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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

22º Domingo após Pentecostes , 24.10.2010

Predigt zu Lucas 18:9-14, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

"Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como aquele fariseu, arrogante, presunçoso, convencido de si. Eu confesso os meus pecados e me humilho perante Deus, pedindo perdão para os erros que cometi." Nós sabemos que é assim que Deus gosta. Pois no final da parábola Jesus não deixa dúvidas: Foi o cobrador de impostos que voltou para casa na paz com Deus, ou seja, justificado, e não o fariseu. Deus não se agrada das pessoas que se gabam de suas boas obras. Ele prefere pecadores arrependidos. O cobrador de impostos dá uma lição de humildade. Quando chega ao templo, ele fica longe do altar e nem ousa levantar o seu rosto. Bate no peito em sinal de penitência e apela à misericórdia de Deus. "Ó Deus, tem pena de mim". É tudo o que ele consegue dizer. As nossas simpatias estão com este miserável pecador. Enquanto isso o fariseu merece nosso repúdio. Graças a Deus não somos como ele. Deus justifica pecadores, não pessoas que se consideram justas.

A parábola se ajusta bem ao que no mais sabemos dos fariseus. Jesus vivia em conflito com eles. Trocavam acusações. Eles, os fariseus, culpavam Jesus do desrespeito à vontade de Deus. Para eles era proibido curar aos sábados, dia de absoluto descanso. Mas é o que Jesus fazia. No entender dele a ajuda ao próximo era mais importante do que a letra da lei. Seu argumento é que o sábado foi feito para servir ao ser humano e não vice-versa, algo que o fariseu piedoso jamais teria admitido. Ademais Jesus se relaciona com gente impura, pecadora, indigna. Comia com eles. Entrou na casa de um pagão, desconsiderava as leis da pureza, tocou até mesmo num caixão, o símbolo da impureza. Ora, havia muito com que os fariseus se escandalizavam em Jesus. E ele criticava neles a hipocrisia. Seriam como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas cheios de podridão por dentro. Seriam cumpridores das minúcias da lei, mas infratores das coisas mais importantes, a exemplo da misericórdia, da justiça, da fé. Sua piedade seria apenas aparente. Portanto, Jesus e os fariseus não se davam.

Isto apesar de que os fariseus eram pessoas respeitadas. Era gente séria. Queriam levar uma vida de acordo com as prescrições da santa lei de Deus. Nesta parábola o fariseu agradece por não ser avarento, desonesto, imoral. E nós não temos motivo nenhum para duvidar disto. É de gente assim que nós precisamos. Estamos cansados da roubalheira tão comum entre os governantes. Estamos cansados das mentiras, da corrupção, das promessas vazias. Estamos cansados dos crimes em nossa sociedade. Ainda estamos no segundo turno das eleições presidenciais. Como seria bom se o próximo ou a próxima presidente da república juntamente com o ministério que irá compor tivesse algo do jeito desse fariseu. Nós ansiamos por políticos com a ficha limpa, comprometidos com a liberdade de imprensa, com a justiça social, o meio ambiente. O Brasil, dizem, vai bem. Ótimo! Vamos manter as conquistas. Mas sem moral elas muito rapidamente irão águas abaixo. Há muito o que fazer neste nosso País. Então, vamos aprender com as qualidades do fariseu desta parábola: Ele não rouba, ele não mente, ele não é imoral.

Aliás, seja anotado que não cabe à igreja nem aos pastores fazer propaganda eleitoral. De acordo com a convicção luterana a igreja deve comprometer-se com causas, não com pessoas nem com partidos. Ela deve protestar contra a corrupção, seja da posição, seja da oposição. Ela deve denunciar os ataques às instituições democráticas, o clientelismo, a impunidade, a barganha com cargos e outros males. Da mesma forma ela deve cobrar o engajamento em favor da justiça social, dos direitos dos fracos, da paz social. Igreja que favorece determinado partido político vai perder sua liberdade. O indivíduo, sim, este deve fazer sua opção. Mas a igreja como entidade coletiva deve assumir atitude suprapartidária, comprometendo todos com o bem comum. Esperamos que o próximo governo seja democrático, não corrupto, engajado em imprimir moralidade em suas atitudes e decisões. Que Deus nos ouça!

Enquanto o fariseu é homem de bem, o coletor de impostos é um exemplo negativo. Os publicanos como também eram chamados eram mal conceituados. Dizia-se que roubavam as pessoas, cobrando mais do que o permitido, seriam avarentos, teriam enriquecido às custas dos outros. Além disso, colaboravam com os romanos, os odiados opressores, os inimigos de Israel. Isto fazia com que fossem considerados pecadores, gente má, cuja companhia deveria ser evitada. E não se tratava de calúnia, não. Os cobradores de impostos roubavam mesmo. Em outro texto chegamos a conhecer o nome de um deles. Era Zaqueu que subiu numa árvore para ver Jesus passar. Ele admite ter explorado as pessoas e conseguido reunir sua riqueza por meios fraudulentos. Assim também o publicano nesta parábola de Jesus. Ele sabe que é pecador, está consciente de sua culpa, considera-se uma pessoa desprezível. Por isto pede a Deus: "Tem pena de mim."

E é tal sujeito que voltou para casa na paz de Deus. Ele se jogou nos braços de Deus e implorou por graça. Um ladrão pediu perdão a Deus e foi justificado. Enquanto isso o fariseu, exemplo de retidão e piedade, é rejeitado. Será certo isto? Deveríamos ficar revoltados. Vamos proceder da mesma forma? Vamos simplesmente perdoar aos corruptos se nos pedem clemência? Não! Não será tão fácil fogir da punição. É preciso cuidar para não interpretar mal esta parábola. Este cobrador de impostos não pode ficar assim como está. Deve mudar de vida. Em outras oportunidades Jesus não deixou sombra de dúvidas quanto a isto. Se você quer ter o perdão de Deus, você deve de fato arrepender-se, tentar reparar o dano que causou, prometer que doravante vai proceder de modo diferente. No futuro o cobrador de impostos não mais deve defraudar, deve ser honesto, deve devolver o que roubou. Ninguém consegue a paz de Deus sem penitência. Eu acho que o publicano nesta parábola bem o sabia. Caso contrário Jesus teria falado diferente. Quando aquele cobrador de impostos voltou para casa, era outra pessoa.

Não assim o fariseu. Que há de errado com ele? Além de não roubar e de ser honesto ele jejua duas vezes por semana e paga o dízimo de tudo o que ganha. Também isto é digno de louvor. Mais uma vez eu quero defender o fariseu. Por favor, não façamos dele uma caricatura. Pagar a contribuição à comunidade e cumprir as demais obrigações religiosas, isto é necessário, é bom e digno de imitação. Não! O erro do fariseu está em outra coisa: Ele se julga justo, perfeito, sem erro. Considera-se diferente dos outros, moralmente superior a todos os demais. Na verdade, porém, ele esconde os seus pecados. Não é honesto nem perante si nem perante Deus. Mostra somente seus lados bons. Será que o fariseu não tem pecado também? Pessoas como ele não tem dó. Condenam, mas não sabem perdoar. Gostam de se comparar com os maus e despejar cinismo em cima de seus semelhantes. Na nossa parábola o fariseu agradece a Deus por não ser "como aquele cobrador de impostos". Ele dá as costas ao pobre coitado e só tem desprezo por ele. Ora, Deus não gosta quem mente para ele nem quem humilha seu próximo.

Prezada comunidade! Confesso que eu não me sinto bem na companhia de gente que se considera justa. Normalmente será gente fria, arrogante, sempre certa em seus juízos, incapaz de reconhecer um erro. Por isso também não sabem amar, não sabem perdoar e muito menos compreender. É difícil lidar com tais pessoas. Não é por acaso que Jesus disse que a esse tipo de gente não se sabia enviado. No fundo não precisam nem mesmo de Deus. "Não vim para chamar justos, e sim, pecadores", disse ele. Fariseu pode ser uma pessoa de respeito, mas não será humilde nem autêntico em sua auto-avaliação. E tais pessoas não são justificadas por Deus. Queira Deus dar-nos o espírito da humildade que nos ensina a verdade sobre nós mesmos e o amor aos nossos vizinhos.

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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