Göttinger Predigten
Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach
5º Domingo após Epifania, 06.02.2011
Predigt zu Mateus 5:13-16, verfasst von Carmen Michel Siegle
Prezada comunidade!
Estamos hoje a celebrar o 5º domingo após epifania. Vimos até aqui acompanhando as leituras bíblicas que a cada semana revelava-nos algo a mais do amor de Deus. Amor que ganha corpo, expressão, visibilidade no ministério de Jesus. Por isso que, falar de Jesus e de seus propósitos foi tão importante para João Batista. Porque falar de Jesus é falar do próprio Deus.
Essa foi a missão confiada a João Batista, a saber, ajudar as pessoas a enxergar Deus, ajudá-las a percebê-lo em seu meio, a reconhecer em Jesus o Messias tão esperado. Quem soube acolher essa mensagem se tornou discípulo e fiel seguidor de Jesus.
Assim vimos pescadores largando suas redes, deixando para trás todos os seus relacionamentos até ali cultivados para seguirem com Jesus pela Galiléia; não mais pescando peixes, mas pescando gente. Estiveram com Jesus quando ele falou às pessoas pobres sobre o reino de Deus. Presenciaram quando Jesus não deixou as pessoas em sua miséria, em sua doença, mas as curou. Seguiram com Jesus e, por tudo que viram e ouviram, creram num mundo diferente. Pois onde a fé e a palavra de Jesus se encontravam, pessoas experimentavam o poder tocante e curador da presença de Deus.
Depois disso Jesus sobe o monte com seus discípulos e lá do alto lhes dá uma direção. Pede então que olhem para baixo, para as pessoas que Ele chama de felizes e abençoadas, para os vales em sofrimento, em luto, em fome de justiça onde pacificadores, mansos e puros de coração são perseguidos. Para esta realidade Jesus diz: O céu que por hora vocês não vêem está bem ali, no lugar de onde vocês vêm, onde pessoas estão em sofrimento. Porque bem aventurada é a pessoa para a qual Deus se volta, ao encontro da qual Deus vem e que visita com “salvação”.
No alto do monte reunido com seus ouvintes Jesus não faz apenas afirmações sobre o céu e a terra, mas também sobre os discípulos e os cristãos de hoje; não como convocação ao seguimento, mas como uma orientação: “Sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste”. Ou seja, é no outro que encontramo-nos com Jesus. E sempre que ficamos junto de um desses bem aventurados, ali já podemos experimentar algo do Reino.
O que faz Jesus no sermão do monte é no fundo desviar o nosso olhar de nós mesmos para os que demandam a sua presença, a sua compaixão, a sua justiça misericordiosa. Lutero diria assim: “Bendito é alguém quando Deus guia a vida e nela realiza a sua obra”.
Por isso mesmo a presença Deus é sempre um chamado para um momento novo... E nós do jeito que somos e com aquilo temos, sempre que nos encontramos com a Palavra de Deus, somos chamados a fazer parte de sua Missão: “Vocês são o sal da terra; vocês são a luz do mundo... Que as pessoas vejam as boas obras de vocês e glorifiquem a Deus que está nos céus.”
Essa é a missão confiada à comunidade cristã: Ser instrumento de Deus para dar continuidade à prática salvadora de Jesus na história.
É disso que Jesus está falando quando envia sua igreja a ser sal da terra e luz do mundo, quando a encarrega de batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e de ensinar a guardar suas palavras a fim de ter presença no mundo até o fim dos tempos.
Ou seja, Deus não derrama sobre nós o Espírito Santo para que nos sintamos privilegiados com isso, mas para fazermos parte da sua missão de amar e de anunciar ao mundo o seu amor. E isso não é tarefa exclusiva de algumas pessoas que se sentem preparadas para isso. Também não é assim que um cristão isolado seja sal e luz do mundo. Jesus confia isso à sua comunidade, à sua Igreja espalhada pelo mundo em todos os tempos e lugares. Não que ela seja perfeita, ou que ela seja o céu na terra, mas porque apesar de suas falhas ela continua sendo o lugar onde Jesus fica perto daqueles que se dispõem a segui-lo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome , no meio deles eu estou” (Mateus 18.20)
Jesus confirma essa vocação em nós. Ele afirma que nós somos o sal da terra, aquele sal que traz verdadeiro sabor ao mundo. Isto porque se insere na realidade e se dissolve no serviço ao próximo, mostrando às pessoas quem é o verdadeiro Deus da humanidade. Desde o tempo de Jesus até hoje é possível sentir o sabor deste sal. Ainda hoje é possível perceber os raios desta luz que brota da cristandade para dentro da sociedade: pois onde há preocupação com pessoas necessitadas; cuidado com o meio ambiente; onde se percebe a igualdade das pessoas diante de Deus; onde o ser humano vale mais que o lucro; onde se vive reconciliação; onde se vive a graça do perdão e a esperança na dificuldade ali sentimos o sabor e a luz da presença de Deus.
Por isso, como cristãos e cristãs, nós temos uma tarefa muito importante diante do mundo. Deus fez de nós mensageiros e testemunhas do seu amor. Mesmo que por vezes, nos sintamos estagnados no caminho ou ridicularizados por pessoas que não crêem em Deus, nós não podemos deixar de falar e de viver aquilo que vimos, ouvimos e experimentamos na comunhão com Ele.
Como comunidade cristã, como igreja de Cristo nós somos uma extensão das bênçãos de Deus no mundo. Não por algum mérito nosso, mas porque o próprio Cristo confirma isso: “Vocês são o sal da terra; vocês são a luz do mundo”. Para isso somos chamados, para isso somos capacitados e amparados pelo Espírito Santo. Não para reter bênçãos conosco, mas para anunciar este caminho.
As pessoas à nossa volta esperam que articulemos a fé que pulsa dentro de nós. Jesus espera que expressemos o Seu amor em nossas vidas. O amor de Deus em nós quer ser percebido dentro da sociedade como se fosse um “eco” do amor de Deus. E Jesus confia isso a nós, apesar de nossas falhas e fraquezas que sempre estarão aí.
É por isso que diariamente somos animados por Jesus a pedir que Deus semeie em nossos corações os frutos do Seu Espírito, que Deus realize em nós e através de nós a sua vontade. Para que muitas pessoas, para que todas as pessoas possam ter parte na promessa de Cristo quando assim nos diz: “Eu sou luz do mundo, quem me segue terá a luz da vida e nunca andará na escuridão”.
Amém.