Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4. Domingo apos Pentecostes, 24.06.2007

Predigt zu Lucas 7:36 - 50, verfasst von Marcos Schmidt

 

AQUILO QUE PENSAMOS MOSTRA O QUANTO ENTEDEMOS DO AMOR DE DEUS

O Evangelho de hoje começa dizendo que um fariseu convidou Jesus para jantar na casa dele. Seria um jantar qualquer se o convidado não fosse Jesus e se não tivesse chegado uma mulher de má fama, isto é, uma mulher que no passado viveu como prostituta.

Um fariseu, uma mulher de má fama e Jesus. Estes são os três personagens que ainda hoje representam os protagonistas da história da igreja. O que acontece hoje dentro da igreja é a repetição da mesma cena, da mesma situação que se deu naquele jantar na casa do fariseu Simão.

Simão era um homem de igreja, piedoso, daquelas pessoas preocupadas com a moral e os bons costumes. Ele era fariseu, isto é, pertencia a uma classe de judeus que levava a igreja a sério. Ele ia aos cultos. Lia e conhecia a Bíblia. Ofertava 10% de seu dinheiro. Defendia e trabalhava pelos propósitos da igreja.

Podemos dizer que Simão era um exemplo para muita gente que não dá valor para a igreja.

Foi por causa de seu interesse e liderança na igreja que Simão convidou Jesus para jantar na casa dele. Ele estava seriamente interessado nas coisas que Jesus ensinava ao povo. Enquanto muitos judeus e, especialmente fariseus, desprezavam e até perseguiam a Jesus, Simão, ao contrário, convidou Jesus para comer na casa dele.

Nos dias de hoje Simão poderia ser comparado com todos aqueles cristãos que são líderes dentro da igreja, que participam ativamente, que trabalham, ofertam, dedicando sua vida para Deus.

No entanto, a história de Simão começa a ser desvendada, conhecida no seu lado verdadeiro e contada de maneira diferente, no momento que entra em cena a mulher de má fama.

Parece que é assim na vida dos cristãos, na vida de cada um de nós. Somente somos descobertos e mostramos realmente quem somos quando estamos frente a frente com as pessoas de má fama, com as pessoas pecadoras.

Simão continuaria sendo o bom Simão, fariseu, piedoso e cumpridor das leis de Deus, se não fosse o pecado e a vida vergonhosa daquela mulher que agora está diante dele.

É assim com todos nós. Da maneira como pensamos, falamos ou procedemos diante dos pecados dos outros, é que mostramos quem realmente somos.

Interessante é que Simão não fez nada nem disse nada. Ele apenas pensou. Mas isto já foi suficiente. Diz o Evangelho que "quando o fariseu viu isso", isto é: viu aquela mulher chorando aos pés de Jesus, pensou assim: "Se esse homem fosse de fato profeta, saberia quem é esta mulher que está tocando nele e a vida de pecado que ela leva".

Simão apenas pensou. E os seus pensamentos fizeram Jesus dizer: "Simão, tenho uma coisa para dizer a você".

E o que Jesus disse para este homem - que apenas pensou, sem dizer nem fazer nada - é o que Deus diz do começo até o fim da Bíblia.

A história contada por Jesus dos dois homens que deviam dinheiro e foram perdoados - um, 500 moedas de prata e o outro, 50 moedas de prata - era a própria história do fariseu Simão e da mulher de má fama.

Era a história do filho revoltado, que ficou junto com o pai; e o filho perdido, que depois voltou para o pai.

É a história do cristão que não entende do perdão, mesmo vivendo dentro da igreja; e do pecador arrependido, abraçado e consolado por Deus.

É a história que fala daquilo que está no coração de Deus e que tantas vezes falta no nosso.

Sim, Simão apenas pensou! E por causa de seus pensamentos Jesus mostrou o que Deus pensa. Deus já tinha dito através do profeta Isaías: "Os meus pensamentos não são como os pensamentos de vocês e eu não ajo como vocês" (Isaías 55.8). E isto foi dito logo após as palavras: "(Deus) tem compaixão e perdoa completamente" (v.7).

Aqui podemos ver o lado terrível dos nossos pensamentos. Porque, se as nossas conversas e ações já fazem tanto estrago nos planos de perdão completo de Deus, podemos imaginar o estrago que fariam nossos pensamentos. Por isso, que bom que somente Deus pode ler nossos pensamentos tão distantes da compaixão e do perdão completo.

Sim, que bom que os nossos pensamentos não podem ser ouvidos na hora quando aquele pecador ou aquela pecadora vai na Santa Ceia. Que bom que os nossos pensamentos não podem ser ouvidos quando aquele irmão pecador volta para a igreja arrependido, sedento do amor do Pai celestial.

Mas isto pode ser mudado. Nossos pensamentos podem ser os pensamentos de Deus. E quando isto acontecer, não apenas pensaremos, mas também falaremos e agiremos como Deus.

Para Simão, que era um judeu - e judeu tem fama de entender de negócios, de coisas com dívida e dinheiro - a história que Jesus contou deve ter mexido com seus pensamentos.

Naquele tempo já se fazia empréstimos com juros como se faz hoje. Pois Jesus conta uma história que dificilmente aconteceria entre os judeus - a história de um homem que emprestou dinheiro para duas pessoas, e que não só deixou de cobrar juros, mas perdoou a dívida, já que elas não podiam pagar. E não era pouca coisa: 500 moedas de prata de um e 50 moedas de prata de outro. Uma moeda de prata ou denário correspondia ao valor de um dia de trabalho. Podemos dizer que as 500 moedas de prata valeriam hoje uns 15 mil reais e as 50 moedas de prata 1500 reais.

Simão entendeu muito bem o que Jesus estava dizendo. Tanto que no final soube responder a Jesus a pergunta sobre quem tinha ficado mais contente com o perdão da dívida. "Eu acho que é aquele que devia mais", disse Simão. "Você está certo", disse Jesus.

Este homem, que tinha pensamentos errados, agora estava começando a pensar e a dizer coisas certas. Mas ainda faltava muita coisa.

Por isto, esta era a grande oportunidade de Simão mudar seus pensamentos e sentir aquilo que aquela mulher estava sentindo. E Jesus não perde tempo: "Você está vendo esta mulher?" perguntou Jesus

Sim, porque antes Simão não enxergou a mulher. Ele viu uma pecadora. Agora, quem sabe, ele já estava podendo enxergar uma pessoa, uma criatura de Deus, que teve uma dívida perdoada, um perdão que custou a vida do Filho de Deus.

"Você está vendo esta mulher?" Esta pergunta Jesus continua fazendo para nós hoje: Vocês estão vendo estas pessoas? Vocês estão vendo ou estão julgando? Vocês estão vendo ou estão desviando os olhos com desprezo e preconceito?

Sim, muitas vezes não é preciso dizer nada, pois os olhos dizem tudo. Um olhar basta para expressar o nosso amor ou o nosso desprezo.

Conta-se uma história que no meio de uma terrível tempestade em alto mar, todos os passageiros do navio foram chamados a ficarem juntos no salão. Estavam todos apavorados com o tamanho das ondas que batiam contra o navio.

Um dos passageiros resolveu subir até o convés para falar com o piloto. O piloto notou o terror estampado na face daquele homem e sorriu para ele, em sinal de que estava tudo bem. O passageiro voltou para o salão e confortou os outros, dizendo: "Eu vi o rosto do piloto, ele estava sorrindo. Tudo vai bem. Nós vamos nos salvar".

A igreja já foi comparada com um navio no meio das tempestades. Como as pessoas estão vendo o nosso rosto? Qual é a expressão estampada em nossa face? Confiança? Alegria? Tranqüilidade? Certeza de que vamos nos salvar?

Dependendo do rosto do pastor, dos líderes, dos cristãos que estão fazendo seu culto, as pessoas de fora ou os pecadores apavorados, saberão se estamos num navio seguro ou num navio que está afundando.

Aquela mulher, que não parava de beijar os pés de Jesus, teve a felicidade de encontrar um sorriso amigo nos olhos do Salvador. Ela encontrou tudo o que estava faltando na vida dela. E por isto não sabia se chorava ou se ria. Seu choro era de alegria. Uma alegria semelhante à alegria de Davi que diz: "Feliz aquele cujos pecados Deus perdoa e cujas culpas ele apaga"  (Salmo 32.1).

Martinho Lutero conta que certo dia o Diabo lhe apareceu e lhe disse: "Martinho, tu és um grande pecador e por isto estás condenado". "Calma", respondeu Lutero. "Primeiro uma coisa e depois a outra. É verdade, eu sou um grande pecador. E o que mais?" "Por isto estás condenado", repetiu o Diabo! "Não", respondeu Lutero. "Isto não está certo! Eu sei que sou um grande pecador, e por isto estou salvo! Pois está escrito: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores".

Com esta resposta, diz Lutero, espantei o Diabo e a tentação que queriam me fazer duvidar do amor de Deus e da minha salvação.

Esta certeza e confiança de Lutero faltavam na vida de Simão e começou a ter de sobra na vida da mulher de má fama.

Esta certeza de que sou um grande pecador e por isto tenho perdão, muda meus pensamentos, meu olhar, minhas palavras e atitudes. Afinal de contas: quem sou eu para condenar se também fui perdoado? 

Simão certamente começou a pensar diferente também a respeito de si mesmo. Isto tudo graças ao amor que Jesus tinha igualmente por ele. Amém.

Textos: Sl 32; 2 Sm 11.26-12.10,13-15; Gl 2.11-21; Lc 7.36-50.



Marcos Schmidt
Novo Hamburgo RS - Brasil
E-Mail: marsch@terra.com.br

(zurück zum Seitenanfang)