Göttinger Predigten
Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach
4º Domingo de Advento, 19.12.2010
Predigt zu Mateus 1:18-25, verfasst von Heinz Ehlert
Querida comunidade, prezados ouvintes:
Observei a minha esposa tecendo um tapete. O emaranhado que se apresentava aos meus olhos não permitia imaginar como seria o desenho do trabalho pronto. Era uma confusão de fios e cores, principalmente no lado avesso. Mas é certo que ela tinha um projeto bem claro e bonito. Saiu uma obra de arte. Não poderia ser isto uma parábola para a nossa vida? Olhando-a como um acontecimento, uma obra que vem sendo realizada, pode parecer também uma sucessão de eventos desconexos, às vezes sem lógica e sem sentido. É quando perguntamos, por que isto acontece comigo? Por que fui empurrado para dentro desta situação? Por que a vida é tão difícil? Às vezes conseguimos descobrir razões, notar falhas ou culpa de nós mesmos ou de outros. Mas nem sempre.
José de Nazaré, o personagem da história de hoje, passou por isso. Tudo parecia andar como manda o figurino. De acordo com o costume da época, os pais chegaram a um acordo sobre o seu casamento com uma jovem de nome Maria, de boa família. Houve acordo sobre o contrato de casamento. Prometia ser um casamento feliz.
De repente tudo mudou. Como José podia entender isso? Descobriu-se que antes de coabitarem, ou seja, de consumarem o casamento, a sua bela prometida, se achava grávida. E agora? Segundo as leis e costumes de então só podia ou fazer uma acusação pública para repudiar ou deixá-la secretamente, como diz o texto. Neste caso a culpa e a vergonha cairiam sobre ele. O que fazer? Era o pior problema de sua vida. Pois é, o pior problema é sempre o atual. Ele não podia saber ainda o que lhe estava reservado, pois só via o lado dele, o lado humano.
É o que já aconteceu e acontece conosco: vemos o que está diante dos olhos. E então "entramos em parafuso". Numa situação de profunda crise a pessoa entra em pânico e talvez cometa um ato extremo de desespero. Como aquela senhora idosa e solitária que queria tirar a própria vida. Já tinha conseguido o veneno, como confessou mais tarde. O que salvou a vida dela foi um menino de 14 anos que veio até a casa dela para entregar-lhe um convite para vir ao culto de Natal, junto com um folheto da Igreja. O folheto falava de Deus. Que ele ama todas as pessoas. Não fora esquecida. Este convite era o sinal. Então valia a pena continuar vivendo.
Aprendemos com José, neste texto, que existe o lado de Deus. O que Deus quer e o que Deus faz. Então é verdade? O mundo e a nossa história não estão fora de controle? É verdade: Deus está no controle. O criador é também o Senhor. E Deus entra em cena. Antes que o pobre José entre em pânico. Neste caso utiliza o meio do sonho para revelar a sua ação. Em sonho lhe aparece um anjo. Pois Deus já agiu. Assim o onipotente criador age na vida de suas criaturas, inclusive na nossa, muitas vezes sem que a gente nota.
É um novo capítulo que começa na vida de José, mas não só dele. Já começou com Maria, para ser um novo capítulo da história da humanidade. Em sonho Deus faz saber a José do papel que reservou à Maria e a ele: Pela ação do Espírito Santo Maria terá um filho. É milagre como no início da criação do mundo. E ele, José, deve ser o pai humano do menino que será chamado Jesus. E ainda explica que isto significa salvação. Vai se realizar o que os profetas anunciaram e que o povo de Deus esperava: salvação! Libertação de todos os pecados, da morte e do poder do diabo. Vida eterna com Deus. Esta é boa nova para o momento da vida de José e mais: para a humanidade.
E como é que José reage? Está atento. É a primeira condição indispensável: estar atento para a vontade e o plano de Deus. O plano de salvação maior em que se insere o nosso papel, por modesto que seja. Ele ouve até o final a mensagem de Deus. Ela contém um desafio, uma orientação, embutida na promessa. E José crê e obedece. Ainda sem poder medir todas as conseqüências. Foi assim com Abraão e com os profetas. Nisto se torna exemplo para nós. Segue o chamado e a orientação de Deus - para o que der e vier. Será que é assim conosco? Somos chamados também hoje para ficarmos atentos daqui para frente. O Evangelho não deixa dúvida. Trilhar o caminho da vida com Deus pode trazer dificuldades e sofrimento. Não é isso que também já experimentamos? José dentro em breve vai passar por isso.
Mas faz o que o momento presente exige, a saber, tomar as medidas concretas agora. "Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria". Em poucas palavras se conta uma história dramática que tem muitos detalhes, como podemos imaginar. Deve preceder uma longa conversa entre José e Maria. O que foi revelado a ele e a ela em particular. E colocar-se humildemente sob a vontade de Deus. Só então podem ser feitos os preparativos para o casamento. Cada novo passo depois será um ato de fé e obediência a Deus. Os evangelistas nos contam como continuou. José e Maria cumprem o papel que Deus lhes reservou. Deus chama pessoas frágeis como nós para realizar a sua história.
E aí estamos nós para comemorar e festejar. Mas festejar o que? Justo o que foi revelado e prenunciado pelos profetas e anunciado a José e Maria sobre o nascimento do menino Jesus: ele salvará o seu povo dos pecados deles. Em Jesus o eterno criador e senhor do universo, vem a nós pessoalmente. Para fazer a paz com ele e trazer a paz aos homens. O que valeu para José e Maria, vale também para nós hoje. Jesus é o "Emanuel", o que significa "Deus está conosco". Abre os olhos sobre nós mesmos que muitas vezes andamos errantes no escuro como José. Mas nunca estamos sozinhos. Acompanha-nos e nos anima a promessa do Jesus ressurreto: "...eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos", e assim como anunciou o anjo naquela noite do Natal: "Não tenham medo! Estou aqui para trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo. Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês - o Messias , o Senhor".
Vamos festejar, pois, este Natal com alegria. Vamos na paz do Senhor!
Amém.