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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4º Domingo Após Pentecostes, 10.07.2011

Predigt zu Mateus 13:1-9,18-23, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

Na primeira leitura que fiz desse texto me surpreendi com o mau trabalho do homem de que fala. Ele não olha para onde lança a semente e põe boa parte dela a perder. A qualidade do solo aparentemente não lhe interessa. É estúpido jogar semente na beira do caminho, onde fica exposta ao apetite das aves. É irracional jogar semente em cima de terra rochosa, onde não pode criar raízes. É absurdo jogar semente no meio de espinhos, onde não há espaço para crescer. É verdade que o rendimento daquela parte que caiu em terra boa é fenomenal. Uma produção de sessenta ou até de cem por um deve ser considerada excepcional. Mesmo assim, o prejuízo na sementeira é incompreensível. Setenta e cinco porcento dos grãos lançados na lavoura estão perdidos. De agricultor se espera que cuide da terra em que pretende plantar. Mas este aqui peca por desperdício. Semeia de modo impensado, desajeitado, irresponsável. Quem insiste em rentabilidade não pode seguir o exemplo deste semeador. Sob o ponto de vista econômico tal plantio merece a mais severa crítica. Que é que Jesus nos quer dizer?

É esta uma das poucas parábolas, para as quais Jesus mesmo forneceu uma explicação. Ele compara a semente à palavra do evangelho, à mensagem do reino de Deus, sendo o campo ao qual ela se destina o coração humano. Aliás, é bom não esquecer o início deste texto. Aí nós lemos que Jesus ensina às margens do lago da Galiléia. E era tanta gente que queria ouvi-lo que ele entrou num barco, afastando-se um pouco da praia para garantir certa distância entre ele e a multidão. É este o campo em que ele joga a semente de sua pregação, a saber, seus ouvintes, os curiosos, os interessados em sua pessoa e em seu ensino. Jesus dirige sua palavra ao coração dessa gente, à sua mente, à sua inteligência, aos seus sentimentos. O campo da palavra de Deus são pessoas humanas. E nisto ele distingue quatro tipos.

Existem aquelas pessoas que ouvem a mensagem do Reino, mas não a entendem. As palavras entram nos ouvidos, sim, mas não penetram no coração. Antes de chegar lá alguma má intenção roubou a palavra. O texto fala em "maligno", dando a entender tratar-se de algum poder maldoso. Algum raciocínio negativo intercepta a palavra e impede que alcance seu destino. Assim acontece com a semente que cai à beira do caminho onde é consumida pelos pássaros. O ouvir da palavra finca sem efeitos. A seguir Jesus menciona aqueles que acolhem a palavra com alegria e muita disposição. Mas o entusiasmo dura pouco. Ele não tem fôlego. Não suporta contratempos, dificuldades, tentações. Isto porque a semente estava impedida de criar raízes. Havia por demais rochas debaixo da terra. Por isso a planta secou. Também dessa vez a semente não deu fruto. O mesmo acontece quando a semente cai entre os espinhos. Vai morrer de asfixia. São os "cuidados com o mundo", a fascinação da riqueza, o corre-corre do dia-a-dia, a preocupação com o sucesso, que sufocam a palavra de Deus. É claro que devemos trabalhar e cuidar de nosso futuro, bem como do de nossos filhos. Mas são tantos os afazeres que já não sobra tempo para ocupar-se com Deus e sua palavra. Também dessa vez a semeadura será em vão.

Felizmente, porém, o saldo não acaba em resultado somente negativo. Existem também aquelas pessoas que compreendem a mensagem e fazem com que frutifique e produza farta colheita. Isto acontece quando a semente cai em terra boa. Então ela transforma o coração e desperta fé, motiva para o amor e cria esperança. Por causa desse grupo Jesus acha que o esforço do semeador vale a pena. O resultado é modesto, sem dúvida. Mas qual seria a alternativa para evitar o prejuízo e melhorar a relação entre o custo e o benefício? Eu imagino Jesus diante daquela multidão. Ele bem sabe que suas palavras não serão acolhidas por todos. Elas vão encontrar ouvidos surdos, corações endurecidos, mentes fechadas. Semear em corações humanas é outra coisa do que preparar a roça para o plantio de milho. Por isso, o que inicialmente me parecia ser imprudência ou mesmo incompetência do semeador, agora se me revela como sabedoria.

Pois o semeador de palavras não pode selecionar seus ouvintes de antemão e concentrar sua pregação em alguns poucos eleitos. Ele não sabe a que tipo de terra eles pertencem. Não! Jesus não pode ficar devendo seu recado a nenhuma das pessoas que constituem a multidão congregada no lago da Galiléia. A mensagem do reino se destina a todos indistintamente. Assim agiram também os apóstolos, as primeiras testemunhas, os primeiros cristãos. Levaram a palavra do evangelho a todo o mundo, a todas as nações, a todos os povos, sem fazer uma seleção prévia entre quem mereceria ouvi-la e quem não. Todos devem ter a chance de escolher a que tipo de terra querem pertencer. Assim também nós. A semente da palavra está aí. Ela está na Bíblia, nos catecismos, nos hinos, na pregação, na catequese, no testemunho dos membros de nossas comunidades. Que vamos fazer com essa semente? Vamos deixar que os passarinhos a devorem; que os espinhos a esmaguem; que a falta de raiz faça murchar a planta? Que tipo de terra somos nós?

A resposta cabe exclusivamente a nós mesmos. Outros não podem tomar a decisão em nosso lugar. Nem eu como pastor, nem o presbitério, sim, nem mesmo Jesus tem esse direito. Nós temos que oferecer a mensagem a todo o mundo, sejam as condições favoráveis ou não. Não podemos fazer depender a nossa ação de cálculos oportunistas. É claro que isso implica riscos. Pode haver fracassos, assim como a parábola os descreve. A semente pode ser rejeitada, perdida, ela pode não vingar. Portanto, a possibilidade do insucesso não pode ser descartada. Tenho por certo que nessa parábola se espelha algo da experiência do próprio Jesus. Ele foi pessoa que impressionou seu público, sim. Muitos se entusiasmaram com ele. Mas outros tantos nem lhe deram atenção ou até mesmo se escandalizaram nele. Visto humanamente a missão de Jesus foi um grande insucesso. Ele acabou na cruz. Seus inimigos o derrotaram. A semente que ele lançou foi majoritariamente perdida. Mas esta é apenas parte da verdade. Pois por outro lado também caiu em terra boa. Da semente que Jesus lançou nasceu a igreja cristã.

Plantar em corações humanos sempre é tarefa ingrata. Eu penso entre outras no exemplo dos professores e das professoras. Que é que resta de seu ensino depois que os alunos abandonaram a escola? Professores e professoras têm o dever de transmitir conhecimentos, treinar habilidades, preparar para o exercício de uma profissão. Mas não podem limitar-se a isto. Educar jamais se resume numa questão técnica. De educadores se espera que também comuniquem valores, que motivem para a fé e ensinem ética. E aí o sucesso começa a ficar difícil. O que é que os alunos vão realmente assimilar? A experiência mostra que muita semente se perde no caminho ou nem chega a vingar. Nós pastores estamos na mesma. Qual é o sucesso de nossas prédicas? Há motivos para a decepção. Algo semelhante vale para muitos pais. Eles querem o melhor para seus filhos. Mas não há como assegurar o êxito de seus esforços. Quem trabalha corações, mentes ou consciências não tem garantia de alcançar seus objetivos.

Jesus, porém, pensa de modo diferente. Aquela parte que caiu em terra boa faz com que a semeadura valha a pena. Isto apesar das perdas. E de fato, que é que aconteceria neste mundo, se deixássemos de semear a palavra de Deus, a boa causa, se deixássemos de educar e ensinar? A sociedade vive das pessoas que não resignaram diante do insucesso e que continuam lançando sementes nos corações das pessoas. Assim também deve fazer a comunidade evangélica. Ela deve arriscar a espalhar a palavra do evangelho pelo mundo afora. Isto sem ter garantias de êxito. Igreja não é uma empresa que se retrai onde faltam as perspectivas de lucro. Por acaso sabemos de antemão, onde está a terra boa? A missão de Deus se dirige a todas as pessoas. E se assim fizermos certamente haverá decepções. Mas haverá também surpresas agradáveis de semente desabrochando, onde não se imaginava. E haverá colheita de cem, sessenta e trinta por um. Rogamos a Deus que nos dê persistência na tarefa de semear e que abençoe o fruto.

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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