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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

1º Domingo de Advento , 28.11.2010

Predigt zu Romanos 13:11-14, verfasst von Gerd Uwe Kliewer

Prezada comunidade:

Quando uma criança está sendo levada ao batismo está vestida de branco. E quando uma pessoa adulta recebe o batismo, também está vestida de branco, ou usa no mínimo uma camisa branca. Não tenho conhecimento de uma igreja cristã que não observa o uso de vestimenta branca no batismo. De onde vem este costume? Pelas notícias que temos dos primeiros tempos da Igreja cristã, já no primeiro e segundo século da era cristã, as pessoas que recebiam o batismo usavam uma "alba", uma manta branca. Qual o significado dela? Significava a luz, a pureza, a clareza. Vestindo esta alba, a pessoa batizada confessava e proclamava que a sua vida tinha um rumo novo, se tornara clara e transparente; uma vida sob a orientação do Senhor Jesus Cristo, cujo alvo é o encontro final com ele no fim da vida ou dos tempos. Vestir a alba aponta para o que o apóstolo Paulo menciona no v 14: "Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo."

O que descrevi, tem muito a ver com os ensinamentos do apóstolo Paulo em suas cartas, também com o texto que serve de base para a nossa prédica de hoje. Lembremo-nos: O apóstolo Paulo, quando ainda chamado de Saulo "respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor", no caminho para Damasco foi derrubado do cavalo por uma luz intensa, da qual saia uma voz, perguntando: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Apavorado, ele retruca: "Quem és tu, Senhor?" E recebe a resposta: "Eu sou Jesus Cristo, a quem persegues!" E recebe instruções de ir a Damasco, onde iriam dizer-lhe o que fazer, pois a luz muito forte o deixara cego. Os companheiros de viagem levaram Saulo até a cidade, e lá foi procurado por certo Ananias que, mandado por Jesus Cristo, lhe anunciou que voltaria a ver. E Saulo viu de novo a luz do dia; mas não só isso, ele viu também que este Jesus, morto na cruz, era o Cristo, o filho enviado por Deus para dar a salvação a ele e a toda a humanidade. A seguir, levantou-se e foi batizado. Tornou-se assim membro da Igreja cristã que antes tinha perseguido. E não demorou muito - uns dois anos -, ele tinha se transformado no apóstolo Paulo, o mais eficiente missionário de Jesus Cristo na Igreja primitiva. Sua vida mudara de rumo. De um Saulo - o arrogante -, tornou-se o Paulo, o humilde servidor de Cristo.

Paulo acreditava firmemente que o acontecido em Damasco e o seu batismo a seguir lhe deram uma vida nova. "Fui sepultado com Cristo no batismo e ressuscitado com Ele para uma nova vida" ele diz (cf. Ro 6,4). A sua vida antes do batismo era morte, eram trevas. Entrou em Damasco cego, na escuridão. Saiu de lá na luz de Jesus Cristo, na claridade da fé. Vivia agora uma vida nova que não era dele, mas de Cristo. E essa vida, assim pregava, estava à disposição de todas as pessoas. E não só das pessoas, mas do mundo todo, de toda a criação: antes de Cristo o mundo estava em conflito com Deus, afastando-se dele; após o evento salvífico no morro de Golgotá, após a morte de Jesus Cristo na cruz pelos pecados da humanidade toda, o nosso mundo move-se inexoravelmente em direção ao encontro com Deus. Sim, Paulo tinha uma visão grandiosa, abrangente e universal de Jesus Cristo, sua morte e ressurreição. E a Igreja seguiu-lhe nesta visão. Por este motivo contamos os anos a partir do nascimento de Cristo, e acrescentamos a sigla A.D., Ano Domini, ano do Senhor, para indicar, quanto tempo esta mudança de rumo, esta caminhada em direção a Deus já durou. E essa caminhada está mais próxima de alcançar o seu alvo, isto é, a revelação plena da glória e do poder de Deus em Jesus Cristo, no fim dos tempos, "quando Deus morará com as pessoas humanas, todas as lágrimas serão enxugadas e não haverá mais sofrimento e luto" (Ap 21,3s).

Neste contexto devemos ler os versículos de Rm 13,11-14. Eles nos falam dessa caminhada em direção a este dia, o dia em que nos apresentaremos diante de Jesus Cristo. Disso a época de Advento que começa hoje quer nos lembrar. Advento não é tempo de espera. O que estaríamos esperando? Os presentes natalinos, os festejos, a Ceia de Natal? Estamos esperando o nascimento de Jesus, o Filho de Deus? A espera pelo nascimento de Jesus, o Filho de Deus, terminou há 2010 anos, lá em Belém, nas terras da Palestina, quando Maria deu à luz. Quem esperava esse nascimento foram os pastores no campo, mas eles viram a criança na manjedoura e não esperam mais. Não, tempo de Advento é muito mais que isso, muito mais que a mera expectativa de presentes e uma celebração bonita. É tempo de caminhada, de avaliação, se ainda estamos no rumo certo, se estamos indo para frente em direção ao encontro de Deus, se o nosso equipamento espiritual está em dia para suportar-nos nesta viagem, se não há amarras e empecilhos que nos seguram e fazem tropeçar.

Para essa caminhada rumo ao Dia de Deus, o Juízo Final, o apóstolo Paulo quer preparar a comunidade na cidade de Roma, capital do Império e centro principal do mundo então conhecido. "A noite está terminando", ele diz. Noite, para ele, é o período do domínio do mal e dos maus, tempo de pavor e medo. Lembremo-nos que não havia luz elétrica; era escuridão mesmo nas noites sem luar. Gente mal intencionada usava a noite para seus propósitos. "Começou o dia com Jesus Cristo, a luz do mundo", o apóstolo acrescenta. "Deixemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz." O que são as obras das trevas ele enumera logo no versículo seguinte: exagero de comida e bebida, sem-vergonhice e desrespeito, brigas, ciúmes e ódio. Em resumo, tudo aquilo que faz mal ao nosso próximo, à nossa próxima, e também a nós; tudo que prejudica a convivência com as outras pessoas, na comunidade e na sociedade.

E as armas da luz, o que são? O cristão, a cristã não tem nada a ver com as obras das trevas mencionadas. Anda na luz do dia; o que faz e fala não precisa ser escondido das outras pessoas, da comunidade e sociedade. "Revesti-vos de Jesus Cristo", conclama o apóstolo. É só outra maneira de dizer: "Revesti-vos das armas da luz." Entendo assim: Pela fé e pelo batismo a nossa maneira de ser e viver muda completamente, recebemos uma orientação diferente, voltada para Deus e para o nosso próximo. E se ficarmos fiéis e firmes na fé, a nossa maneira de agir ficará cada vez mais semelhante à de Jesus Cristo. Aprenderemos a amar o próximo sem esperar retorno. Ao que nos bate na face direita, ofereceremos também a esquerda. A nossa fala será verdadeira, sem muito palavrório. Da nossa língua não sairá palavra mau contra o nosso semelhante; e sempre interpretaremos a palavra dele da melhor maneira, como ensina Lutero no catecismo. Andaremos duas milhas com quem nos pediu acompanhá-lo por uma. Amaremos o nosso inimigo, e, no que cabe a nós, teremos paz com todos. Para nós aceitaremos, que é melhor sofrer do que fazer injustiça, mas seremos muito zelosos para defender as pessoas com que convivemos de serem injustiçadas. Justiça tem que ser para todos.

Tudo isso e muito mais Cristo ensinou e viveu. Revestir-se de Jesus Cristo significa seguir o mais próximo possível estes ensinamentos de Jesus Cristo. Não como uma lei. Se transformarmos os ensinamentos de Cristo em lei, em obrigação, já fracassamos. O modo de vida do cristão, da cristã nasce da transformação do nosso coração, do íntimo do nosso ser através da salvação por Jesus Cristo. Torna-se tão natural para nós quanto antes a "vida na carne", que para o apóstolo Paulo significa deixar os impulsos da natureza humana dominar a nossa vida: o egoísmo, a procura de prazer e de poder, o ciúme e o ódio. Em palavras mais simples: revestido de Cristo, a minha primeira pergunta não será: "O que é bom para mim? O que me dá prazer? Onde levo vantagem?", mas: "O que serve ao meu próximo? O que é bom para a comunidade, a sociedade? O que promove o bem comum e o amor entre as pessoas?" O apóstolo Paulo definiu muito bem: "O cumprimento da lei é o amor." (Ro 13,10)

Não nos enganemos, porém. Revestir-se de Cristo é uma dádiva de Deus que nos vem junto com a fé e o batismo, mas está em conflito com a "carne", com a nossa natureza humana. Não saímos do batismo como cristãos perfeitos. E também uma experiência de conversão não garante a perfeição. Nas palavras de Paulo: "Não que já fiquei perfeito, mas continuo a correr para conquistar o prêmio, pois para isso já fui conquistado por Cristo Jesus." (Fl 3,12). "Quem quer ser cristão deve sempre pensar que ainda não é cristão, mas está se esforçando a tornar-se um", disse o reformador Lutero numa prédica de 1538. E continuou assim: "Ai daquele que já está completamente renovado, isto é, que imagina estar completamente renovado! Este certamente ainda não começou a ser renovado e ainda não descobriu o que significa ser um cristão. Porque quem começou a ser cristão, não se considera um cristão, mas deseja muito tornar-se cristão, e quanto mais ele cresce e aumenta, tanto mais ele procura sê-lo e tanto menos está convencido de sê-lo. Tão maravilhosos são os caminhos do Reino de Deus." (WA 38, 568). Retomando o termo usado no início: Ser cristão, tornar-se cristão é uma caminhada, uma caminhada com início, progresso e fim.

Por isso o apóstolo Paulo alerta os cristãos de Roma: "Está na hora de acordar, minha gente! O dia do encontro final com o nosso Deus está mais próximo do que nunca antes. Não podemos parar, vamos caminhar ao encontro dele!" Mas que cristãos são esses que precisam desse alerta? Que cristãos são estes que estão dormindo? Creio que são aqueles que Lutero menciona na prédica citada: aqueles que acham que são completamente renovados, perfeitos. Foram batizados, estudaram o catecismo, receberam a confirmação, confessaram a fé. Cumpriram a obrigação. E agora se consideram cristãos prontos, completos. Estão parados, estacionados. Não crescem mais. Não caminham mais para frente. Sim, pagam contribuição à igreja. São tão completos que agora só falta morrer. O pastor de talar andando atrás do caixão já está garantido. Culto? A gente vai se não tem outra obrigação. Mas o pastor ou a pastora devem ser simpáticos. Estudo Bíblico? É para piegas. Visita aos doentes? Para isso pagamos o pastor. E assim continua. Mas essas palavras minhas são faladas ao vento, pois as pessoas que deviam ouvi-las não estão aqui. Estão dormindo. Quem dorme, sempre está no escuro, sempre está nas trevas, ainda que durma na luz de Cristo. A luz da palavra de Deus não o atinge. A salvação em Cristo não lhe serve para nada.

Cristo e a sua Igreja precisam de cristãos alertas e acordados que vestem a sua camisa. Gente que se prepara, que sabe da importância de ouvir a pregação, de estudar a Palavra de Deus, de construir e fortalecer a comunidade. Gente que cada dia caminha em direção ao encontro com o seu Salvador e Deus. Que esse tempo de Advento nos prepare para esta caminhada.

Amém.



P. Gerd Uwe Kliewer
Colônia Wittmarsum, PR, Brasil
E-Mail: kliewer@terra.com.br

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