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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Quinta-feira Santa, 21.04.2011

Predigt zu Mateus 26:36-56, verfasst von Rosângela Stange

Graça e paz por parte daquele que é, que era e que há de vir". Amém.

"Eu nunca te abandonarei... Eu nunca vou dizer que não te conheço..." (Mt 26.33a,35b), haviam dito Pedro e os outros discípulos poucas horas antes...

Não é à toa que diz o ditado: "Nunca é muito tempo. Por isso nunca diga nunca!"

Aqueles mesmos discípulos, que haviam testemunhado a transfiguração de Jesus, foram chamados para acompanhá-lo ao Getsêmani, para um momento de oração.

Jesus estava angustiado, triste e com medo. Queria que seus discípulos mais próximos vigiassem com ele. Precisava de companhia na hora da oração... O que o aguardava não era pouca coisa... Ele sabia... E temia... Temia o sofrimento, temia a morte e, principalmente, temia não dar conta do recado. E se, na última hora, falhasse? E se na última hora, não agüentando mais, acabasse desistindo e colocando tudo a perder?

"Afasta de mim este cálice".

Que cálice? O do sofrimento ou da tentação de fugir e não enfrentar a morte que o rondava?

Judas havia deixado o grupo e Jesus sabia que ele tinha ido encontrar-se com as autoridades judaicas. Toda sua dedicação, amizade e fidelidade foram trocadas por algumas moedas... Quanto vale uma vida? Quanto vale uma amizade? Será que nessa vida tudo tem o seu preço?

Quantas coisas devem ter passado na cabeça de Jesus... Podemos imaginar o seu sofrimento?

Há alguns anos, acompanhei uma pessoa moribunda. Ela e eu sabíamos que não haveria volta... E ela me disse, pouco antes de morrer: "tenho medo. Tenho tanto medo! Não quero morrer"!

Medo é o que sentimos na iminência da morte. Mas também tristeza, pois sempre há ainda tanto que fazer, que viver... Talvez Jesus tenha pensado nas pessoas que deixaria... Talvez pensasse em quanto ainda poderia ensinar, quantas pessoas poderia curar, quantas necessitavam dele... Até mesmo seus discípulos... Estariam prontos para o que viria?

"Vigiem e orem comigo..."

Um pedido tão simples e ao mesmo tempo, tão difícil de ser atendido. O sofrimento de Jesus era só dele. Por mais que Pedro, Tiago e João o conhecessem e percebessem a sua agonia, o sofrimento era só dele... Não podiam dividi-lo com ele... Poderiam sim, ter velado com ele. Mostrado um pouco mais de solidariedade, de companheirismo, de compreensão... Mas a tentação do sono era maior... Não conseguiam ficar acordados. Seria uma forma de fuga? Estariam eles, ao dormir, poupando-se sofrimento? Pois ver o amigo, o mestre sofrer sem nada poder fazer, também lhes doía... Dormindo, não viam e não sentiam nada...

Chegou a hora...

Agora, nada mais poderia ser feito. Com um beijo, com esse gesto tão puro, tão cheio de estima, de carinho, de consideração e amizade, Jesus foi traído e entregue aos soldados.

Quão baixo pode descer um ser humano por ambição. Judas traiu seu mestre, seu amigo, o próprio Deus em troca de poucas moedas e denunciou-o com um beijo. Mesmo assim, diante da traição e do traidor, Jesus continuou o mesmo. Que choque deve ter sido ouvir da boca do traído a palavra: "amigo". Até naquele momento, Jesus não deixou de ser fiel à sua missão: "resgatar e salvar o perdido."

Jesus não rejeitou Judas. Olha para ele com misericórdia. Misericórdia que é um sentimento puramente divino. Poucos de nós somos capazes dele... Um olhar misericordioso é enxergar além das aparências. É ver no pecador um perdido que deseja ser achado, alguém que clama por amor. Judas, apesar de todo o tempo passado com Jesus, não havia se dado o direito de se sentir amado, de ser amado... O que deve ter sentido ao escutar, naquele momento, quando o havia traído por um pouco de moedas e com um beijo, Jesus chamando-o de "amigo"?

As horas que antecederam a prisão de Jesus foram horas de traição. Primeiro, traíram os discípulos que juraram fidelidade, mas que foram incapazes de resistir ao próprio cansaço e velar junto. Traição houve, quando Judas veio com os soldados. Traído foi Jesus, quando se viu abandonado por seus discípulos, que, por medo, se esconderam. Traído é Jesus, todos os dias. Traído é Jesus por nós, como escreve Johnson Gnanabaran:

Traído foi meu Jesus não somente há dois mil anos.

Traído foi não apenas em Getsêmani.

Traído foi não apenas pelo discípulo Judas.

 

Meu Senhor, muitas vezes, anteontem, ontem e hoje foste traído.

Em minha casa foste traído; fui eu que te traí.

Eu te traí, não por um beijo,

Mas pela omissão de um ato de fé.

Eu te traí, não pela saudação: Salve, Mestre!

Mas por deixar de dizer uma palavra amiga,

Uma saudação para o irmão e a irmã ao meu lado.

Senhor, não deixes que eu termine minha vida como Judas!

 

Negado foi meu Jesus não apenas na noite de quinta-feira santa.

Negado foi não apenas no pátio do palácio do sumo sacerdote.

Negado foi não apenas por Pedro em seu medo.

 

Meu Senhor, quantas vezes eu te neguei,

De ti me envergonhei.

Quantas vezes as pessoas me tiraram a coragem de confessar,

Quantas vezes preferi o calor deste mundo.

Senhor, faze que eu me arrependa e volte como Pedro!

Sozinho, abandonado pelos seus discípulos, Jesus foi levado para ser julgado. Mas suas palavras ainda ecoam:

"Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir" (v.41).

"Que o Espírito Santo de Deus nos auxilie, capacite e fortaleça na luta contra a tentação de traí-lo, de virar as costas pêra ele. E que permaneçamos atentos, vigiando e orando, para resistirmos ao mal". Amém.



Pa. Rosângela Stange
José dos Pinhais, PR, Brasil


E-Mail: rosangelastange@yahou.com.br

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