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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Dia do Ano Novo, 01.01.2011

Predigt zu Lucas 2:15-20, verfasst von Felipe G. K. Buttelli

Sobre o caminho à manjedoura

Prezada comunidade!

A fé cristã é pautada em longa medida pela experiência da espera. Espera sempre é a realidade subjacente à esperança Poderíamos dizer, ela é aquela vela que nunca se apaga em nossa relação com Deus e com o mundo. O advento é o tempo da espera. Todos os anos celebramos e ritualizamos esta espera. O sábado de aleluia, antes da ressurreição, é momento de espera, de esperança. Todos os anos revivemos esse ciclo cheio de significados na vida cristã e isso certamente nos serve de razão para permanecermos na esperança, esta faculdade humana tão profunda, capaz de realizar as mais impensáveis coisas.

Mas o que dizer daqueles momentos em que nos deparamos com aquilo que estávamos a esperar por tanto tempo? Se não experimentarmos o encontro, a realização, após ciclos e momentos de espera na vida, nossa capacidade de mantermos a vela acesa pode enfraquecer. Precisamos de sinas que alimentem a esperança, que atenuem o sofrimento da espera. Esses sinais são como oxigênio que mantém viva a chama.

Permitam-me mencionar uma experiência que tenho vivido com muita intensidade nos últimos meses. Tenho estado há três meses distante da minha família, esposa e filha, em virtude de um tempo de estudos que estou realizando na África. E por coincidências que somente Deus é capaz de proporcionar, escrevo esta pregação no dia em que estou a caminho do aeroporto. Após três meses de sofrimento e incertezas, minha família pode vir ao meu encontro. Foi muita espera, muita esperança, foram muitos momentos em que a vela quase se apagou e foram muitos momentos em que a chama ardeu forte em meu peito com o vigor que somente o “sopro”, o Espírito, pode proporcionar.

Isso me leva a refletir em sua companhia sobre a experiência do caminho à manjedoura. Há dois caminhos em relação à manjedoura: O caminho de ida, da esperança, da espera ansiosa, da caminhada confiante, a passos largos daqueles que correm a encontrar seu destino, e há o caminho de volta, após o gratificante encontro junto à manjedoura. Os dois caminhos demonstram importantes dimensões da fé cristã. E me parece ser a esse caminho que leva a Palavra de Deus, como vemos no texto de Lucas 2. 15-21.

(leitura do texto)

Os pastores bem sabiam dos anúncios a respeito da vinda do Messias, assim como a grande maioria das pessoas. E os anjos lhes deram a razão da esperança. Alimentaram a chama, suscitaram a excitação, o desejo do encontro com o esperado Messias. E caminharam apressadamente, sequer devem ter reparado o caminho por onde passavam. Decerto se guiaram pelas estrelas, já que bem conheciam estes sinais da natureza. Caminharam confiantes, mas também receosos. É claro que se assustaram ao encontrar os anjos. Imagino que sua caminhada deve ter sido repleta de silêncios, de incertezas, de inseguranças. E ali, naqueles passos apressados se exteriorizava a esperança, brilhava a chama que recém havia sido alimentada pelos anjos de Deus.

O encontro foi certamente de alegria, jubiloso, aliviado! Compartilharam com José e Maria a experiência da caminhada, suas dúvidas, incertezas, mas, enfim, ali estavam. E tudo estava bem, tudo estava calmo. Havia paz e felicidade. O silêncio de Maria era como que a expressão daquela que sempre soube quem era aquele filho em seu ventre. Maria é o exemplo maior da postura confiante dos cristãos. Confiante desde o dia de sua concepção, passando pelo início do ministério de Jesus em Caná, confiante ao lado da cruz e confiante na visita ao sepulcro, onde sabia que não encontraria seu filho.

Após o fascinante encontro, a confraternização e a celebração da realização há tanto tempo esperada fica o questionamento: para onde se deve caminhar? Não podemos permanecer ao lado da manjedoura eternamente. A experiência do encontro não se prolonga pra sempre. É necessário fazer o caminho de volta. E que caminho será esse, já que não temos mais um norte apontado pelos anjos? Já não temos mais a esperança de encontrar Jesus na manjedoura.

A nossa história nos fala de três atitudes: glorificar, testemunhar e nomear.

É importante percebermos que os pastores não voltam a esmo para suas vidas, tampouco silenciosos. Voltam alegres, jubilando, dando glórias a Deus porque a razão de sua espera se concretizou. As promessas de Deus foram, novamente, cumpridas. E eles sabem que agora, Deus está em nosso meio! Sua glorificação é o sinal de que eles têm razão para levar sua vida em diante em uma postura de confiança em Deus.

Os pastores glorificam a Deus, cantam, dançam e se alegram, mostrando assim que a experiência cristã não é algo que se deve manter em segredo, para si, como uma vela debaixo da cama que não serve para iluminar o quarto. Essa glorificação deve ser notícia, o testemunho deve seguir a experiência de concretização das esperanças da vida. O texto nos mostra que devemos compartilhar esperança e alegria, para que ambas sejam mais fortes. Esperança em comunidade é esperança mais forte, mais vigorosa, menos passível de sofrer reveses. Alegria em comunidade é mais sinfônica, expressa em diferentes línguas, tons e circunstâncias. Deus não veio ao mundo para mim, mas para todos, especialmente para quem mais precisa.

E, por fim, após a experiência do encontro na manjedoura, após a euforia diminuir em intensidade, após estarmos de volta em nossos lares e lugares de vida, precisamos saber dar o nome devido àquilo que recebemos de Deus. Como nos mostra o texto, os anjos já haviam nomeado a Jesus antes de sua concepção. A experiência do encontro na manjedoura não é criação humana. Devemos atribuir a quem de fato é capaz de promovê-la. Nossas vãs ofertas de alegria nunca devem substituir a razão da esperança, que é Deus, e não nossas conquistas temporárias de vida. Embora possam parecer algo que nos complete, sempre buscaremos mais. No entanto, a experiência da manjedoura não se repete. Ela acontece agora e para sempre, ainda que dela nos recordemos todos os anos. Estamos eternamente envolvidos na promessa de redenção de Deus. Olhar para as experiências em que vivemos intensamente o encontro na manjedoura e atribuí-las a Deus é a oferta de gratidão mais profunda que podemos dar a Ele. Agradecer-lhe porque nessa vida vale a pena esperar é o humilde retorno que podemos oferecer Àquele capaz de proporcionar paz, alegria e felicidade.

E, de minha parte, em poucas horas encontrarei minha filha e esposa no aeroporto, minha manjedoura de hoje. Estaremos juntos após longa e sofrida espera, pra vivermos o Natal deste ano juntos. É Deus que mostra sua face doadora que nos permite viver a alegria com intensidade uns com os outros.

A lição que fica neste primeiro domingo após o Natal, o domingo em que celebramos o novo ano, é de que após a descoberta da manjedoura temos outro caminho a percorrer. A dúvida foi substituída pela certeza. O receio e ansiedade foram substituídos pela responsabilidade de compartilhar, de fazer com que outras chamas tenham razão para brilhar mais fortes. E eu tentarei dedicar meus dias a este propósito, sempre oferecendo aquilo que recebo como uma dádiva graciosa de Deus. Que Deus nos auxilie nessa tarefa, na certeza que Cristo oferece e com a força com que o Espírito nos impulsiona. Um bom ano novo a todas e todos.

Amém.



P. Felipe G. K. Buttelli
São Leopoldo, RS, Brasil
E-Mail: felipebuttelli@yahoo.com.br

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