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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

11º Domingo Após Pentecostes, 28.08.2011

Predigt zu Romanos 12:9-21, verfasst von Gottfried Brakemeier

Estimada comunidade!

O apóstolo Paulo costuma encerrar as suas cartas com recomendações para a conduta cristã. Assim também nesta carta, dirigida à comunidade de Roma. Depois de ter falado do que importa crer, ele expõe como a pessoa cristã deve agir. A parte doutrinal compreende os capítulos um a onze. Agora, a partir do capítulo doze, segue a parte prática. Isto está em grande evidência no texto para a prédica de hoje. O apóstolo apresenta uma lista de conselhos, de exortações, de diretrizes orientadoras para a vivência cristã na sociedade. A comunidade de Jesus Cristo deve chamar a atenção pela diferença que faz. Jesus certa vez disse que seus discípulos devem ser como uma cidade construída no monte. Tal cidade não pode esconder-se. Ela será visível a todo o mundo. Assim também a comunidade cristã. Deve destacar-se pelo seu modo de ser, pensar e agir. Jesus não permite a acomodação a seus seguidores. Eles têm um compromisso a cumprir. É dele que Paulo fala neste trecho.

As recomendações são de natureza diversa. Dizem respeito ao serviço a Deus, à hospitalidade, à renúncia à vingança, à caridade e outras virtudes. Mas essa variedade tem um denominador comum. É o amor a Deus e ao próximo. Este é o compromisso primário da pessoa cristã, do qual todos os demais deveres se derivam. Por isto o apóstolo inicia, dizendo: "O amor seja sem hipocrisia". E ele continua: "Amai-vos cordialmente uns aos outros". E: "sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor." Também a partilha das necessidades com os irmãos e as irmãs na fé, o empenho pela paz e a oração em favor dos inimigos, tudo tem por base o mandamento do amor. Infelizmente ele pode ser hipócrita, fingido, traiçoeiro. Não é isto o que Jesus quer. Daí o alerta de cuidar de um amor que seja autêntico, verdadeiro, forte. Se tal amor for garantido, o resto é consequência. Pois quem ama não vai descuidar da hospitalidade, vai alegrar-se com os alegres e chorar com os que choram, ele vai engajar-se em favor da justiça social. O amor é o início de toda ética.

Creio não haver ninguém que vai discordar. As exigências deste texto são justas, muito justas. Nada mais correto do que isto. O que a mim incomoda é que tais apelos pouco adiantam. Todo o mundo concorda, aplaude, quem sabe até se emociona. Mas ninguém faz. Não é segredo nenhum que nós, em nosso País, enfrentamos um sério problema de ética. Penso particularmente no flagelo da "corrupção". Estamos cansados de ouvir de fraudes e desvio de verbas, de tráfico de influência, de super-faturamento e de outros males. Corrupção é uma chaga no corpo social que inibe o bem estar da população e até mesmo subverte a democracia. Verdade é que corrupção é um mal global. Na Índia houve protestos até mesmo na forma de greves de fome. Mas isto não representa consolo nenhum. Importa colocar ordem em primeiro lugar na própria casa.

Aliás, alegra-nos a determinação com que a Presidenta da República ataca esta enfermidade. Ela recebeu apoio por parte de alguns senadores, graças a Deus, enquanto provocou insatisfação em partidos da base aliada. Ora, não há dúvidas: É urgente em nosso país uma ‘faxina' moral. Ficha limpa e postura ética deveriam ser pré-requisitos para alguém ocupar um cargo público, assim como impunidade é incompatível com um Estado de direito. Não digo nada demais se insisto neste particular. Como Igreja de Jesus Cristo temos a obrigação de cuidar da moralização das nossas instituições e da credibilidade dos representantes políticos. O cuidado com a ética se faz necessário até mesmo por motivos econômicos. Corrupção tem altíssimos custos e bloqueia o progresso. Um país desenvolvido não pode permitir a corrupção.

O mais importante, porém, é que ela está em rota de colisão com a vontade de Jesus Cristo. Corrupção e "amor sem hipocrisia" são incompatíveis. O texto para a prédica de hoje condena os escândalos que envergonham a sociedade brasileira. É claro que não podemos jogar nossa indignação somente nos políticos e no crime organizado. Não podemos culpar apenas os outros. A falta de amor não deixa de ser também um pecado nosso. Ao escrever estas instruções à comunidade de Roma, Paulo quer promover o auto-exame daqueles cristãos e uma transformação de mentalidade. É o que devemos pretender também hoje, tanto na política como também na vida particular. Esse texto quer que em muitos sentidos sejamos diferentes do que somos. Lembra o "jeito cristão", o modo de ser pelo qual devemos ser visíveis em nosso contexto social.

Volto a perguntar, porém, se estes apelos em nome do amor de fato surtem efeito. A palavra "amor" está onerada com enorme carga sentimental. Provoca antes emoções, do que transformação. Onde está o amor ao próximo na economia, na política, no mercado de trabalho? Claro, a palavra não desapareceu do vocabulário. Amor é sinônimo de sexo, de paixão, de simpatia. Nós amamos nossos pais, os filhos e demais familiares, bem como alguns "ídolos" que nos entusiasmam. Todo o mundo tem as suas amizades, suas preferências, seus amores. Mesmo assim, o amor não dita as regras de jogo no cotidiano. No mundo dos negócios, da produção, da profissão prevalece antes a lei da concorrência, do "salve-se quem puder", da luta pela sobrevivência. E o que nos chega pelos noticiários até mesmo nos horroriza. Violência, brutalidade, crime, é isto o que está nas manchetes. Amor sem hipocrisia? Doce ilusão! A realidade é outra do que essa que Jesus Cristo quer. Esse discurso sobre o amor, não será ele ingênuo?

Pois é! Concordo com quem disse que a melhor forma de dizer é fazer. Como cristãos temos o dever de dar o bom exemplo, ou seja, marcar a diferença no bom sentido. Ademais outra coisa me parece igualmente importante. Vejamos uma vez este texto! Quanta sabedoria está contida nessas recomendações do apóstolo Paulo. Eu vou ilustrar isto apenas em dois exemplos. Menciono em primeiro lugar a desistência da vingança. O apóstolo adverte: "Não vos vingueis a vós mesmos." Ele o fundamenta citando uma passagem do livro de Deuteronômio, onde lemos a palavra de Deus que diz: "A mim me pertence a vingança". Portanto, vamos deixar a retribuição a cargo de Deus. E, com efeito. Não vai haver paz na terra enquanto prevalecer a "lei da vingança". Toda vingança causa nova ferida, aumenta a raiva e produz um círculo vicioso, do qual é difícil de escapar. É mais prudente "vencer o mal com o bem". É preferível buscar a reconciliação. Aliás, desistir da vingança não significa desistir da justiça. Significa, isto sim, abrir mão do impulso de revidar e dar o troco com a mesma moeda. É mais sábio, digo, tentar a reconciliação a vingar-se em seus inimigos. O amor quer a paz, não a permanente retaliação.

O outro exemplo é a solidariedade. "Compartilhai as necessidades dos santos, ou seja, dos irmãos e das irmãs na fé." Verdadeira fraternidade é assim. Ela reparte os recursos disponíveis e trata de dar a cada qual o que é seu, incluindo todos os membros da sociedade. Compartilha também a alegria e a dor. Ela se expressa em cuidado recíproco, em responsabilidade pelo bem estar do vizinho. Não despreza os humildes nem fica devendo a honra de uns aos outros. Também nesse caso trata-se de uma exigência da sabedoria. Está comprovado que numa sociedade em que se acentuam as desigualdades sociais aumentam os índices da violência. O recente quebra-quebra na Inglaterra tem aí uma de suas causas. Desemprego, exclusão e falta de perspectivas futuras geram um ódio que facilmente explode em violência. Solidariedade quer a inclusão de todos. Isto não significa que todos devam fazer o mesmo. Mas todos devem ter as suas chances e sentir-se como membros do mesmo corpo. Amor cristão não é tão ingênuo como parece.

É esse o jeito cristão, ou seja, é esta a natureza da pessoa cristã, a saber, não se "deixar vencer do mal, mas vencer o mal com o bem". Diante das proporções do mal no mundo, também a pessoa cristã está tentada a resignar. Parece que as tentativas de mudar esse cenário estão de antemão condenadas ao fracasso. Mas quem pensa assim, ainda não conheceu Jesus Cristo. Ele não resignou. Apostou no amor. Foi crucificado, sim, mas ressuscitou e continua espalhando amor pelo mundo afora. Ele, Jesus Cristo nos inspira. Demonstrou também a nós o amor que vem de Deus. E quando estamos ameaçados de perder o ânimo, ele nos anima de novo. Amor - mero sentimentalismo? De jeito nenhum! Esse mandamento é o mais inteligente de todos. É estúpido quem não o percebe. Que Deus nos dê olhos para descobrir a sabedoria de sua vontade.

Amém!



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: gbrakemeier@gmx.net

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