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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3º Domingo Após Pentecostes, 03.07.2011

Predigt zu Romanos 7:15-25a, verfasst von Osmar Luiz Witt

Irmãos e irmãs em Cristo!

Aqui somos apresentados a um texto bíblico que escancara nossa fragilidade diante do pecado e que nos indica um caminho para a sua superação. O apóstolo Paulo descreve para nós uma experiência que fazemos pessoalmente: somos cheios de vontade de acertar e de fazer o que é bom, mas nos flagramos, sempre de novo, errando o alvo que buscamos. Partilhamos o sentimento de que há bondade no coração das pessoas, sabemos fazer o bem aos outros, quem sabe até conseguimos passar a imagem de que somos sempre fortes e íntegros. De outra parte, não podemos esquecer-nos de que as pessoas também têm um lado assombroso, capaz de deixar a gente sem palavras para explicar tanta maldade que há no mundo. A bondade e a maldade parecem disputar o coração da gente e nos descobrimos como que divididos entre aquilo que desejamos e aquilo que realizamos. Aquilo que aparentamos diz aos outros algo sobre nós, mas a nossa consciência conhece também as nossas razões ocultas.

Sucede conosco algo que o P. Dietrich Bonhoeffer (morto na prisão do regime ditatorial alemão na época da Segunda Guerra) traduziu numa de suas poesias escritas no cativeiro. Nela, ele, que tinha muitos motivos para orgulhar-se de sua bravura na luta, se perguntava: Quem sou eu? O corajoso, admirado por todos, ou o indigno preocupado apenas consigo mesmo? Quantas vezes esta pergunta já nos terá ocorrido também, tanto quando somos elogiados por algo, como quando somos criticados e até combatidos. Tanto quando nos sentimos fortes e seguras, como quando nos sentimos arrasadas e abandonadas. Quem sou eu quando tiro minhas máscaras e me olho de frente?

Paulo faz este auto-exame situando-se diante da lei e diante da graça. Ele como que se questiona: a lei para que serve? E responde: a lei serve para nos dar conhecimento do pecado (7. 7). Conheci uma senhora num grupo da igreja que me disse: Se as pessoas dessem ouvidos aos Mandamentos a vida seria outra. Sim, é verdade! A lei ou os Mandamentos tem a importante função de sinalizar o caminho que promove a vida. Não conhecer a lei pode conduzir-nos por caminhos perigosos e que ameaçam nossa felicidade. E, no entanto, não só não damos ouvidos ao que os Mandamentos nos pedem, como não está em nós a força para cumprir o que eles exigem. Mais, escreve o apóstolo: em razão desta lei que é santa (7. 12), espiritual (7. 14) e boa (7. 16), afastamo-nos sempre mais de Deus, pois ela denuncia o nosso pecado.

Certa vez li uma sátira de um humorista numa destas revistas semanais, que, apesar do seu sarcasmo, pode nos levar a pensar. Um personagem dirigia-se ao outro, mais ou menos assim: "Os Mandamentos nunca conseguiram impedir nada, mas deram cada ideia!!" Vejam: o apóstolo escreve algo parecido, mas de modo positivo: "eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás." (7.7). Se não houvesse a lei, não haveria o pecado! Mas, o pecado faz uso da lei para inalar em nós o seu veneno. Qual é este veneno? Tornamo-nos interiormente divididos: queremos o que é bom e fazemos o que é mau. Nosso desejo é um, mas a concretização do desejo esbarra em nossa incapacidade de realizá-lo. O apóstolo se pergunta: Por que faço o mal que detesto? E responde categoricamente: Porque sou escravo do pecado. Na alma da gente trava-se um conflito para o qual a saída está em não confiar na lei e naquilo que a gente faz para cumpri-la, mas em confiar na graça que supera a lei e renova o nosso interior.

O reformador Martim Lutero ensinou a distinguir entre o significado de "fazer as obras da lei" e "cumprir a lei". É uma distinção sutil, mas importante. Os Mandamentos foram dados para serem cumpridos, mas não apenas na aparência exterior e, sim, de coração. Nós até conseguimos realizar a obra que a lei nos pede, mas, com isto, ainda não a cumprimos, pois o fazemos de má vontade ou por temor do castigo que resulta do seu descumprimento. Façamos um breve exercício com um dos Mandamentos, o que diz "Não matarás." Ora, eu nunca matei alguém, logo, cumpri o mandamento. Não! Eu realizei a obra que o mandamento me exige. E por que razão o fiz? Talvez, para aparentar ser uma pessoa boa e, assim, alimentar meu orgulho: Veja, Senhor, não sou como os pecadores. (Lucas 18. 11). Ou, então, tenho medo do castigo que resultará do descumprimento da lei e, por isso, evito matar. Em outras palavras: enquanto houver necessidade de uma lei que nos ordene não matar, esta mesma lei mostra quem de fato somos nós, os seres humanos! Temos absoluta necessidade da graça com a qual Deus mesmo nos socorre.

Por esta razão Paulo se pergunta adiante: E a graça, como se manifesta? E ele responde: "Por Jesus Cristo, nosso Senhor" (7. 25). Através de Jesus Cristo, o Filho encarnado de Deus, somos socorridos em nossa aflição. Ele se aproxima e nos diz, conforme o Evangelho do dia: "Vinde a mim as pessoas cansadas e sobrecarregadas, eu lhes darei alívio!. Seguramente, Jesus não teria insistido na necessidade de um novo nascimento, se a lei fosse suficiente para nos conduzir a Deus. Precisamos de um novo nascimento espiritual (do Espírito Santo), que nos liberte do jugo da lei. A obra do Espírito Santo é a de moldar-nos para assumirmos a forma que o Pai quer nos dar: Como tu queres, Senhor, sou teu. Tu és o oleiro, barro sou eu. Quebra e transforma até que enfim a tua vontade se cumpra em mim.

O texto de Paulo aos Romanos nos vem em socorro quando nos encontramos na situação de desânimo porque não conseguimos com a lei enfrentar o mal que insiste em nos habitar. Paulo sabe que os cristãos vivem sob o domínio da graça: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." (6. 14). O que assegura que esta pessoa interiormente dividida se reconcilie e abrace a vida para ser feliz é a graça de Deus que nos foi dada por meio de Jesus Cristo. A certeza do perdão que, por meio de Cristo, alcança as nossas vidas, possibilita andarmos de cabeça erguida, embora nos saibamos devedores e devedoras quando fazemos um exame de nossas vidas. Somos pessoas reconciliadas: o querer o bem e o realizá-lo tornam-se dádiva e possibilidade a ser abraçada humildemente. Torna-se bem concreta a oração: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Vida cristã é vida com base no perdão que recebemos e partilhamos. O que não significa acomodar-nos no sentido de não lutarmos contra o mal e a injustiça. Paulo mesmo também escreve: "Detestai o mal, apegando-vos ao bem." (12. 9). Vida cristã é também vigilância para não permitir que o mal nos domine, e vigilância para não esquecer ou diminuir o valor da graça com que Deus nos amou e possibilita refazermos nossas vidas a cada dia.

"E a paz de Deus, que excede o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus." (Fp 4. 7). Amém.



P. Osmar Luiz Witt
São Leopoldo, RS, Brasil

E-Mail: arqhist@est.edu.br

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