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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

18º Domingo Após Pentecostes, 16.10.2011

Predigt zu Mateus 22:15-22, verfasst von Carlos Bock

 

Prezada comunidade!

Já ouvi de muitas pessoas em diversas situações: - "Vou largar tudo e vou criar galinhas!" Indagadas pelo porquê de tal intenção respondiam: "Não agüento mais trabalhar e viver com as pessoas. Elas são intrigueiras, egoístas, fofoqueiras e estão sempre fazendo manobras para se livrar das suas responsabilidades. Sempre estão dando um jeito de defender os seus interesses". Uma boa parte se relaciona sem nenhuma ética e sem nenhum respeito pelos outros. Até entre pessoas da mesma família isto acontece. Além disso, procuram jogar a culpa nos outros quando cometem erros profissionais ou nas relações pessoais. A convivência humana não é tarefa fácil. Nela o ser humano se perde e tem dificuldade de encontrar um sentido para a sua vida.

A narrativa de Mateus de 22.15-22 revela muito do jeito do ser humano de se relacionar. Nesta narrativa aparecem os fariseus e os herodianos. Eles são pessoas preocupadas com as questões fundamentais das suas vidas. Elas são múltiplas e sérias. Eles queriam se livrar do domínio romano, manter as suas tradições, a sua religião, os seus costumes e serem livres. Eles não queriam pagar impostos ao Império Romano. Além disso, eles queriam se livrar da pregação de Jesus junto ao povo. Planejam então envolver Jesus de forma a comprometê-lo perante aqueles que detinham o maior poder na sociedade da época, os romanos.

Segundo Mateus, o desejo de tornar Jesus subversivo, através de uma desobediência à ordem imposta pelo Império Romano, foi planejado. Alguns fariseus e herodianos, representando o poder político local, assumiram a tarefa de criar uma situação que gerasse uma prova contra Jesus. Queriam que ele dissesse ser contrário à cobrança de impostos. As conquistas de território e povos sempre visam o econômico. Sendo contra a cobrança de impostos, Jesus seria contra o objetivo maior dos romanos nas terras judaicas. Seria uma prova grave a comprometer Jesus. As consequências cairiam sobre ele e os seus acusadores seriam bem vistos. Talvez, fossem até recompensados pelos romanos.

A pergunta feita pelos adversários de Jesus é precedida de um elogio capaz de agradar à auto-estima de qualquer pessoa. A bajulação é uma arma poderosa para desfazer as defesas das pessoas. Um elogio pode servir para motivar, mas também para manipular. Saber avaliar um elogio é uma grande virtude. O importante é perceber se o elogio é genuíno ou interesseiro. O elogio dos inimigos de Jesus tem a intenção de manipulá-lo.

Os fariseus e herodianos começam dizendo que Jesus é honesto. Com isso, atingem uma questão pessoal. Depois dizem que ensina a verdade sobre a maneira de viver de acordo com a vontade Deus. Esta parte do elogio quer atingir o sentido da vida de Jesus. Eles querem lhe transmitir que concordam com o jeito com que ele anuncia o Reino de Deus. Isso é como ser reconhecido profissionalmente: "Aquilo que você faz é bom, é certo". Quem não se encheria de orgulho e satisfação ao ouvir um elogio desses? E para que Jesus não fique preocupado com o que os romanos vão pensar da sua resposta, eles dizem a Jesus que ele tem autonomia de pensamento. A intenção é clara: anular o cuidado de Jesus com sua opinião sobre a cobrança de impostos pelos romanos.

Jesus não se deixou manipular. Se a vaidade cegasse o seu entendimento, talvez tivesse dado um discurso sobre a questão dos impostos. Mas não fez isso. Diante da pergunta formulada com muito cuidado, Jesus usa um exemplo prático. Ele não responde com um discurso. Ele mostra aos adversários que percebeu as suas intenções. Então, ele recorre a uma característica sua como pedagogo do Reino de Deus: pede uma moeda. A moeda será o elemento didático que vai desfazer a armadilha dos adversários.

Diante da pergunta se é contrário à lei de pagar impostos ao imperador romano, Jesus faz a pergunta: De quem são o nome e a cara que estão gravadas nesta moeda? Os fariseus e herodianos respondem que são do imperador. A conclusão então é simples. Se a moeda tem o rosto e o nome do Imperador, então ele é o dono da moeda. Dêem ao Imperador o que é dele. Resolvida a questão. Para os adversários de Jesus, já não havia mais a possibilidade de causarem intriga entre ele e os romanos.

Na sua resposta, Jesus afirma que é preciso dar ao Imperador o que é dele, mas dar a Deus o que é de Deus. A segunda parte da resposta de Jesus devolve aos seus inquiridores as suas responsabilidades. Essa capacidade de Jesus é surpreendente. Antes de expressarem frustração com o fim do seu plano muito bem elaborado, são levados por Jesus à reflexão. Eles têm de começar a pensar se estão dando a Deus o que é de Deus. A afirmação "dar a Deus o que é de Deus" pode ser uma indicação simples de que é necessário que os judeus paguem os impostos previstos na Lei Judaica. Os Fariseus eram cumpridores fiéis da Lei. Eles sabiam que impostos deviam ser pagas. Mas o impacto da afirmação de Jesus de que devem dar a Deus o que é de Deus, cala os seus adversários. Ficam admirados com a sabedoria de Jesus. Talvez tenham passado pelas suas memórias algumas falhas nas muitas exigências do cumprimento da Lei.

Em Mateus 23.23 Jesus questiona os fariseus a respeito das suas práticas no cumprimento da Lei. Ele diz: "ai de vocês, Mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais importantes da Lei, que são: o de serem justos com os outros, o de serem bondosos e o de serem honestos." Dar a Deus o que é de Deus, tocou a consciência dos fariseus e herodianos.

"Dar a Deus o que é de Deus" vai além de pagar os impostos previstos na Lei. Vamos fazer esta pergunta a nós mesmos. O que nós que cremos em Deus e seguimos o que Jesus ensinou temos que dar a Deus? Se tomarmos o exemplo que Jesus usou, da imagem do Imperador e seu nome na moeda, como parâmetro para definir o que é de Deus, podemos dizer que todo ser humano é de Deus. O ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus. Podemos afirmar que devemos nos dar a Deus totalmente, porque temos a sua imagem gravada como uma marca. Somos de Deus!

Mas, isso ainda não responde o que lhe é devido de nossa parte na prática da vida cristã. Não vivemos mais sob a lei. Vivemos sob a graça libertadora do Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós devemos, como cidadãos, pagar os impostos do nosso país, mas não devemos impostos a uma religião. Precisamos manter a nossa igreja como participantes de uma comunidade e fazer a nossa oferta de gratidão. Mas, o que podemos dar a Deus, além de nós mesmos?

Além de nós mesmos, como imagem e semelhança de Deus, precisamos cumprir a vontade Dele. A resposta que um mestre da lei deu a Jesus na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10.25-37) é uma boa resposta à nossa pergunta: "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo". Isso Deus quer de nós, não como uma obrigação, mas como gratidão à sua justiça para conosco.

Se conseguirmos amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, com toda a nossa alma, com todas as forças do nosso ser e com toda alma teremos condições de amar o nosso próximo. Não precisamos desistir da convivência humana porque vamos a amar as pessoas como elas são. O que Deus quer é que não façamos intrigas, não nos deixemos vencer pelo egoísmo individualista, não sejamos maldizentes, assumamos as nossas responsabilidades e defendamos os nossos justos interesses com justiça e equidade. Se conseguirmos fazer o que Deus espera de nós teremos encontrado um sentido para as nossas vidas. Em resposta ao Evangelho façamos tudo que é bom com a leveza das borboletas e das bolhas de sabão.

Amém!



P. Carlos Bock
Novo Hamburgo, RS, Brasil
E-Mail: abefi@abefi.org.br

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