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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2º Domingo de Advento , 05.12.2010

Predigt zu Mateus 3:1-12, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

João Batista foi pessoa dura em seus juízos. Sua pregação pode assustar. É o que está em grande evidência neste texto do evangelho de Mateus. Para as pessoas da época, João Batista deve ter sido uma pessoa incômoda. Exigia arrependimento, mudança de rumo de vida, uma profunda reforma, coisas que as pessoas não gostam de ouvir. Enquanto isso, a igreja cristã o celebra como grande profeta. Ela enxerga nele o precursor de Jesus. Particularmente nesta época de Advento ele está sendo lembrado. João Batista pertence ao evangelho. Foi ele quem batizou Jesus e deu testemunho a seu respeito. Foi morto pelo rei Herodes por ter denunciado um grave pecado desse soberano. João Batista é mártir. Morreu por causa de seu engajamento em favor da verdade, da justiça, do respeito à lei de Deus. Isto antes de Jesus ter iniciado sua atividade. Jesus segue a João Batista, é posterior a ele. Mas a relação entre eles tem sido muito estreita. João preparou o caminho do Senhor. Por tudo isto a Igreja cristã sempre teve este profeta em alto apreço e lhe devotou muitas simpatias.

Mesmo assim seria impróprio diminuir o rigor com que João anuncia o juízo de Deus. Ele anuncia desgraça. "Arrependam-se dos seus pecados, porque o reino de Deus está próximo." Nessas palavras ele resume sua mensagem. Aliás, convém sublinhar que, no entender de João, este reino se aproxima como castigo. Deus não vem para salvar, mas sim para fazer uma radical faxina, para eliminar tudo o que é podre neste mundo, para penalizar os corruptos, os criminosos, todos os que lhe desrespeitam a vontade. "O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada no fogo." Por isto: Arrependam-se, mudem o estilo de vida, voltem a Deus. São essas as suas palavras. João Batista trabalha com ameaças. Se vocês não mudarem agora, amanhã poderá ser tarde.

Suas palavras assumem um tom especialmente áspero quando vê chegar fariseus e saduceus, portanto gente da classe alta. Desconhecemos os motivos desse grupo. Foi curiosidade ou desconfiança que os trouxe ao deserto às margens do rio Jordão? Seja como for, eles estão aí e querem ouvir a prédica desse profeta que chama atenção não só pelo radicalismo de seu discurso como também pela maneira de vestir e alimentar-se. João renunciou a todo luxo. É um asceta, ou seja, uma pessoa que se contenta com um mínimo para viver. Ele usava roupa feita de pelos de camelo e comia gafanhotos e mel silvestre. Esse seu modo de viver já como tal é um sinal do arrependimento que ele exige. Por isto não é de estranhar que a presença de fariseus e saduceus o irrita. Ele os agride dizendo: "Ninhada de cobras venenosas! Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar?" Das lideranças se deve esperar o bom exemplo. Mas elas se fecham, achando que para eles não há perigo. João Batista insiste: Não se enganem. Vocês serão os primeiros a serem cortados e lançados ao fogo.

O apelo, porém, se dirige a todos, não só aos que estão lá em cima no comando do povo. Todos devem fazer penitência, uns mais outros menos, mas todos sem nenhuma exceção. Cada qual carrega a sua culpa e necessita do perdão de seus pecados. É o que João oferece. Ele batiza as pessoas em sinal da remissão de seus pecados. Aplica-lhe um "banho de purificação". É por isto que ele já naquele tempo era chamado de João Batista. Sabemos que a sua atuação causou grande impacto, apesar ou justamente por causa da dureza de seu discurso. Ainda hoje isto pode ser o caso. Pois eu confesso que o vigor com que João chama ao arrependimento me é extremamente simpático. Se vejo o caos em nosso mundo estou tentado a sonhar com aquela grande faxina que João anunciou. O estúpido conflito armado na Coréia, a interminável violência no Rio de Janeiro, a cobertura que se dá à corrupção em nosso país! Quem vai acabar com isto e dar um "basta"? Ah!, como seria bom se houvesse uma intervenção direta de Deus em toda essa bagunça. Nós precisamos de outro João Batista não menos duro em seu discurso, decidido em exigir arrependimento e correção de curso. Quem vai preparar o caminho do Senhor; dar um jeito neste nosso mundo; preparar o Advento global?

Sei que este sonho é ilusório. João causou impacto, sim, mas não conseguiu reverter a situação. O mundo continuou pecaminoso. Também hoje isto é assim. São muitos os alertas dizendo que enfrentaremos grandes calamidades em futuro próximo. Caso continuarmos a explorar o planeta assim como o estamos fazendo, o resultado será o colapso ecológico. A natureza não vai agüentar. Ou então todos sabem que o sistema financeiro global necessita de ajustes para excluir a possibilidade de mais outra crise mundial. Mas pouco ou nada acontece. O Brasil, enfim, se ressente da falta de uma série de urgentes reformas para evitar futuros impasses. Tudo isto está claro. Os alertas estão aí. Mas ninguém os leva a sério. Ameaças costumam ser ineficientes. Foi o que me fez dirigir os olhos a outro aspecto da prédica de João. João aponta não só para o juízo que está próximo. Ele aponta também para Jesus. E é isto o que faz com que o seu testemunho ganhe outro aspecto e se torne realmente relevante.

João aponta para Jesus. Diz que virá alguém mais poderoso do que ele. Enquanto ele, João, batiza apenas com água, o outro que virá depois dele vai batizar com o Espírito Santo e com fogo. Ele ainda não tem ideia exata deste "mais poderoso". Acha que será mais forte no juízo. Conforme João pensa, ele há de separar em definitivo a palha do trigo para recolher este no celeiro e jogar aquela no fogo. Aquele outro vai castigar os maus e premiar os bons, portanto ele iria julgar. Então Jesus foi isso? O grande juiz? De certa forma, sim. Pois ele confrontou as pessoas com a alternativa de crer ou não crer. Prometeu a vida eterna a quem nele depositar a confiança. Sem fé não há salvação. Mesmo assim, Jesus foi diferente de João. Ele não ameaçou. Antes de julgar, Jesus acolheu, amou, perdoou. O reino de Deus não vem para acabar com o mundo, destruir as pessoas, castigar o pecado. No entender de Jesus o reino de Deus vem como um tempo de graça. Também ele quer o arrependimento das pessoas. Mas não através de ameaças, e, sim, através de demonstrações do amor de Deus.

Será que Jesus teve mais sucesso do que João Batista? Como é que conseguimos mudar este mundo? Através da força ou através do amor? João Batista sonhou com uma demonstração de força. Achou que Deus devesse sanar este mundo a "ferro e fogo". Está aí a diferença entre ele e Jesus. Jesus aposta no amor como poder de transformação. Ele veio fraco a este mundo. Não tinha exército à disposição para não falar em armas e outros meios de destruição. Ainda assim, João tem razão quando fala dele como sendo o mais poderoso. Pois o amor, embora seja fraco é mais forte do que todo poderio militar. A força bruta só sabe subjugar, matar, liquidar. Enquanto isto o amor convence, salva, constrói.

João batizou Jesus. Ele mesmo percebe que deveria ser o contrário. Confessa: "Eu é que preciso ser batizado por você." Sim, claro. Mas Jesus insiste. Faz questão de submeter-se também ele ao batismo. E, o que deveria ser um batismo de arrependimento de pecado se transforma num batismo do Espírito Santo. E uma voz se ouviu, dizendo: Este é o meu Filho querido em quem tenho alegria. O Espírito de Deus está sobre Jesus Cristo, ele é o portador da missão de Deus, encarregado de levar adiante a sua causa. É interessante observar que João Batista não só aponta para Jesus, ele, através do batismo, encaminha Jesus para o início de sua atividade, uma atividade que se distingue um pouco daquilo que João imaginava. Pois, em Jesus, eu o repito, o que está em primeiro plano não é juízo, e, sim, o amor de Deus.

Jesus veio fraco a este mundo, sem armas, sem soldados, sem anjos celestiais, sem tanques, aviões e navios de guerra. Foi tão fraco que até mesmo acabou crucificado. E, no entanto, não houve pessoa da história que tão profundamente tivesse transformado este mundo. Somente o amor é capaz de realmente transformar, renovar, salvar. É disto que as velas do advento são um sinal. Vela é coisa fraca. Qualquer sopro de vento pode apagá-la. Mas elas criam um ambiente de paz, de aconchego, de bem estar. Vela é um sinal do amor de Deus que com Jesus Cristo veio ao mundo. Portanto, acendamos velas na coroa de Advento. Mas não só! Acendamos velas também em nossas vidas, preparando o caminho do Senhor e fazendo o nosso ambiente mais agradável, pacífico, mais de acordo com os propósitos de Deus. Que Deus o conceda.

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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