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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Último Domingo após Epifania , 06.03.2011

Predigt zu Mateus 17:1-9, verfasst von Eloir Weber

Prezada comunidade!

Há alguns dias fomos visitar um casal de amigos que tem uma casa na praia. Ficamos lá somente dois dias. Foi uma estadia curta. O clima estava gostoso. A praia e a areia eram convidativas. O convívio foi maravilhoso. Quando começamos a nos preparar para voltar para casa, a minha filha implorou: "vamos ficar mais um pouco. Mais um ‘diazinho'". Argumentei que não poderíamos ficar, pois no dia seguinte, bem cedo eu teria que trabalhar. Eu também gostaria de ter ficado mais. Gosto de contemplar a grandiosidade do mar e de desfrutar a companhia agradável. Mas o senso de responsabilidade me chamou a voltar para casa. Voltar ao cotidiano. Trabalhar. Enfim, a vida não é feita somente de lazer. É necessário buscar a realização nas mais diversas áreas da vida.

Alguma vez já lhe aconteceu algo parecido? Você já teve vontade de ficar em um lugar e ter que voltar? Deixar a companhia de pessoas agradáveis e voltar às responsabilidades que a vida lhe impõe? Certamente em determinados momentos da vida todos passamos por isto. Até porque vivemos numa sociedade que prega a busca por prazer a todo custo. Em nossos dias as pessoas querem a emoção. Até mesmo a prática da religiosidade está sendo reduzida e direcionada a essa busca de "adrenalina". E quando uma igreja já não satisfaz a necessidade de embeber-se emotivamente, muda-se para outra. Parece que há uma sede pela plenitude de vida aqui, agora e já. Até certo ponto ela é compreensível. Mas ela não deixa de ter seus lados problemáticos. Neste mundo nós nos movemos e vivemos. Nele precisamos sobreviver e mostrar que em Jesus Cristo a busca pela plenitude imediata não faz sentido. Ela já é realidade, sim. Mas de forma plena desfrutaremos dela somente no Reino de Deus. E ela não é uma questão de busca. A plenitude é dom, graça de Deus revelada em Cristo. É presente, dádiva.

Os discípulos Pedro, Tiago e João passaram por uma experiência incrível na presença de Jesus. Assistiram a um evento que a razão humana não consegue explicar. Foi uma experiência de fé, de plenitude, um olhar para o paraíso. E quando decidiram prolongar o momento, Jesus os chamou de volta à realidade. Insistiu em que voltassem ao mundo. Convido a ouvirmos esta passagem do Evangelho, conforme Mateus 17.1-9:

Ler texto: Mateus 17.1-9

No texto bíblico que acabamos de ouvir os discípulos Pedro, Tiago e João são tomados do desejo de não sair daquele lugar, da presença de Jesus, da cena de Jesus conversando com Elias e Moisés. Mas não só isto. Eles tiveram um encontro com o inexplicável, com o sagrado. Sentiram o céu tocando a terra. Perceberam isto por meio de uma visão - experimentaram o sagrado. O que os discípulos viram causou impacto. O encontro com o sagrado sempre causa impacto e uma sensação boa. Jesus passou por uma transfiguração. Certamente o que acontece com Jesus, nós não o conseguimos explicar, nem mesmo compreender em sua profundidade. O sagrado, aliás, não requer explicações. Requer a fé. Crer é experimentar a revelação de Deus que está acima da nossa capacidade de compreensão.

A transfiguração de Jesus sublinha que aquele Jesus que sofre é "o Cristo, o Filho do Deus vivo", conforme Pedro o havia confessado pouco antes. A glória e o brilho estão intimamente ligados com o sofrimento e a morte na cruz. O sagrado, em Jesus Cristo, necessariamente passa pelo sofrimento, passa pela cruz, pela morte violenta e dolorosa. Para que o brilho da glória apareça, a passagem pela morte sem cor e escura é necessária. A morte é a presença da escuridão opaca do pecado humano, enquanto o brilho da luz divina representa a vitória em Cristo, através da ressurreição.

Na visão dos discípulos apareceu Jesus, envolvido com muito brilho e luz, na presença de Moisés e de Elias. Estes dois são personagens de grande destaque no Antigo Testamento. Moisés liderou o povo de Israel no Êxodo, na saída da escravidão no Egito, e conduziu a caminhada deste povo pelo deserto durante quarenta anos até chegar à divisa com a terra de Canaã. Ele representa a lei (a torah). Deus lhe entregou, no alto do monte Sinai, as duas tábuas contendo os dez mandamentos. Enquanto isso, Elias representa os profetas do Antigo Testamento. Quando a fé em Deus estava sendo esquecida e substituída pela idolatria ao deus Baal, trazida ao povo por meio da rainha Jezabel e do rei Acabe, o profeta Elias enfrentou o poder estabelecido e restaurou a fé em Israel. O retorno de Elias era aguardado pelos Israelitas no tempo de Jesus. Esta visão, em que Jesus apareceu envolvido em brilho, na presença destes dois personagens, revela que Jesus Cristo é maior do que a lei e os profetas (Moisés e Elias). A presença de Moisés e Elias ao lado de Jesus revestido de brilho sinaliza que Jesus é o Messias anunciado, que não elimina ou ignora a história, mas a transforma.

Os três discípulos presenciaram uma pontinha de eternidade. Diante desse fato inusitado, a proposta mais sensata que ocorreu a Pedro era alongar aquele momento. Ele pretendeu fazê-lo propondo montar barracas e permanecer ali. Encontrou, assim, uma forma de manter aquela visão deslumbrante. Pedro nem conseguiu terminar de verbalizar o seu raciocínio. Uma nuvem, que envolveu a cena da visão, arrancou os discípulos do seu deslumbramento. A voz de Deus foi ouvida. Ela repetiu as palavras ditas no contexto do batismo de Jesus (Mt 3.17). A voz de Deus ressaltou que Jesus Cristo é o Messias, o enviado de Deus, o Salvador. Há, no entanto, algo a mais na voz de Deus. Diferente do que fora dito no contexto do batismo, é acrescentado um imperativo: "a ele ouvi". Os discípulos se assustaram com a voz. Jesus, então, os tocou e disse: "Não temais!" Quando o ser humano está desnorteado, assustado e perdido, a voz de Cristo os acalma.

Na próxima quarta-feira iniciamos o período da quaresma. A transfiguração de Jesus nos faz olhar para a ressurreição. Ela é sinal da ressurreição. O brilho de Cristo quer nos alcançar e vai tornar-se pleno no reino. O tempo da quaresma é o tempo especialmente dedicado ao arrependimento, ao desejo por uma reconciliação com Deus, com as outras pessoas e com a criação. Por isto, é necessário lembrar que não existe Páscoa sem a sexta-feira da Paixão. A ressurreição e o brilho, não estão desconectados da morte e o sofrimento de Cristo, a cruz. Jesus interrompeu os três discípulos do seu deslumbramento chamando-os a descer do monte, a atuar, a levar o Evangelho da salvação às pessoas, a propagar a mensagem do arrependimento. Assim façamos também nós.

Celebrar culto é fundamental para a nossa fé. Nosso encontro hoje e aqui certamente faz diferença para cada um e cada uma de nós. No entanto, não podemos ficar aqui. Nem devemos restringir a nossa fé ao contexto da igreja. A fé precisa mostrar-se ativa lá onde vivemos e junto às pessoas com as quais convivemos. Ali nós somos chamados a ser cristãos. Jesus Cristo quer, no final desta celebração, achegar-se a vocês e dizer o que disse aos três discípulos: "Erguei-vos". Há, com certeza, pessoas necessitando do brilho da fé de vocês. Estamos cercados de um mundo onde falta o brilho da dignidade humana, da prática do amor, do respeito. Ali é que a fé se torna concreta.

Desejo que a bênção do Trino Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - esteja com vocês, fortalecendo a todos na vivência prática do evangelho da salvação.

Amém.



P. Eloir Weber
Porto Alegre, RS, Brasil
E-Mail: p.eloir@salvador.org.br

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