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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2º Domingo após Epifania, 16.01.2011

Predigt zu João 1:29-34, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

No domingo de hoje voltamos a falar de João Batista. Nós já o fizemos antes do Natal, na época de Advento. Pois João Batista é profeta que veio preparar o caminho do Senhor. É precursor de Jesus. Ele prega o juízo de Deus e insiste no arrependimento, batizando a quem confessasse seus pecados. Aponta para aquele que viria após ele e de quem não seria digno de nem mesmo desatar as correias das sandálias. João Batista anuncia o advento de Jesus Cristo.

Hoje nós o vemos em outra função. Ele não é mais profeta, agora ele é testemunha de Jesus. É assim que o evangelista João fala dele. Diz o nosso texto: "E João testemunhou, dizendo..." A mudança de perspectiva se deve a uma nova situação. Antes João não conhecia Jesus. Sabia apenas que chegaria alguém mais poderoso do que ele e que devia preparar a chegada desse enviado de Deus. Mas isto era antes. Agora João conhece Jesus. Encontrou-se com ele. Jesus mesmo se submeteu ao seu batismo. Foi ali, naquele exato momento, que João percebeu quem Jesus de fato era. E então passa a ser sua testemunha. Aquele mais forte já chegou. Está no meio de nós. João aponta para ele, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

Também nós tivemos nosso encontro com Jesus. Nós celebramos o Natal, ouvimos a história do nascimento do menino na manjedoura, tomamos conhecimento da alegria dos pastores, do júbilo dos magos do oriente e de todas as demais circunstâncias maravilhosas daquela noite de Belém. Ainda ecoa nos nossos ouvidos a mensagem do anjo que dizia: "Hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador que é Cristo, o Senhor." Depois do Natal a situação é outra do que no período do Advento. É o que se espelha também no discurso de João Batista. Antes do encontro com Jesus ele anuncia sua chegada, agora ele dá testemunho a seu respeito. Fala do que viu e ouviu, do que percebeu e entendeu. João Batista é a primeira grande testemunha de Jesus Cristo. Ele nos convida a lhe seguir o exemplo.

Eu me permito destacar apenas dois aspectos de sua fala. O primeiro se refere ao termo "cordeiro de Deus". Os leitores de João sabiam imediatamente de que se tratava. Aliás, quem se dá ao trabalho de ler o capítulo 53 do profeta Isaías vai receber boa ilustração. Cordeiro era um animal que era sacrificado para conseguir o perdão dos pecados. Isto acontecia no templo de Jerusalém no grande dia da expiação. Em rito solene o sumo sacerdote "depositava" simbolicamente o pecado do povo em cima deste animal que a seguir era morto, sendo o seu sangue aspergido no altar de Deus. Portanto, o pecado humano é transferido àquele cordeiro que o carrega e, por sua morte, o elimina. O cordeiro morre em lugar dos pecadores. É este o pano de fundo da imagem. João e outras testemunhas cristãs descobrem forte semelhança entre este cordeiro e Jesus Cristo. Ele foi morto em favor e por causa de nossos pecados. Sacrificou-se para nos livrar do jugo de nossos pecados. Carregou o pecado do mundo e através de sua morte o apagou.

Hoje já não pensamos nesses termos. Passou o tempo dos sacrifícios sangrentos nos santuários de Deus. Jesus definitivamente acabou com eles. Ademais, como um animal poderia carregar o pecado do povo? Pecado não se elimina desse modo. Muitos dos nossos contemporâneos acham estranho comparar Jesus com um cordeiro que tira o pecado. Como imaginar que Jesus carrega nosso pecado e por ele morre na cruz? Seria o pecado algo como uma bagagem que se tira de alguém para depositá-la em outra pessoa? As dificuldades com esse tipo de pensamento são compreensíveis. Nós já não mais cultuamos Deus do jeito como se fazia outrora no templo de Jerusalém. Cordeiros não têm lugar nas nossas celebrações. Foi Jesus mesmo que os dispensou.

Mesmo assim, esta imagem continua relevante. Pois ela lembra que o perdão dos nossos pecados é devido à pessoa de Jesus Cristo. Foi ele quem nos trouxe o perdão de Deus. E ele o fez através de seu discurso, através de sua prática, através de sua paixão e morte. Jesus é o perdão de Deus em pessoa. Não precisamos imaginar isto em forma de uma cerimônia cultual à semelhança daquela no dia da expiação. O perdão que Jesus veio trazer se prende não somente à sua morte, e, sim, a toda a sua vida. Jesus sofreu, sim. Já como recém nascido Maria e José são obrigados a fugir ao Egito. Isto porque Herodes quer matar o menino. E sempre de novo o pecado humano lança os seus ataques. Jesus é hostilizado, agredido e finalmente assassinado como se fosse um criminoso. O pecado humano, em todas as suas variantes, se joga em cima de sua pessoa e quer desacreditar sua missão. Mas Jesus não deixa de responder ao ódio e à violência com seu amor.

Eu repito: Jesus é o perdão de Deus em pessoa. Nesse sentido ele de fato é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por ele temos também nós o perdão de nossas dívidas junto a Deus. Pois o perdão que Jesus veio trazer tem validade indeterminada. Depende tão somente de nossa confissão de culpa, da nossa vontade de corrigir os erros, de nossa fé. É disso que João Batista dá testemunho. Com Jesus inicia algo novo na história humana. Ela não mais está sob a maldição do pecado. Jesus Cristo está aí que tira o meu, o teu o nosso pecado e nos reaproxima de Deus. Deus continua o inimigo do pecado, sim. Mas ele ama o pecador e promete a toda pessoa que se dirige a ele socorro e acolhida. Já não mais precisamos esconder de Deus, assim como se diz de Adão e Eva no paraíso depois de terem comido da fruta proibida. Jesus Cristo veio nos trazer o Deus a quem podemos dirigir-nos como "Pai Nosso".

E ele veio trazer também um novo Espírito. É este o segundo aspecto que quero destacar. João Batista, falando do batismo de Jesus confessa: "Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo." Jesus, portanto, se distingue de João Batista por batizar não com água, e, sim, com o Espírito Santo. Que significa este "batismo com o Espírito Santo"?

Há quem entenda tratar-se de experiências sensacionais, da capacitação para o falar em línguas e de outras demonstrações de êxtase. Ora, em parte alguma ouvimos que Jesus, ele mesmo, falou em línguas. Ele foi pessoa muito sóbria. Batismo no Espírito Santo, portanto, não pode significar iniciação no carismatismo. Da mesma forma não se pode deduzir desta passagem um menosprezo ao batismo com água. O batismo cristão sempre tem sido um batismo com água. Não há ao longo da história um único exemplo de uma igreja cristã que não tivesse batizado as pessoas com água. Seria errado, pois, contrapor ao batismo com água um suposto o batismo com o Espírito Santo que seria superior àquele. Enquanto batizarmos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, nosso batismo sempre será um batismo com o Espírito Santo.

Além disto, cabe tomar cuidado para não difundir uma falsa imagem do próprio Espírito de Deus. Ele pode, sim, manifestar-se em coisas excepcionais. Rompe os padrões da normalidade. Mas de nenhuma maneira se limita a tais fenômenos. Pelo contrário, o Espírito Santo prefere demonstrações pouco espetaculares. Quando alguém se dedica ao testemunho do evangelho, quando alguém é fiel no cumprimento de seus deveres, quando alguém presta auxílio a seu vizinho, isto é mais valioso o que o mais perfeito virtuosismo carismático. O primeiro fruto do Espírito é o amor. Lembro o alerta do apóstolo Paulo. Ele foi enfático ao constatar que sem amor não valem nada os mais assombrosos dons humanos. E é isto o que vemos em Jesus. Seu batismo com o Espírito foi um batismo no amor. Quem é capaz do amor ao próximo demonstra ter o Espírito do Senhor. Claro, existem ainda outras manifestações do Espírito a exemplo de alegria, paz, longanimidade. Mas o amor é o mais importante. Pelo que sabemos Jesus não deu prosseguimento ao batismo de João Batista. Foi a primeira comunidade cristã que voltou a batizar com água. E ela o fez sob invocação do Espírito Santo.

João é testemunha de Jesus Cristo. É esta também a nossa vocação. Apontamos a Jesus Cristo, no qual temos o perdão dos nossos pecados. Simultaneamente convidamos a sempre de novo reiniciar a nossa vida, colocando-a sob a orientação do Espírito Santo. Ser batizado no Espírito Santo significa "revestir-se de Jesus Cristo" como diz o apóstolo Paulo, e buscar nele as energias para uma vida que tem a promessa de ser bem sucedida perante Deus, perante nossos semelhantes e perante nós mesmos.

Amém!

 



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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