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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Dia de Natal, 25.12.2010

Predigt zu Tito 2:11-14, verfasst von Erni Drehmer

Prezada comunidade! Caros irmãos e irmãs!

Para quem costuma prestar atenção aos textos bíblicos usados como base para a pregação nas diferentes épocas do ano, talvez sinta algo de frustração: hoje deveríamos ler e ouvir um texto que fale da história do Natal, de pastores, da criança na manjedoura, talvez de sábios do oriente. Mas, não. O texto fala de consequências, de resultados, de ações nascidas do Natal.

Quando falamos em ações, em resultados e consequências sempre tentamos imaginar coisas grandes. Pequenas coisas não contam. As coisas têm que se manifestar de forma grandiosa: shows de música com público de 50 mil pessoas; jogos de futebol com 35 mil torcedores; filmes com milhões de dólares de bilheteria nos primeiros dias. Até mesmo ações relativas ao Natal falam dessa megavisão: bater recordes em alturas de árvores de Natal, em número de lâmpadas a iluminar casas e ruas, em luxo na decoração de vitrines em lojas e grandes centros comerciais. Arrastados por essa mega avaliação, achamos que também as igrejas que conseguem reunir milhares de chamados fiéis em estádios de futebol é que realmente contam e que estão certas. As outras, as “menores”, elas não contam, até servem como referência negativa de fracasso em suas tentativas de se impor na sociedade, na mídia, no mundo globalizado.

Será que essa obra grandiosa, de salvação promovida pelo nosso grande Deus, pode acontecer do jeito que iniciou? Com aquela criança, deitada num cocho de animais, sobre palha, cercada por cheiro de estrume, num abrigo usado para alimentar os animais espalhados pelos campos de Belém? Filho de uma Maria e de um José qualquer? Gerada sob circunstâncias que qualquer sociedade machista colocaria em dúvida, afinal, surgiu pela gravidez suspeita de uma virgem?

Pois é, queridos irmãos e irmãs, foi exatamente assim que nasceu a gigantesca obra transformadora de Deus nesse mundo. E exatamente por ter nascido dessa forma surpreendente e escandalosa à compreensão humana, o Natal de Jesus Cristo não encontra absolutamente critérios humanos para ser medido, enquadrado ou avaliado. É pura ação e intervenção de Deus na história da humanidade, na nossa história. E para conseguir entender Natal como intervenção de Deus em nossa vida, não basta conhecimento racional, saber humano. É preciso olhar para a pobre, frágil e indefesa criança deitada na manjedoura, e reconhecer nela o poder de Deus, presente, absoluto e ilimitado.

Esse olhar e essa compreensão vão tornar possível em nossa vida a mudança, o jeito novo, diferente de viver. Um jeito que prioriza a inclusão, a justiça, a verdade, a transparência, a coragem de falar o que precisa ser falado. Um jeito que jamais será aplaudido de pé. Pelo contrário, na chamada sociedade pós-moderna, optar por discernimento, por diferenciar entre o que é certo e errado, o que é justo e injusto é andar na contramão. Em um mundo onde tudo é bom, onde tanto se faz, onde mais e mais grupos surgem para tão somente cultivar o prazer da vida, sem dar espaço para falar das dores, num mundo assim falar de opções claras pela verdade, pela justiça, pela ética cristã é mesmo andar na contramão.

Por isso, queridos irmãos e queridas irmãs, o Natal e suas consequências práticas só podem ser entendidos e vividos se não dependerem apenas de nossa compreensão e força humanas. Somente a intervenção divina na história da humanidade pode nos fortalecer, purificar e animar a continuar sendo povo de Deus. É preciso ter uma coragem que não temos em nós mesmos para dar um basta ao discurso comercial do Natal. É preciso coragem além de nossas forças para ensinar nossos filhos a não fazerem depender seu amor por nós do tamanho ou do valor do presente que lhes dermos no Natal. É preciso coragem para denunciar a hipocrisia de governantes quando eles desejam paz, harmonia, justiça e dignidade na época do Natal e no restante do ano simplesmente nada fazem para promover o ser humano ao nível da dignidade. É preciso coragem para até mesmo dentro de nossa vida comunitária apontar para as atitudes de fé que deveríamos ter durante o ano todo, e não apenas atitudes assistencialistas de fim de ano. Atitudes que apregoam que entregar cestas básicas para os pobres ou presentinhos para as crianças resolvem a questão da solidariedade com os marginalizados e esquecidos durante o ano todo.

Essa coragem, prezada comunidade, nós não a desenvolvemos por nós mesmos. Ela só pode vir de quem teve coragem de contradizer todos os conceitos humanos de poder e força, e nascer como filho de José, o carpinteiro, e Maria, a dona de casa. A coragem de viver uma vida prudente, correta e dedicada a Deus só pode nascer de quem, criança pobre e indefesa, viu os grandes sábios se curvarem diante dela, colocando seu saber aos pés da manjedoura.

Portanto, busquemos na manjedoura de Belém a força que precisamos para viver de forma diferente. Assim o Natal se estenderá para dentro do próximo ano. E a cada dia veremos renovadas as forças para que o mundo ao nosso redor experimente o poder transformador do amor revelado em Jesus Cristo, na manjedoura de Belém, na ação libertadora de oprimidos e marginalizados, na cura dos doentes, no consolo aos sofredores e sofredoras, na morte na cruz e na superação da morte no terceiro dia. Que esse poder os motive e anime e lhes conceda hoje e durante todo o ano de 2011 um Feliz Natal de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nosso Redentor.

Amém.



P. Erni Drehmer
Três de Maio, RS, Brasil
E-Mail: ernidhemer@globo.com

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