, na última semana, interessante reportagem sobre uma entrevista com um famoso psicólogo norte americano de nome Paul Blomm. Segundo este psicólogo, em recente livro, as aparências desempenham um papel decisivo naquilo que torna as pessoas felizes. Menciono um dos exemplos citados por ele para comprovar isto. Contou que a dois grupos de pessoas foram dadas amostras de vinho barato. Mas em um caso o produto era identificado como tal, em outro dizia-se que se tratava de um vinho famoso. Nesse último caso os elogios eram unânimes. E não só de boca reagia. Imagens de ressonância magnética cerebral mostravam que as áreas de prazer do cérebro se incendiavam quando a pessoa tomava o suposto vinho de grife. Assim o psicólogo conclui que o importante é aparentar, o importante é aparecer.

Vivemos em um país tão marcado pelos contrastes entre riqueza e pobreza que já nos acostumamos a eles. Muitas vezes esquecemos que o grande abismo entre ricos e pobres em nosso mundo é fruto da ação humana, da organização social, política e econômica de nosso mundo. Jesus ao contar este exemplo nos faz olhar para a realidade de pobreza e riqueza ao nosso redor e nos pergunta sobre nossas ações de misericórdia hoje!

Estimada comunidade! É nos anunciado hoje um exemplo deixado por Jesus Cristo. É este um texto desafiador. Sempre quando nos é apresentada uma narrativa que problematiza com tanta clareza a realidade da pobreza e da riqueza o nosso coração se enche de inquietação. Como entender e como refletir sobre o abismo que separa as pessoas apesar de viverem muito próximas? Como contribuir para que a Palavra de Deus, a palavra de Moisés, dos profetas, de Jesus Cristo seja ouvida agora, nestes dias? Nós vivemos na época após a ressurreição de Jesus Cristo e devemos anunciar esta palavra. Ela lembra que a misericórdia de Deus vai além de tudo aquilo que nos é apresentado neste texto.

O tempo para reconhecer a presença de Deus no meio do povo é hoje. Importa valorizar as instruções e reconhecer a necessidade da misericórdia de Deus sem impor ordens e desejos para mim ou apenas para os meus. O amor de Deus é para todos e nele, unicamente por sua misericórdia somos capazes de ações de misericórdia, que certamente poderão perceber Lázaro ao nosso lado, hoje, aqui e agora.

Amém!



Pa. Regene Lamb
Cachoeira do sul, RS, Brasil
E-Mail: regelamb@gmail.com

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